Procedimento de avaliação
| Autor | uffi Messias Saliba |
| Ocupação do Autor | Engenheiro Mecânico. Engenheiro de Segurança do Trabalho. Advogado. |
| Páginas | 45-67 |
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A metodologia utilizada na avaliação de particulados é definida pelos métodos do NIOSH (National Institute for Occupational Safety and Health), OSHA (Occupational Safety and Health Administration), ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) e Fundacentro. Os métodos estabelecem os procedimentos para o levantamento de campo e análise laboratorial. Desse modo, para a realização da avaliação, os técnicos deverão consultar e seguir as orientações contidas nesses métodos, visando alcançar com maior exatidão e embasamento científico as medições. No Brasil, há carência de laboratórios especializados em higiene ocupacional, limitando as opções de seleção. A escolha do laboratório é fundamental na avaliação de poeira, devendo os procedimentos técnicos analíticos de laboratório ser integrados com aqueles utilizados no campo. Aliás, os laboratórios de análises deveriam ser credenciados pelos órgãos competentes do poder público para prestar esse tipo de serviço. Neste capítulo, será discutida a metodologia simplificada, especialmente da avaliação de campo. Entretanto, é importante que os leitores consultem também os métodos do NIOSH, da OSHA, da Fundacentro, dentre outros, além de escolherem um laboratório de qualidade, que siga os métodos citados anteriormente e esteja afinado com os procedimentos técnicos no campo.
A avaliação de poeira contendo sílica livre cristalizada ou quartzo é realizada com base nos métodos NIOSH e NHO 08 da Fundacentro. O procedimento simplificado da coleta de poeira está descrito a seguir:
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Equipamentos utilizados
Na amostragem de campo, são necessários os seguintes equipamentos:
- amostrador gravimétrico;
- porta-filtro ou cassete de 37 mm de diâmetro de 2 ou 3 peças; filtro de PVC de 5,0 µm de porosidade e 37 mm de diâmetro e suporte de papelão ou metal de 37 mm de diâmetro.
- ciclone de náilon de 10 mm ou similar;
- calibrador de vazão tipo bolha de sabão.
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Na análise laboratorial, os principais equipamentos utilizados são:
- difratômetro de Raio X ou Espectrofotometria de Absorção de infravermelho, ou espectrofotometria de absorção no visível, conforme o método NIOSH utilizado (NIOSH, 2003);
- balança analítica com precisão de 0,001mg ou 0,00001 g;
- forno de calcinação;
- outros instrumentos e materiais específicos para análises laboratoriais.
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Procedimento de avaliação
1ª Etapa - Laboratório
Nessa etapa é feita a preparação das amostras no laboratório. Basicamente essa preparação consiste em:
- codificar os filtros;
- colocar os porta-filtros contendo os filtros montados e destampados na caixa de estabilização e deixá-los em repouso durante no mínimo 3 (três) horas, juntamente com 2 (dois) filtros testemunho do mesmo lote (NHO-03-FUNDACENTRO). Esse procedimento visa equilibrar os filtros de acordo com as condições do ambiente em que se encontra a balança;
- efetuar a pesagem inicial do filtro na balança analítica com sensibilidade de 0,01, mg NHO-03 (FUNDACENTRO, 2001) ou 0,001, conforme método NIOSH 0500 (NIOSH, 1994);
- fechar e vedar os encaixes dos porta-filtros com teflon ou bandagem especial para essa finalidade;
- verificar vazamentos nos porta-filtros, conforme procedimento da NH-03.
É importante salientar que esse procedimento de preparação é necessário, uma vez que na aplicação do critério estabelecido na NR-15, além da determinação do quartzo, deve-se efetuar também a análise gravimétrica.
2ª Etapa - Amostragem de campo
- Calibrar a bomba portátil (amostrador) na vazão adequada. Nas amostragens de poeira total, recomenda-se a vazão inicial de
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1 a 2 l/min (NIOSH 500, 1994), enquanto nas amostragens de poeira respirável a vazão inicial deve ser de 1,7 l/min, quando for utilizado o ciclone de náilon, enquanto no de alumínio a vazão é de 2,5 l/min. A calibração é feita no calibrador tipo bolha de sabão, conforme explicado anteriormente.
- No caso da avaliação de poeira respirável, o sistema de coleta deverá ser dotado do ciclone (separador de partículas).
- Colocar a bomba na cintura do trabalhador, de maneira que não atrapalhe a atividade a ser realizada. Retirar a tampa e prender o porta-filtro na gola da camisa, marcando o tempo inicial, se a bomba não possuir contador.
- Acompanhar a amostragem, pois é importante observar e analisar, dentre outros, os seguintes itens: funcionamento normal da bomba, possível mascaramento da amostra, fontes principais de poeira, as atividades desenvolvidas no posto de trabalho, as medidas de controle existentes e que poderão ser adotadas.
- Quanto ao tempo de amostragem, este varia em função do tipo de poeira coletada (total ou respirável), sensibilidade do método analítico, quantidade de poeira etc. O método NIOSH 7500 recomenda coleta no volume mínimo de 400 litros e no máximo de 1000 litros.
- Após a amostragem, retirar a bomba, marcar o tempo final e em seguida aferir a vazão final da bomba calculando a vazão média.
O transporte das amostras para o laboratório deve ser feito com muito cuidado, para evitar derramamentos e perdas de amostras devido aos impactos. Desse modo, elas devem ser acondicionadas em embalagens adequadas, revestidas de espuma ou material similar.
Deve-se preencher também o pedido de análise ao laboratório, com as especificações necessárias às análises, tais como: código do filtro, tipo de poeira, o local no qual foi feita a coleta e a função avaliada.
3ª Etapa - Laboratório
- Abrir cuidadosamente os porta-filtros com auxílio de dispositivos apropriados.
- Colocar os porta-filtros na caixa de estabilização e deixá-los em repouso durante, no mínimo, 3 (três) horas, junto com 2 (dois) filtros testemunho.
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- Efetuar a pesagem final dos filtros, conforme da NHO-03 da Fundacentro e NIOSH - 500.
- Preparar as amostras e analisar a sílica livre cristalizada ou quartzo por difratometria de Raio X ou Espectrofotometria de Absorção de infravermelho, ou espectrofotometria de absorção no visível, conforme o método NIOSH utilizado (NIOSH, 2003).
Cabe ressaltar que, na avaliação de sílica livre cristalizada conforme o critério da ACGIH, não é necessária a análise gravimétrica, basta o peso de SiO2. Já no critério da NR-15, Anexo 12, é necessária a análise gravimétrica para determinação da porcentagem de SiO2 para o cálculo do limite de tolerância. Esse percentual é obtido da seguinte forma:
% SiO2 = Massa de SiO2 ou quartzo / Massa final - massa inicial x 100
Quando a amostra se desprender do filtro, significa que o tempo de amostragem deverá ser reduzido, inutilizando-se a amostra com excesso de material.
Quando a massa da amostra estiver compreendida na faixa entre 0,1 e 2,0 mg, significa que a amostragem está otimizada, não precisando sofrer mais alterações.
Outra situação que poderá ocorrer ainda é quando a massa da amostra está dentro da faixa desejável (0,1 e 2,0 mg), no entanto, a quantidade de quartzo está abaixo do limite de detecção do método analítico. Nesse caso, não significa necessariamente que haja ausência de sílica livre ou quartzo na amostra.
Na análise da amostras, de acordo com o método analítico, há um limite de detecção. Exemplo: determinado método apresenta o limite de detecção de quartzo de 0,005 mg. Assim, se a quantidade de quartzo é inferior a esse valor, o resultado deverá ser expresso da seguinte forma: massa de quartzo
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Essa situação muitas vezes dificulta a análise dos dados, pois não há valor exato da massa. Uma solução pode ser nova coleta de amos-tra com tempo de medição maior. Outra é utilizar a metade do valor como recomenda a IN-01 de 20/12/95, apêndice 1, item 2 do Ministério do Trabalho, que estabelece o procedimento de avaliação ocupacional do agente benzeno, inclusive com cálculos estatísticos.
Conforme citado anteriormente, a NIOSH estabelece três métodos para análise da sílica livre cristalizada ou quartzo:
- Difratometria de Raio X - Método NIOSH 7500;
- Espectrofotometria de absorção de infravermelho - Método NIOSH 7602;
- Espectrofotometria de absorção no visível - Método NIOSH 7601.
No método da espectrofotometria de absorção do infravermelho, há interferência da presença de silicatos, sílica amorfa, e a sensibili-dade diminui na presença de múltiplos poliformos. Da mesma forma, o método de absorção no visível não distingue os poliformos. Já no método da difratometria de Raio X, além da distinção dos poliformos, a interferência pode ser eliminada com tratamento utilizando ácido fosfórico (NIOSH, 2003).
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Análise dos Dados
1) Volume de ar coletado
Para o cálculo do volume primeiramente, determina-se a vazão média de coleta, de acordo com a equação a seguir:
Qm = Qi + Qf / 2 l/min, onde
Qm = vazão média da amostragem, em l/min
Qi = vazão inicial requerida na amostragem, em l/min
Qf = vazão final aferida após amostragem, em l/min
A determinação do volume amostrado é feita por meio da equação a seguir:
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Va = Qm x ta, onde:
Va = volume de amostragem, em litros
Qm = vazão média, em l/min
ta = tempo amostrado, em min
Como os limites de tolerância normalmente são expressos em mg/m3, divide-se o produto Qm x ta por 1000, para se obter o volume em m3. Assim, a equação do cálculo do Va é expressa da seguinte forma:
Va = Qm x ta / 1000, onde
Va = volume de amostragem, em m3
Qm = vazão média, em l/min
ta = tempo amostrado, em min
1000 = fator de conversão de litros para m3.
2) Concentração de poeira
A concentração de poeira é obtida por meio da seguinte fórmula:
C = Ma / Va
Onde:
C = concentração, em mg/m3
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