Proposal of sustainability index as a self-assessment tool for micro and small enterprises (MSEs)/Proposta de indice de sustentabilidade como instrumento de autoavaliacao para micro e pequenas empresas (MPEs).

AutorLeoneti, Alexandre
CargoGestao e Sustentabilidade

Introducao

Apos a publicacao do Relatorio Brundtland, pela Comissao Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, em 1987, e a Conferencia das Nacoes Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Unced), em 1992, o conceito de sustentabilidade entrou na pauta das decisoes da maioria das organizacoes no mundo inteiro (WCED, 1987). Segundo Gibson, Hassan, Holtz, Tansey e Whitelaw (2005), esse conceito e um desafio para o pensamento e a pratica convencionais e aborda o bem-estar em longo e curto prazo, cobre todas as questoes centrais da tomada de decisao, com o reconhecimento de suas ligacoes e interdependencias, especialmente entre os seres humanos e as bases biofisicas para a vida.

Em uma era na qual e crescente a preocupacao com os impactos, em nivel local e global, das estrategias ambientais, e grande a necessidade de se alcancar o desenvolvimento de forma mais ambientalmente responsavel, por meio de um balanceamento das escolhas entre os aspectos ambientais, economicos e sociais da sustentabilidade (Muga & Mihelcic, 2008). Com a adocao dessa estrategia, bem como a necessidade da avaliacao de diferentes opcoes politicas sobre a sustentabilidade, ha um estimulo para o desenvolvimento de novas ferramentas, com base em indicadores, para a sua avaliacao (Rametsteiner, Pulzl, Alkan-Olsson & Frederiksen, 2011).

Para empresas de medio e grande porte, varios instrumentos baseados em indicadores foram propostos e estao disponiveis na literatura. Segundo Delai e Takahashi (2008), sao exemplos de ferramentas para mensuracao da sustentabilidade corporativa os instrumentos: Global Reporting Initiative (GRI), um guia para elaboracao de relatorios de sustentabilidade de qualquer tipo de empresa; metricas do Instituto dos Engenheiros da Inglaterra (ICheme), que seguem a metodologia do GRI adaptada para o contexto das industrias de processamento; Dow Jones Sustainability Index (DJSI), que visa a avaliar as habilidades das empresas de criar valor de longo prazo para os acionistas; Triple Bottom Line Index System (TBLIS), um indice agregado desenvolvido para empresas industriais baseado nos conceitos de Elkington (1997); Indicadores de Desenvolvimento Sustentavel da Comissao para Desenvolvimento Sustentavel da ONU (CSD), guia para o desenvolvimento de programas nacionais de indicadores de mensuracao do desenvolvimento sustentavel com base na Agenda 21; barometro de sustentabilidade, ferramenta que combina indicadores e mostra resultados por meio de indices; Dashboard (Painel) da Sustentabilidade, um indice agregado de varios indicadores que sao avaliados em termos de sustentabilidade e processos decisorios a partir da importancia e do desempenho de cada indicador.

No Brasil tambem e possivel encontrar alguns indicadores, tais como os Indicadores Ethos de Responsabilidade Social e Empresarial (Instituto Ethos, 2016), um instrumento de autoavaliacao e aprendizagem de uso essencialmente interno para monitoramento do desempenho geral da empresa. Alem dos Indicadores Ethos, ha outra iniciativa nacional, o Indice de Sustentabilidade Empresarial (ISE), ferramenta de analise comparativa do desempenho das empresas listadas na BM&F Bovespa sob o aspecto da sustentabilidade corporativa (ISE,

2015). Tambem relacionados a empresas de capital aberto listadas na BM&F Bovespa ha os segmentos especiais em funcao de regras de Governanca Corporativa: Bovespa Mais, Bovespa Mais Nivel 2, Novo Mercado, Nivel 2 e Nivel 1, que foram criados para identificar diferentes perfis de empresas, a fim de desenvolver o mercado de capitais brasileiro (BM&F Bovespa, 2016). Embora esses niveis de governanca nao estejam diretamente relacionados a indicadores de sustentabilidade, podem contribuir para uma avaliacao da empresa listada, ja que tem foco nas variaveis indicadas pelo Instituto Brasileiro de Governanca Corporativa (IBGC, 2015), como transparencia, etica, equidade, accountability, cumprimento de leis e normas, alem da responsabilidade com todos os stakeholders (partes interessadas) da organizacao. E importante ressaltar a observacao de Silva e Camara (2015). Eles mostram que a governanca corporativa nao deve ser apenas estudada em corporacoes de capital aberto, mas tambem em MPEs, ja que todos os tipos de empresas tem stakeholders.

Todavia, para o ambito das MPEs, o uso desses indicadores se torna dificil. Rebehy (2001), por exemplo, cita algumas dificuldades para a implantacao de indicadores de desempenho nessas empresas, tais como: (i) falta de dados; (ii) falta de sistema de informacao; (iii) falta de pessoas responsaveis pela coleta; (iv) falta de pessoas com visao de processos; e (v) falta de planejamento estrategico. Pereira, Grapeggia, Emmendoerfer e Tres (2009) corroboram e citam que essa dificuldade tambem se da por falta de profissionalizacao na gestao. Acrescenta-se, ainda, o fato de que a maioria desses indicadores requer o uso de variaveis contabeis e de uma consultoria especifica para o preenchimento dos formularios exigidos por cada sistema de indicadores, o que torna inviavel seu uso para micro e pequenas empresas (MPEs).

Por outro lado, as MPEs tem grande importancia em qualquer economia capitalista, o caso do Brasil. Em 2011, segundo dados do Servico Brasileiro de Apoio as Pequenas e Medias Empresas (Sebrae, 2014), as MPEs geraram 27% do Produto Interno Bruto (PIB). Essa proporcao tem crescido desde 1985, quando era de 21%. Segundo o Sebrae e o Departamento Intersindical de Estatisticas e Estudos Socioeconomicos (Dieese) (2013), em 2013, 99% dos estabelecimentos, em media, eram MPEs, o que corresponde a 6,3 milhoes, responsaveis por 52% de empregos formais privados nao agricolas. Ressalta-se, no entanto, que, apesar do importante papel na economia, 24,4% das MPEs constituidas em 2007 fecharam com ate dois anos de atividade, segundo o Sebrae (2013), o que justifica uma maior atencao a avaliacao da sustentabilidade e sobrevida das MPEs.

A partir desses aspectos, a pergunta da presente pesquisa e: como autoavaliar a sustentabilidade de MPEs a partir de indicadores? Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa e propor um indice de sustentabilidade como um instrumento de autoavaliacao para MPEs. Espera-se, com a proposta de tal instrumento, proporcionar as micro e pequenas empresas uma forma simples e eficiente para comparar e ajustar suas estrategias aos conceitos de sustentabilidade e, assim, poderem se alinhar as emergentes e exigentes demandas dos mercados e obter maior tempo de sobrevida. Justifica-se essa abordagem de autoavaliacao, pois os indicadores propostos nesta pesquisa sao baseados na visao do gestor sobre a empresa por meio de mensuracoes conceituais de sua visao sobre cada aspecto da sustentabilidade. O uso dessas variaveis e uma inovacao, uma vez que permite a avaliacao da sustentabilidade da empresa sem o uso de variaveis contabeis, as quais dificilmente estao mensuradas em MPEs.

Referencial teorico

Indicadores sao naturais, estao em todos os lugares e fazem parte da vida de todos. Indicadores surgem a partir de valores e criam valores, tambem sao importantes, pois se encontram no centro do processo de tomada de decisao (Meadows, 1998). Os indicadores sao reflexos parciais da realidade, baseados em modelos incertos e imperfeitos. Todos os indicadores sao, pelo menos parcialmente, subjetivos e podem ajudar a reduzir as diferencas entre as diferentes visoes de mundo que temos. A busca por esses indicadores e evolutiva e o proprio processo e um aprendizado (Meadows, 1998).

O papel dos indicadores de sustentabilidade e estruturar e comunicar informacoes sobre questoes-chave e tendencias consideradas relevantes para o desenvolvimento sustentavel. Com base nesses indicadores, cientistas, politicos, cidadaos e tomadores de decisao podem monitorar as alteracoes nas dimensoes da sustentabilidade, o que possibilita identificar tendencias para cenarios futuros (Rametsteiner, Pulzl, Alkan-Olsson & Frederiksen, 2011).

De acordo com Meadows (1998), os indicadores de sustentabilidade devem tambem ser simultaneamente significativos em dois dominios diferentes: o da ciencia e o da politica. Assim, indicadores de sustentabilidade devem ser mais do que os indicadores ambientais, devem considerar tempo e limites. Um indicador ambiental torna-se um indicador de sustentabilidade com a adicao do tempo, limite ou objetivo. Indicadores de desenvolvimento devem ser mais do que os indicadores de crescimento, pois devem medir a eficiencia, a suficiencia e a qualidade e equidade da vida (Meadows, 1998).

De forma geral, um indicador deve referir-se a um objetivo especifico, ser capaz de indicar o sucesso ou a falha em alcanca-lo e ser sensivel e consistente em sua construcao (Muga & Mihelcic, 2008). Especificamente, para Muga eMihelcic (2008), os indicadores devem ser: (i) construidos em uma base cientifica solida e amplamente reconhecida pela comunidade cientifica; (ii) transparentes, com seus calculos e significados obvios ate mesmo para nao especialistas; (iii) relevantes, cobrir aspectos cruciais do desenvolvimento sustentavel; (iv) quantificaveis, com base em dados existentes e/ou de facil coleta e atualizacao; e (v) em numero limitado (Muga & Mihelcic, 2008). Para Alegre et al. (2007), devem desejavelmente ter as seguintes caracteristicas: (i) ser claramente definidos, com significado consistente; (ii) ser factiveis, o que depende da escolha das variaveis que o compoem; (iii) ser auditaveis; (iv) ser universais; (v) ser simples e de facil entendimento; (vi) ser quantificaveis, o que evita subjetividade. Horbach (2005) acrescenta que indicadores adequados tem de ser capazes de descrever as interacoes entre as diferentes dimensoes da sustentabilidade. Assim, em adicao a essas ideias, tem-se que a partir do atingimento da sustentabilidade nos tres focos principais--social, economico e ambiental, tende-se a alcancar um desenvolvimento sustentavel. Segundo Elkington (1997), esse modelo e chamado de Triple Bottom Line e deve ser pensado...

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