Patologias organizacionais: deterioração e desenvolvimento das empresas

AutorFabio Teodoro Tolfo Ribas - Giovana Silva de Arruda - Larissa de Lima Trindade
CargoPós-Graduado em Gestão de Pessoas e Mestrando em Administração pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) - Graduada em Ciências Contábeis pela UFSM - Graduada em Ciências Contábeis pela UFSM e Mestranda em Administração pela UFSM
Páginas57-70

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PATOLOGIAS ORGANIZACIONAIS DETERIORAÇÃO E DESENVOLVIMENTO DAS EMPRESAS

Fabio Teodoro Tolfo Ribas9

Giovana Silva de Arruda10

Larissa de Lima Trindade11

Resumo: Muitas organizações são acometidas de problemas, que são de causa interna ou externa, o que acarreta na sua deterioração. Nesse estudo das patologias organizacionais propõe-se abordar estes problemas e elencar possíveis soluções para eles, utilizando-se de um referencial teórico embasado autores, dentre os quais se destaca clássicos como Weber e Argyris. A presente pesquisa caracteriza-se como qualitativa descritiva, que percorre uma trajetória de estudo bibliográfica, baseada principalmente nas obras publicadas sobre o tema. Acredita-se que a análise das patologias visa prover novas formas prevenir as enfermidades, bem como contribuir para a sua solução, a fim de corroborar para o desenvolvimento das organizações. Salienta-se que não existe uma receita a ser aplicada no combate às patologias e que cada caso deve ser analisado cuidadosamente, a fim de que se consiga obter os melhores resultados. Percebeu-se que esse assunto é bastante tratado pela psicologia e, dada sua importância para o desenvolvimento das organizações, deveria ser mais abordado pelos pesquisadores em administração, tanto em estudos bibliográficos quanto em pesquisas de campo.

Palavras-chave: Patologias Organizacionais. Deterioração. Desenvolvimento Organizacional.

Abstract: Many organizations are plagued by problems that are internal or external causes, resulting in its deterioration. In this study of organizational pathologies is proposed to address these problems, identifying possible solutions for them, using a theoretical reference authors, among which stands out classics such as Weber and Argyris. This research is characterized as a qualitative and description, which runs a course of study literature, based largely on published works on the subject. It is believed that the analysis of pathologies aims to provide new ways to prevent diseases, and contribute to its solution, in order to support the development of organizations. Please note that there is no revenue to be applied in the fight against disease and that each case must be examined carefully so that it can get the best results. It was felt that this subject is fairly treated by psychology and, given its importance to the development of organizations should be better addressed by researchers in management, both bibliographic studies and in field research.

Key words: Organizational pathologies. Deterioration. Organizational Development.

1. INTRODUÇÃO

A sociedade moderna é composta por organizações e em grande parte depende delas, uma vez que as pessoas nascem, são educadas e trabalham para algum tipo de organização. A empresa cria um poderoso instrumento social, através da coordenação de um grande número de ações humanas, uma vez que combina o pessoal e os recursos, ao reunir líderes, especialistas, operários, máquinas e matérias-primas (ETZIONI, 1976). Assim, muitas teorias são propostas para tentar encontrar respostas e maneiras de melhorar as condições das organizações e dos indivíduos, passando por transformações e críticas, que podem ser tanto positivas quanto negativas.

Verifica-se que, desde as teorias propostas por Druker (1970), Kotler (1978) e Porter (1992) até as teorias e escolas de administração desenvolvidas por Sun Tzu (2000), entre outros, todas elas incorreram de falhas congênitas ou estruturais que em algum momento, ou em alguma organização, falharam demonstrando algum tipo de má formação, contaminação, mau uso, uso em excesso e até o envelhecimento destas teorias ou escolas, que acabaram

9Pós-Graduado em Gestão de Pessoas e Mestrando em Administração pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Professor nos Cursos de Graduação e Pós Graduação na FSG. Endereço Eletrônico: fabio.ribas@fsg.br.

10Graduada em Ciências Contábeis pela UFSM. Mestranda em Administração pela UFSM. Eletrônico: giovana.arruda@yahoo.com.br.

11Graduada em Ciências Contábeis pela UFSM e Mestranda em Administração pela UFSM. Professora nos Cursos de Graduação da UNIFRA. Eletrônico: laritrin@yahoo.com.br.

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desenvolvendo conseqüências e características de mutação e degeneração, as quais são chamadas de patologias (LESSA, 1997). As disfunções organizacionais são doenças ou patologias que contribuem para a deterioração da empresa e estão localizadas nos objetivos, na estrutura, nos subsistemas comportamentais e tecnológicos e no relacionamento entre a organização e seu meio ambiente (SOUZA, 1980).

Encontra-se evidências do estudo das patologias nas obras de autores como Weber (1974), que com sua teoria da burocracia contribuiu para que ainda hoje existam reflexos de doenças por razões múltiplas, como a extrema racionalização e inflexibilidade de normas e estruturas organizacionais, e Argyris (1970), com a ideologia da memória organizacional, que contribuiu para o desenvolvimento organizacional minimizando as patologias nas empresas.

Foguel e Souza (1995) dividiram as disfunções em duas grandes tipologias, as disfunções de primeiro grau - que são consideradas os sintomas das doenças organizacionais - e as disfunções de segundo grau - que são denominadas como causas, ou seja, doenças que contribuem para a permanência das enfermidades de primeiro grau.

Tendo em vista o estudo das organizações públicas e privadas, buscou-se a realização de uma contextualização na qual se possa aferir semelhanças e, assim, introduzir as principais enfermidades que acarretam ambos os setores. Dessa forma, o objetivo deste estudo é apresentar analogias entre as principais disfunções citadas por Foguel e Souza (1995) e relacioná-las com os teóricos, a exemplo Argyris, que já aborda em seus estudos.

Na próxima seção descrever-se-á alguns estudos publicados sobre a produção científica no Brasil e no exterior, nos últimos anos, referente às patologias organizacionais. Após, abordar-se-á as questões relativas às disfunções de primeiro e de segundo grau. Na seção seguinte apresentar-se-á os aspectos metodológicos aplicados neste estudo e, em seguida, mostrar-se-á os novos paradigmas a serem seguidos para reduzir as disfunções organizacionais. Por fim, discutir-se-á algumas considerações acerca do estudo realizado, as limitações encontradas no desenvolvimento desta pesquisa e, finalmente, sugestões para pesquisas futuras.

2. PATOLOGIAS ORGANIZACIONAIS

Vive-se em uma era organizacional na qual as mudanças constantes fazem com que as pessoas enxerguem o mundo e o progresso sob uma visão determinante, o paradigma do capitalismo. Quando há mudanças e descobertas de novas fontes energéticas, quando ocorre uma nova divisão de trabalho e uma nova organização do poder, parece correto afirmar que há um salto na teoria do conhecimento, ou ainda, um salto de época (DE MASI, 2000).

Nessa perspectiva, a sociedade atual está caracterizada por um grande número de organizações, sejam elas públicas ou privadas, na qual as pessoas despendem a maior parte do seu tempo útil para satisfazer quase todas as necessidades (Souza, 1980). Diante do acelerado crescimento das empresas, oriundo da Revolução Industrial, tornou-se importante a preocupação pelo desenvolvimento organizacional. Marques (1994) retrata como positivas as respostas das organizações às mudanças, apoiadas no esforço educacional, na mudança de atitudes, na mudança de comportamentos e na adaptação de sua estrutura. As técnicas que resultam no desenvolvimento organizacional, conforme Foguel e Souza (1985) enfatizam, devem ser precedidas pelo diagnostico dos fatores que causam a deterioração da empresa, pois estas disfunções impossibilitam a competitividade satisfatória das organizações (SHAW, 1993).

O termo disfunção organizacional possui diversos sinônimos. Souza (1980) denomina, além de disfunção, outras terminologias, tais como patologia, neurose, doença, miopia, enfermidade e entropia organizacional. O termo entropia organizacional é encontrado nas

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obras de Kast e Rosenweig (1970) e Argyris (1970, p.1) e que este está análogo à Segunda Lei da Termodinâmica, enfatizando que “as organizações tendem a se desintegrar paulatinamente como decorrência natural de seu próprio funcionamento”. As disfunções, segundo Souza (1980), são causas básicas de um processo endógeno e exógeno, estando localizadas nos objetivos, na estrutura, na área comportamental, na área tecnológica e no relacionamento entre organizações e entre a empresa e o meio onde está inserida. O autor dividiu as patologias em disfunções de primeiro grau e segundo grau. Para facilitar a compreensão das tipologias, faz uma comparação com a área médica e biológica, definindo as disfunções de primeiro grau, em analogia ao corpo humano, como a “febre” que se denota como um sintoma. Esse sintoma é conseqüência de uma “infecção”, ou seja, uma causa, que neste contexto são as disfunções de segundo grau.

Torna-se crucial a organização compreender todo o processo e os tipos de disfunções a qual está sujeita, para que os gestores possam romper este ciclo destrutivo (FOGUEL e SOUZA, 1995). O Quadro 1 ilustra a divisão das disfunções em primeiro e segundo grau, e ainda suas subdivisões.

(1) alto grau de incongruência; (2) falta de definição clara do negócio e dos objetivos das organizações; (3) existência de políticas e diretrizes vagas e ambíguas; (4) estruturas em alto grau de ambigüidade com respeito à divisão de tarefas e à autoridade para tomada de decisões; (5) estruturas definidas anualmente; (6) estruturas com alto grau de centralização; (7) grande distância entre a fonte das informações necessárias para as decisões e o local onde as decisões são efetivamente tomadas; (8) sistema de planejamento ineficaz; (9) políticas organizacionais inexeqüíveis; (10) descompasso ente as intenções do primeiro escalão e as do segundo; (11) pouca orientação...

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