Penas e Gozos Futuros

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Código de Direito Natural Espírita
CAPÍTULO II
PENAS E GOZOS FUTUROS
I  O NADA. A VIDA FUTURA
(O Livro dos Espíritos  itens 958 e 959)
Artigo 241  O homem repele instintivamente o nada, porque o
nada não existe. O sentimento instintivo da vida futura lhe vem antes da
encarnação; antes dela, o Espírito conhece todas essas coisas, e a alma
guarda uma vaga lembrança do que sabe e do que viu no estado espiritual.
(Ver item 393  Esquecimento do Passado).
241.1  Crer em Deus, sem admitir a vida futura é um contrasenso-
Comentário de Kardec no item 959 de O Livro dos Espíritos:
Em todos os tempos o homem se preocupou com o futuro de além-
túmulo, o que é muito natural. Qualquer que seja a importância dada à vida
presente, ele não pode deixar de considerar quanto é curta e sobretudo
precária, pois pode ser interrompida a cada instante e jamais ele se acha
seguro do dia de amanhã. Em que se tornará depois do instante fatal? A
pergunta é grave, pois não se trata de alguns anos, mas da eternidade.
Aquele que deve passar longos anos num país estrangeiro se preocupa
com a situação em que se encontrará neste. Como não nos preocuparmos
com a que teremos ao deixar este mundo, desde que o será para sempre?
A ideia do nada tem algo que repugna à razão. O homem mais
despreocupado nesta vida, chegado o momento supremo, pergunta a si
mesmo o que será feito dele e, involuntariamente, fica na expectativa.
Crer em Deus sem admitir a vida futura seria um contrasenso. O
sentimento de uma existência melhor está no foro íntimo de todos os
homens, e Deus não o pôs ali à toa.
A vida futura implica a conservação da nossa individualidade após a
morte. Que nos importaria sobreviver ao corpo, se a nossa essência moral
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José Fleurí Queiroz
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tivesse de perder-se no oceano do infinito? As consequências disso para
nós seriam as mesmas do nada.
II  INTUIÇÃO DAS PENAS E DOS GOZOS FUTUROS -
(Itens 960 a 962)
Artigo 242  A crença, que se encontra em todos os povos, nas
penas e recompensas futuras, procede do pressentimento da realidade,
dado ao homem pelo seu Espírito. Não é à toa que uma voz interior lhe
fala, e seu mal está em não escutá-la sempre. Se pensasse bem nisso,
com a devida frequência, se tornaria melhor.
A dúvida, o medo e a esperança na hora da morte
Artigo 243  No momento da morte, os sentimentos que dominam
a maioria dos homens são: a dúvida para os céticos endurecidos; o medo,
para os culpados; a esperança para os homens de bem.
Céticos, ou fanfarrões?
Parágrafo único  Há céticos, apesar de a alma trazer para o
homem o sentimento das coisas espirituais. Entretanto, são em menor
número do que supomos. Muitos se fazem de espírito forte, durante esta
vida, por orgulho, mas no momento da morte não se conservam tão
fanfarrões.
243.1  Sentimento inato de justiça e a intuição das penas e das
recompensas futuras- Comentário de Kardec no item 962 de O Livro dos
Espíritos:
A consequência da vida futura decorre da responsabilidade dos
nossos atos. A razão e a justiça nos dizem que, na distribuição da felicidade
a que todos os homens aspiram, os bons e os maus não poderiam ser
confundidos. Deus não pode querer que uns gozem dos bens sem trabalho
e outros só os alcancem com esforço e perseverança.
A ideia que Deus nos dá de sua justiça e de sua bondade, pela
sabedoria de suas leis, não nos permite crer que o justo e o mau estejam
aos seus olhos no mesmo plano, nem duvidar de que não recebam, algum
dia, um a recompensa e outro o castigo, pelo bem e pelo mal que tiverem
feito. É por isso que o sentimento inato da justiça nos dá a intuição das
penas e das recompensas futuras.
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Código de Direito Natural Espírita
III  INTERVENÇÃO DE DEUS NAS PENAS E
RECOMPENSAS  (Itens 963 e 964)
Todas as nossas ações são submetidas às Leis de Deus
(Leis Naturais)
Artigo 244  Deus se ocupa de todos os seres que criou, por
menores que sejam; nada é demasiado pequeno para a sua bondade. Ele
tem as suas leis, que regulam todas as nossas ações. Se as violarmos, a
culpa é nossa. Quando um homem comete um excesso, Deus não exprime
um julgamento contra ele, dizendo-lhe, por exemplo: tu és um glutão e eu
te vou punir. Mas Ele traçou um limite: as doenças e, por vezes a morte,
são consequências dos excessos. Eis a punição: ela resulta da infração da
lei. Assim se passa em tudo.
244.1  Deus é O PAI- Comentário de Kardec no item 964 de O
Livro dos Espíritos:
Todas as nossas ações são submetidas às leis de Deus; não há
nenhuma delas, sendo má, por mais insignificante que nos pareça, que
não possa ser uma violação dessas leis. Se sofrermos as consequências
dessa violação, não nos devemos queixar senão de nós mesmos, que nos
fazemos assim os artífices de nossa felicidade ou de nossa infelicidade
futura.
Essa verdade se torna sensível pelo seguinte apólogo:
Um pai dá ao filho a educação e a instrução, ou seja, os meios
para saber conduzir-se. Cede-lhe um campo para cultivar e lhe diz: Eis a
regra a seguir e todos os instrumentos necessários para tornar fértil o
campo e assegurar a tua existência. Dei-te a instrução para compreenderes
essa regra. Se a seguires, o campo produzirá bastante e te proporcionará
o repouso na velhice; se não a seguires, nada produzirá e morrerás de
fome. Dito isso, deixa-o agir à vontade.
Não é verdade que o campo produzirá na razão dos cuidados que se
dispensar à cultura e que toda negligência redundará em prejuízo da
colheita? O filho será, portanto, na velhice, feliz ou infeliz, segundo tenha
seguido ou negligenciado a regra traçada pelo pai. Deus é ainda mais
previdente, porque nos adverte a cada instante, se fazemos o bem ou o
mal. Envia-nos Espíritos que nos inspiram, mas não os escutamos. Há
ainda outra diferença e é que Deus dá ao homem um recurso, por meio
das novas existências, para reparar os seus erros do passado, ao passo
que o filho de que falamos não o terá, se empregar mal o seu tempo.

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