Prevalência do sistema

AutorWladimir Novaes Martinez
Ocupação do AutorAdvogado especialista em Direito Previdenciário
Páginas150-151

Page 150

"Muchos dicen que es una loucura resistirse al sistema, pero en realidad, es una locura no resistirse a el" (Mumia Abu-Janal).

É intrigante observar o mecanismo invisível que erode lentamente os meandros da sociedade: a força irresistível do sistema.

Esse vírus, quiçá endêmico, aprofunda-se nos seres humanos e contamina os segmentos da coletividade, incluindo mandatários que tentam governar.

Na rara hipótese de alguém se dar conta dele e perceber não poder escapar de suas aiadíssimas garras, ele ouve o canto das sereias que o conforta moralmente: sempre foi assim e tudo bem.

Uma criação de muitos homens espertos que foram erigindo passo a passo a sua estrutura. Tal qual sucede no belíssimo poema "No caminho com Maiakovski", de Eduardo Alves da Costa, uma picada na consciência desse incauto (não é nada), depois outra e mais adiante outra, sofre uma cirurgia da qual não se deu conta.

Não é mais o mesmo e toca para a frente que atrás vem gente e tudo bem.

Uma patologia cuja bactéria infecta o tecido da organização social, por meio de inoculação de duvidosa apreensão, mensuração ou descrição, é designada como sistema.

Ninguém garante quando ele surgiu e, no entanto, mesmo na sombra, os seus efeitos são notórios, sempre homologados instintivamente e não arrostados por ninguém.

Com seus tentáculos imensos, é alimentado imperceptivelmente, bastante autossuiciente, ele é imorredouro. Ferido, convalesce rapidamente e se reanima com força total e recrudesce.

Sem que seus membros se deem conta, ou uma coordenação dos governos e até mesmo das empresas, servem-se dos seus inegáveis atributos, como infecção que se instala em todas as células do organismo gestor, de certa forma a une, a torna coesa e prevalece.

Descrição de sistema

A prevalência e a persistência de um sistema se devem à adução prestimosa cotidiana oferecida inadvertidamente; sem essa nutrição diuturna feneceria, mas isso não acontece.

Sem se falar de um regime político, pois até ele pode ser mudado algum dia na história de um país.

Imagine-se que a revolução possa pôr im a um sistema anterior e a mudança violenta imporá o seu próprio processo.

Em linhas gerais, essa ordem predominante é preservada e continua lorescente, talvez não tão solar ou expressiva ou publicamente. Medrará nos vários escaninhos da burocracia, ele logo emergirá inevitavelmente, servindo os beócios militantes que...

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