Plano centro cidadão e o processo de planejamento do espaço urbano cidadão

AutorAndrea Câmara - Robson Canuto - Paula Maciel - Clarissa Duarte
CargoDoutora em Urbanismo pela Universitat Politecnica de Catalunya. Professora do Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Católica de Pernambuco , Brasil. E-mail: andreacamaraarq@hotmail.com - Mestre em Desenvolvimento Urbano pela Universidade Federal de Pernambuco. Professor do Curso de Arquitetura e Urbanismo, Universidade Católica de ...
Páginas112-128
Plano centro cidadão e o pro cesso de planeja mento...
Caderno s do CEAS, Salvador, n. 235, p. 112-128, 2015 112
PLANO CENTRO CIDADÃO E O PROCESSO DE PLANEJAMENTO
DO ESPAÇO URBANO CIDADÃO
Citizen Center Plan and the urban-citizen space planning process
Resumo
Em 2014, a Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) e
Prefeitura do Recife (PCR) firmaram um Convênio de
Cooperação Científica, Técnica e Financeira objetivando a
formulação de diretrizes urbanísticas, plano urbanístico e
projeto urbano para parte do Centro Expandido Continental do
Recife, área central e histórica da cidade que sofre com a
decadência física e a pressão imobiliária por renovação urbana.
Este Artigo apresenta o objeto desse convênio - o Plano Centro
Cidadão - e os resultados da I Oficina Colaborativa Cidadã,
uma das estratégias de colaboração social do plano, que
envolveu a participação de diversos atores, visando à
construção de um desejo coletivo para este território da cidade.
Foi um evento catalisador que agregou as diversas partes
interessadas, com o objetivo de produzir as premissas para um
plano urbanístico integrado e consensual. Observou-se, a partir
da análise de conteúdo dos dados extraídos da oficina, que os
participantes têm uma expectativa significativa com relação aos
espaços públicos. Esse protagonismo do espaço público ratifica
e complementa a hipótese da equipe técnica do plano que há um
anseio social evidente por um “Espaço Urbano Cidadão, onde
espaços públicos e privados são planejados de maneira conjunta
e complementar”.
Palavras-chave: Espaço público. Colaboração social.
Planejamento urbano.
O Plano Centro Cidadão, objeto do Convênio de Cooperação Científica, Técnica e
Financeira firmado entre a Universidade Católica de Pernambuco (UNICAP) e Prefeitura da
Cidade do Recife (PCR), em 2014, tem por objetivo o desenvolvimento, estudos, diretrizes e
propostas urbanas de referência para o “Centro Continental do Recife”. Parte do Centro
expandido que compreende a área é delimitada pela avenida Governador Agamenon
Magalhães e toda a frente d’água banhada pelos rios Capibaribe e Beberibe, formada pelos
Andrea Câmara
Doutora em Urbanismo pela Universitat
Politecnica de Catalunya. Professora do
Curso de Arquitetura e Urbanismo,
Universidade Católica de Pernambuco ,
Brasil. E-mail:
andreacamaraarq@hotmail.com
Robson Canuto
Mestre em Desenvolvimento Urbano
pela Universidade Federal de
Pernambuco. Professor do Curso de
Arquitetura e Urbanismo,
Universidade Católica de
Pernambuco, Brasil. E-
mail:robsoncanuto.arq@gmail.com.br
Paula Maciel
Doutora em Desenvolvimento Urbano
pela Universidade Federal de
Pernambuco. Professora do Curso de
Arquitetura e Urbanismo, Universidade
Católica de Pernambuco , Brasil. E-
mail: pmrsarq@gmail.com
Clarissa Duarte
Mestre em Planejamento Urbano e
Dinâmica dos Espaços pela Université
Paris1-Sorbonne. Professora do Curso
de Arquitetura e Urbanismo,
Universidade Católica de
Pernambuco, Brasil. E-mail:
duarte.clarissa@gmail.com
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bairros dos Coelhos, Ilha do Leite, Boa Vista, parte do Paissandu, Soledade e Santo Amaro,
compreendendo uma superfície correspondente a 605,8 ha, com população residente de
54.359 habitantes (INSTITUTO..., 2010).
O Centro Continental Expandido do Recife, que contém o Centro Urbano Principal
do Recife 1, desde a segunda metade do século XVII, foi objeto de inúmeros planos
urbanísticos e projetos urbanos que, parcialmente implementados, configuraram a sua feição
urbana e o seu traçado urbano. Os planos e os projetos propostos e/ou colocados em prática
foram, em grande parte, responsáveis pela elaboração das sucessivas normativas urbanísticas
responsáveis pelo ordenamento da ação pública e privada sobre o território, independente da
escala.
O Centro Continental Expandido do Recife coincide com o território de fundação da
cidade. Nos fins do século XVI, a povoação do Recife era apenas um lugarejo onde habitado
por pescadores e os oficiais da ribeira. A vila era configurada pelos armazéns de estocagem de
mercadorias, principalmente o açúcar (MELO, 1978).
Entre 1637-1644, sob o domínio holandês, a ocupação urbana transpõe o rio
Capibaribe ocupando a Ilha dos Navios e de Antônio Vaz, hoje bairros de Santo Antônio e
São José, com base no primeiro plano urbanístico da cidade (POST, 1639). Entre as pontes
propostas se destaca a que ligaria pouco mais tarde a Mauritzstaadt ao atual bairro da Boa
Vista, a partir do Palácio da Boa Vista (atualmente local do Convento do Carmo). Tem-se
início a urbanização do oeste, a partir de onde se estendiam as terras dominadas pelos
canaviais e pelos engenhos. Apesar de iniciada no século XVII, o maior desenvolvimento
urbano do bairro somente viria ocorrer um século depois, estendendo-se durante todo o século
XIX.
Até metade do século XIX, o bairro da Boa Vista praticamente só possuía
construções contíguas até a igreja de Santa Cruz e a atual Rua Gervásio Pires, embora
ocorressem algumas construções até a altura da Soledade. A área correspondente, atualmente,
à rua da Aurora, em seu trecho mais a leste, era ocupada por águas ou por terrenos alagadiços.
Não existia o bairro de Santo Amaro. O Cemitério de Santo Amaro, construído em 1851,
estava fora do perímetro urbano na época.
1 (ZEDE Centro Principal, segundo o art. 132 do P lano Diretor do Município do Recife, Lei nº 17.511 de
29/12/2008). O Centro Expandido é um dos centros principais do Recife, sendo o outro localizado no bairro de
Boa Viagem, este último não sendo objeto do Convênio em questão.

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