Psicólogo na assistência social: o lugar do homem e diálogos epistemológicos feministas na prática profissional

AutorDavid Tiago Cardosoa - Adriano Beiras
CargoPsicólogo no Sistema Único de Assistência Social da Prefeitura Municipal de Balneário Camboriú, graduado pela Universidade do Vale do Itajaí (2006), mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Estudante pesquisador no grupo de pesquisa MARGENS. Florianópolis, SC, Brasil ? E-mail: cardosodt@gmail.com - Professor do ...
Páginas393-413
Revista de Ciências Humanas, Florianópolis, v. 52, 2018, e56983
ISSN 2178-4582.
http://dx.doi.org/10.5007/2178-4582.2018.56983
Direito autoral e licença de uso: Este artigo está licenciado sob uma Licença Creative Commons.
Com essa licença você pode compartilhar, adaptar, para qualquer fim, desde que atribua a autoria da
obra, forneça um link para a licença, e indicar se foram feitas alterações.
Dossiê Psicologias com Gênero
Acesso Aberto
Psicólogo na assistência social: o lugar do homem e diálogos
epistemológicos feministas na prática profissional
Psychologist in social assistance: the place of man and feminist
epistemological dialogues in professional practice
Psicólogo en la asistencia social: el lugar del hombre y diálogos
epistemológicos feministas en la práctica profesional
David Tiago Cardosoa ; Adriano Beirasb
a Psicólogo no Sistema Único de Assistência Social da Prefeitura Municipal de Balneário Camboriú, graduado p ela Universidade do
Vale do Itajaí (2006), mestre em Psicologia pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Estudante pesquisador no grupo
de pesquisa MARGENS. Florianópolis, SC, Brasil E-mail: cardosodt@gmail.com
b Professor do Programa de Pó s-graduação e do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e
coordenador do Curso de Psicologia/UFSC. Doutor Europeu em Psicologia Social (UAB - España), Becas MAEC-AECID. Estágios
de Pós-doutorado (UFSC bolsa PDJ - CNPq, Universidad de Granada -UGr-España, University of Brighton-UK). Pesquisador
(Margens-UFSC, Brasil, VIPAT-UAB, España), Editor Revista Nova Perspectiva Sistêmica, Florianópolis, SC, Brasil – E-mail:
adrianobe@gmail.com
Resumo: Traduzir a experiência de corpo s cisnormativos masculinos, categorizados como homens, na participação de
lugares reconhecidos como femininos, Política Pública d e Assistência Social, e feministas, Teorias Feministas P ós-
estruturalistas, é o objetivo que nos propomos alcançar. Partimos da compreensão de que a experiência, história encenada
pela linguagem, produz o sujeito e não algo que o sujeito tenha como propriedade ou que seja anterior a ele. Assim,
relatamos nossos percursos nas teorias feministas e a contribuição destas na construção de nossas práticas no Sistema
Único de Assistência Social, por meio de três perguntas: Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Com elas,
concluímos que, justamente por sermos homens, precisamos denunciar os privilégios para construir pontes para mudanças
e não abismos para a manutenção, rompendo com a generalização da categoria homem, explicitando que estamos em um
lugar de homem generificado, produzido pelas normas de gênero, mas que buscamos a desestabilização d este lugar.
Palavras-chave: Teorias feministas. Masculinidades. Política pública de assistência social.
Abstract: This paper aims to translate the experience of cisnormative bodies, categorized as men, into the participation
in places recognized as feminine, Social Assistence Policy, and feminists, Post-structuralist Feminist T heories. We
understand that experience, history staged by language, produces the subject and it is not something that the subject has
as property or a priori. Thus, we report our paths in feminist theories and their contribution in the construction of our
practices in the Social Assistance P olicy, through three questions: Who are we? Where we came from? Where are we
going? With them, we conclude that, because we are men, we need to denounce the privileges to build bridges for change
and not abysses for maintenance, breaking with the generalization of the man category, stating that we are in a generalized
place of man, produced by the norms of gender, but that we seek the destabilization of this place
Keywords: Feminst theories. Masculinities. Social assistence policy.
DAVID TIAGO CARDOSO E ADRIANO BEIRAS
2
Resumen: La traducción de la experiencia de cuerpos cisnormativos masculinos, cate gorizados como hombres, en la
participación de lugares reconocidos co mo femeninos, Política Pública de Asistencia Social, y feministas, Teorías
Feministas Postestructuralistas, es el objetivo que nos proponemos alcanzar. Partimos de la comprensión de que la
experiencia, historia escenificada por el lenguaje, produce al sujeto y no es algo que el sujeto tenga como propiedad o que
sea anterior a él. Así, relatamos nuestros recorridos en las teorías feministas y la contribución de éstas en la construcción
de nuestras prácticas en el Sistema Único de Asistencia Social, por medio de tres preguntas: ¿Quienes somos? ¿De dónde
venimos? ¿Para donde vamos? Con ellas, concluimos que, justamente por ser hombres, necesitamos denunciar los
privilegios para construir puentes para cambios y no abismos para el mantenimiento, rompiendo con la generalización de
la categoría hombre, explicitando que estamos en un lugar de hombre generalizado, producido por las normas de género
pero que buscamos la desestabilización de este lugar.
Palabras clave: Teorías feministas. Masculinidades. Política pública de asistencia social.
INTRODUÇÃO
Encontrar palavras que traduzam a experiência de estudar as Teorias Feministas e fundamentar
nossas práticas profissionais no Sistema Único de Assistência Social enquanto homens é a
centralidade desse artigo, buscando, por meios destas teorias, aventurar-nos pelas seguintes questões:
Quem somos? De onde viemos? Para onde vamos? Estas questões geram instabilidades e afetamentos
que surgem no horizonte como inquietações, de uma experiência geradora de desconforto frente aos
estudos realizados destas Teorias, em especial as teorias e argumentações de Butler (1998, 2003,
2015), Haraway (1995), Harding (1998), Nogueira (2001, 2013), Scott (1998) e Preciado (2011), para
citar algumas. Estas teorias e argumentações produzem críticas unânimes frente ao enviesamento
androcêntrico nas práticas científicas e na produção de conhecimentos que desconsideram o
sexo/gênero feminino e a experiência feminina, identificando a masculinidade como universal,
generalizando por meio desta, os saberes (NOGUEIRA, 2017)
Partimos da compreensão de que a experiência produz o sujeito e não algo que o sujeito tenha
como propriedade ou que seja anterior a este sujeito, neste sentido, a experiência é a história encenada
por meio da linguagem, na qualidade produtiva do discurso e por meio dela os sujeitos podem se
tornar visíveis (SCOTT, 1998). Assim, a experiência do nosso desconforto não se apenas pelo
estudo das referidas teorias, mas também em aplica-las nos espaços em que atuação profissional se
faz necessária, aqui, o Sistema Único de Assistência Social (SUAS).
Ressaltamos, portanto, que nosso desconforto não pretende produzir reatividade e nem é
produto dela, ou seja, uma defesa de nossas masculinidades e de manutenção do status quo, queremos
sim colocar o desconforto como a potência de produção de novos sentidos, reflexivos e
potencializadores, que possam desestabilizar categorias, desconstruir práticas, democratizá-las, para
então reconstruir de modo igualitário e horizontalizando as relações sociais. Falar da nossa
Como citar o artigo:
CARDOSO, T. D; BEIRAS, A. Psicólogo na assistência social: o lugar do homem e diálogos epistemológicos feministas
na prática pr ofissional. Revista de Ciências Hu manas, Florianópolis, v.52, 2018. DOI: 10.5007/2178-
4582.2018.56983

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT