Prefácio
Autor | Fábio Hanada - Andréa Ranieri Hanada |
Páginas | 9-12 |
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Mostrando-se correta a assertiva de que a pessoa humana é, por natureza e também por necessidade, um ser social, pois em todos os sentidos de sua existência há intensas e complexas relações que decorrem de permanentes formas de envolvimento, os eminentes autores da obra que vem à lume debruçaram-se sobre temática jurídica das mais sensíveis, repletas de variações e de grande importância na atualidade.
O título da obra bem confere a noção do que se afirma: "Condomínio edilício - Questões relevantes - A (difícil) convivência condominial".
De fato, para se situar num exemplo concreto, recentemente, a mídia em geral noticiou um caso deveras preocupante e que indica o nível a que podem chegar os problemas da convivência entre vizinhos em prédios de apartamentos.
Em um condomínio de luxo localizado na cidade de Santana de Parnaíba (SP), a 40 quilômetros de São Paulo, ocorreu uma tragédia, quando um dos moradores matou um casal de vizinhos e depois cometeu suicídio. Segundo se colheu dos noticiários, o autor dos homicídios teria se irritado por causa do barulho que os vizinhos constantemente realizavam.
Infelizmente, os problemas envolvendo a complexa (e difícil) convivência entre condôminos de apartamentos não deixa de ser paradoxal a partir do momento em que, como se afirmou no início deste prefácio, o homem é, por natureza, um ser social.
Em uma leitura interdisciplinar, que qualquer estudioso deve empreender, as causas dos conflitos não são únicas, abrangendo desde aspectos sociológicos, históricos, éticos, econômicos e prin-
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cipalmente jurídicos. Mas, certamente, todos eles possuem um ponto comum e que está associado a problemas decorrentes do adensamento populacional, sobretudo porque a grande necessi-dade da vida moderna é hoje voltada à concentração dos indivíduos em grandes centros urbanos.
A respeito, utilizando-se de uma conhecida expressão, Caio Mário da Silva Pereira lembrava que o "mundo encolheu", fato que além de acarretar a redução das distâncias, teve, como consequência, a problemática concentração de homens.
Assim, "Procurando, de seu lado, emergir à tona desta inundação de desconforto, desenvolveu-se ao máximo a técnica de construção, que permitisse o melhor aproveitamento dos espaços e a mais suportável distribuição de encargos econômicos, median-te o edifício de apartamentos."1Foi-se o tempo em que os conflitos de vizinhança limitavam-se a imóveis residenciais nos quais até de forma casuística o legislador...
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