A psicologia como ferramenta política no processo de sujeição da criança

AutorJosé Euclimar Xavier de Menezes
CargoDoutor e Pós Doutor, Docente e Coordenador de Pesquisa da Faculdade Social d a Bahia, Editor da Diálogos Possíveis. E mail: menezesjex@hotmail.com
Páginas172-185
A psicologia como ferra menta política no processo...
Caderno s do CEAS, Salvador, n. 235, p. 172-185, 2015 172
A PSICOLOGIA COMO FERRAMENTA POLÍTICA NO PROCESSO DE
SUJEIÇÃO DA CRIANÇA
Psychology as a political tool in the child's submission process
Resumo
Para Foucault, o século XVIII estabelece um novo lugar para a
infância. Mudam as relações entre adultos e crianças, numa
sociedade que se organiza sob novas bases, em que o poder
soberano perde a sua potência e é substituído por uma nova
forma de governar pelo uso de saberes, como a Psicologia.
Neste contexto histórico de incremento demográfico, em que
ocorre uma expansão da base monetária e um notável aumento
da produção agrícola, emerge o problema da população que tem
conexão estreita com o modo de governar. O modelo da família
orientado para a arte de governar perde sua potência. É preciso
gerir a vida dos indivíduos, agir diretamente sobre a população:
estimular ou bloquear a taxa de natalidade, prevenir a
mortalidade, controlar os fluxos populacionais, entender a
população como sujeito de necessidades e aspirações. As
crianças passam a ser alvo, mediante operações políticas, de
intervenções econômicas, campanhas ideológicas de
moralização e de escolarização, intervenção calculada. Adulto e
criança se diferenciam e se distanciam, numa operação que
constitui a justificativa para a intervenção familiar e para a
prática da educação institucionalizada. É preciso garantir o mito
da inocência, a “realidade quimérica” da infância (ou, pelo
menos, a sua narrativa) para garantir a sua presença nos
processos de controle e regulação. O debate em torno da
dignidade da criança e do adolescente vai ser entabulado neste
espaço, em perspectiva de uma filosofia que usa o método da
genealogia.
Palavras-chave: Psicologia. Política. Criança. Família.
Foucault.
De que modo a Psicologia, desde a sua gênese, compreende, explica e intervém a/na
conduta infantil? Como o cenário da modernidade a inscreve em um mais aquém de sua
competência técnica? Qual o significado da operação que traz para o primeiro plano um papel
político da Psicologia em sua abordagem acerca da infância?
Neste ensaio, tais questões são contornadas pelo pensamento crítico de Michel
Foucault que realiza, em etapas sucessivas, mas convergentes, a montagem de sua
argumentação, cujo eixo reside na recíproca sustentação entre saber e poder.
José Euclimar Xavier de Menezes
Doutor e Pós Doutor, Docente e
Coordenador de Pesquisa da Faculdade
Social da Bahia, Editor da Diálogos
Possíveis. Email:
menezesjex@hotmail.com.

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