Percepção de Justiça Organizacional e Intenção de Turnover em Empresas de Auditoria

AutorIlse Maria Beuren - Flávio Ribeiro - Oscar Lopes da Silva
CargoDra em Controladoria e Contabilidade pela FEA/USP. Profa do Programa de Pós-Graduação em Contabilidade da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). email ilse.beuren@gmail.com - Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Contabilidade na Universidade Federal do Paraná (UFPR). Prof. da Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO). e...
Páginas93-111
Percepção de justiça organizacional e intenção de turnover em empresas de auditoria
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RESUMO
O estudo objetiva vericar a relação da percepção de justiça
organizacional com satisfação no trabalho, comprometimento
organizacional e intenção de turnover de auditores de empre-
sas de auditoria. Uma pesquisa de levantamento foi realizada
com os 2.561 auditores cadastrados no Instituto dos Auditores
Independentes do Brasil, utilizando-se do questionário tradu-
zido da pesquisa de Parker e Kohlmeyer (2005), e a amostra
por acessibilidade compreendeu os 106 respondentes do
instrumento de pesquisa. Na análise dos dados aplicou-se
a modelagem de equações estruturais. Os resultados da
pesquisa mostram que a percepção de discriminação (justiça
organizacional) apresenta relação negativa e signicativa
com a variável satisfação no trabalho e comprometimento
organizacional. Por outro lado, apresenta relação positiva e sig-
nicativa com a intenção de turnover. Assim, conclui-se que os
resultados indicam que a percepção de justiça organizacional
dos auditores independentes pesquisados inuencia signi-
cativamente sua satisfação no trabalho, comprometimento
organizacional e intenção de saída da empresa de auditoria.
Palavras-chave: Justiça Organizacional; Satisfação no traba-
lho; Comprometimento organizacional; Turnover; Auditores
Independentes.
ABSTRACT
The goal of the study is to verify the relationship of the percep-
tion of organizational justice with job satisfaction, organizatio-
nal commitment and turnover intention of auditors of audit
companies. A survey research was conducted with the 2,561
auditors registered at the Brazilian Institute of Independent
Auditors, using the questionnaire translated from the research
of Parker and Kohlmeyer (2005), and the sample accessibility
comprised the 106 respondents from the survey instrument.
In the data analysis was applied structural equation modeling.
The survey results show that the perception of discrimination
(organizational justice) presents a negative and signicant
relation with the variable of job satisfaction and organiza-
tional commitment. On the other hand, shows a positive
and signicant relation with the intention of turnover. Thus,
it is concluded that the results indicate that the perception
of organizational justice of surveyed independent auditors
signicantly inuences their job satisfaction, organizational
commitment and intention of leaving the audit company.
Keywords: Organizational Justice; Job satisfaction; Organiza-
tional commitment; Turnover; Independent Auditors.
PERCEPÇÃO DE JUSTIÇA ORGANIZACIONAL E INTENÇÃO
DE TURNOVER EM EMPRESAS DE AUDITORIA
Perception of organizational justice and
turnover intention in audit companies
Ilse Maria Beuren
Dra em Controladoria e Contabilidade pela FEA/USP. Profa do
Programa de Pós-Graduação em Contabilidade da Universidade
Federal de Santa Catarina (UFSC). email ilse.beuren@gmail.com
Flávio Ribeiro
Doutorando do Programa de Pós-Graduação em Contabilidade na
Universidade Federal do Paraná (UFPR). Prof. da Universidade Estadual
do Centro-Oeste (UNICENTRO). e-mail: flavioribeiro@unicentro.br
Oscar Lopes da Silva
Mestre em Contabilidade pela Universidade Federal do Paraná
(UFPR). Prof. da Saber e Saber Ltda - A Arte de Educar.
email: prof_oscarlopes@saberesaber.com
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Revista de Ciências da Administração • v. 21, n. 53, p. 93-111, Abril. 2019
DOI: http://dx.doi.org/10.5007/2175-8077.2019V21n53p93
Recebido em: 19/06/2017
Revisado em: 09/06/2019
Aprovado em: 25/06/2019
Ilse Maria Beuren • Flávio Ribeiro • Oscar Lopes da Silva
Revista de Ciências da Administração • v. 21, n. 53, p. 93-111, Abril. 2019
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1 INTRODUÇÃO
A justiça organizacional foi inicialmente abor-
dada por Homans (1961) e Adans (1965) à luz da
justiça distributiva e da teoria da equidade. Esses
precursores apresentaram as vertentes sobre as re-
compensas relativas ao desenvolvimento do trabalho
nas organizações. A partir destes estudos pioneiros,
vários outros foram realizados ao longo das décadas,
particularmente nas áreas da psicologia organizacio-
nal e do comportamento organizacional.
A psicologia considera que a justiça é um
fenômeno psicossocial e penetra na vida social e
organizacional (BEUGRÉ, 1998). O patrimônio
mais importante de qualquer organização é sua força
de trabalho e o modo como ela é tratada afeta suas
atitudes e comportamentos, como o comprometi-
mento, a conança, o desempenho e a rotatividade.
O movimento em direção a uma força de trabalho
mais qualicada presume que os trabalhadores mais
habilitados passem a reivindicar não apenas melhores
empregos, mas também tratamento digno e respeito-
so dentro de suas organizações.
As ciências organizacionais consideram que a
justiça é construída socialmente e tem inuência de-
terminante nas atitudes e comportamentos emitidos
no ambiente de trabalho (FOLGER; KONOVSKY,
1989; SKARLICKY; FOLGER, 1997). Percepções
como a satisfação no trabalho, com salários, desem-
penho, intenções de turnover e compromisso orga ni-
zacional, estão disseminados em diversas pesquisas.
Equidade de condições se tornou o foco dos indiví-
duos. Mesmo com subjetividade na sua interpretação,
o que é justo e injusto passou a ser considerado na
satisfação ou insatisfação em relação ao trabalho.
Estudos sobre justiça organizacional, como
os de Gilliland (1994), Sweeney e McFarlin (1993),
subdividem-na e trazem à tona a discussão sobre
justiça processual, distributiva e interacional. Essa
última, para alguns pesquisadores, como Colquitt et
al. (2001), divide-se em informacional e interpessoal.
A interpessoal diz respeito à sensibilidade social, ao
grau em que o gestor adota um tratamento – educado,
honesto e respeitoso – com as pessoas afetadas pelos
procedimentos e decisões distributivas de justiça. A
informacional se refere ao fornecimento de informa-
ções e explicações acerca das decisões tomadas. Todos
esses estudos abordam a percepção de injustiças nas
organizações, que provocam falta de comprometi-
mento organizacional, insatisfação com o trabalho e
demissões das empresas.
Nos Estados Unidos, Alexander e Ruderman
(1987) analisaram a relação entre justiça e resulta-
dos organizacionais; Hopkins e Weathington (2006)
pesquisaram a percepção de justiça processual e
distributiva, conança, comprometimento, satisfação
organizacional e intenção de turnover; Muzumdar
(2011) comparou as três dimensões de justiça (pro-
cessual, distributiva e interacional) com turnover.
Em outros países, como no Canadá, Parker e Kohl-
meyer (2005) investigaram a relação entre justiça
organizacional e intenção de turnover de empresas
de contabilidade. Na Malásia, Ponnu e Chuar (2010)
estudaram a relação entre justiça organizacional,
comprometimento organizacional e intenção de tur-
nover dos empregados. No Paquistão, Ali e Jan (2012)
examinaram as dimensões da justiça processual e
distributiva e suas relações com comprometimento
organizacional e intenção de turnover de companhias
médicas e farmacêuticas.
No Brasil, Beuren e Santos (2012) vericaram a
percepção de justiça organizacional na avaliação de
desempenho dos controllers de empresas que adotam
sistemas de remuneração variável. Beuren, Altoé e
Dal Vesco (2015) investigaram a relação entre jus-
tiça organizacional e comportamento de cidadania
organizacional de empregados em uma cooperativa
de crédito. Rocha e Paiva (2016) analisaram como
se encontram conguradas a percepção de justiça
organizacional e as atitudes retaliatórias em rela-
ção às dimensões do comprometimento em jovens
trabalhadores. Beuren et al. (2016) averiguaram se
a percepção de justiça em relação às dimensões dos
sistemas de controle gerencial aumenta o comprome-
timento e a conança dos gestores. Geremia, Kanan e
Marcon (2018) analisaram a relação entre percepção
de justiça organizacional e intenção de prossionais
de TI permanecerem nas empresas que os empregam.
No entanto, não se identicaram pesquisas que
investiguem a percepção de justiça do auditor – pro-
ssional que precisa representar as características
conança, qualicação e prossionalismo, esperadas
da empresa de auditoria contratada. Esses atributos
são reforçados em um cenário de internacionalização

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