Padrões de mobilidade humana na região metropolitana do Rio de Janeiro

AutorJulio C. Chaves - Gabriel S. D. Carvalho - Moacyr A. H. B. Silva - Alexandre G. Evsukoff
Páginas88-107
88
PADRÕES DE MOBILIDADE HUMANA NA REGIÃO
METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO
JULIO C. CHAVES
GABRIEL S. D. CARVALHO
MOACYR A. H. B. SILVA
ALEXANDRE G. EVSUKOFF
INTRODUÇÃO
A coleta de dados para o planejamento de transporte urbano tem sido
realizada por questionários sobre padrões de viagens dos usuários, pes-
quisas domiciliares, contagens volumétricas de tráfego, informações de
uso do solo e rede de transporte. A coleta de dados para o planejamento
de transporte é custosa e demanda um longo período de planejamento e
execução e também possuem um tamanho amostral limitado, tendo em
vista os custos envolvidos (CHEN et al., 2016; IVEY; BADOE, 2011).
Metodologias alternativas vêm sendo desenvolvidas para utilizar dados
de registros de chamadas de telefones celulares, ou Call Detail Records
(CDR), em modelos de transporte. Os dados de CDR são gerados em
grande quantidade como subproduto da bilhetagem e contêm, dentre
outras informações, a localização aproximada do local de realização da
chamada telefônica assim como a data e a hora dessa ligação (SMOREDA;
OLTEANU-RAIMOND; COURONNÉ, 2013). Apesar das limitações em
aferir a escolha modal e as rotas escolhidas, a utilização de CDR permite
identificar os principais deslocamentos da população em estudo.
Estudos recentes apresentam a utilização de dados de CDR em diferentes
áreas (CHEN et al., 2016; TOOLE et al., 2015; BLONDEL; DECUYPER;
KRINGS, 2015) como descoberta de padrões (JÄRV; AHAS; WITLOX,
2014; JIANG; FERREIRA JR.; GONZÁLEZ, 2015), simulações de mo-
bilidade da população (KERAMAT JAHROMI et al., 2016; PAPANDREA
et al., 2016) modelos de mobilidade urbana e migratória (SIMINI et al.,
TECNOLOGIA E SOCIEDADE EM DEBATE 89
2012; WESOLOWSKI et al., 2015), descoberta de agrupamentos a partir
de perfis de mobilidade (ZHONG et al, 2015; DOUGLASS et al, 2014),
medidas de mobilidade humana e de eficiência dos sistemas de transporte
(WANG et al., 2015; DONG et al., 2016), identificação de áreas densas
(RUBIO; SANCHEZ; FRIAS-MARTINEZ, 2013; KANG et al., 2012), além
da elaboração de matrizes de origem-destino (IQBAL et al., 2014), de
particular interesse para o planejamento de transportes.
Este trabalho apresenta uma modelagem espaço-temporal da região de
estudo em unidades geográficas que permite a integração com dados de
CDR agregados com dados demográficos e de outras fontes. A identificação
de residência presumida dos usuários permite a conexão da base de CDR
com dados demográficos e socioeconômicos para inferir o percentual de
habitantes de cada unidade geográfica visitando cada uma das unidades
geográficas do estudo. Foram utilizados algoritmos para estimativa de
matrizes Origem Destino (OD) a partir dos dados de CDR. Os resultados
foram validados com os resultados do levantamento realizado pelo Plano
Diretor de Transporte Urbano (PDTU) da Região Metropolitana do Rio
de Janeiro realizado em 2013.
A próxima seção apresenta a descrição da área de estudo e a base de
dados de CDR utilizada no trabalho. A seção 2 também apresenta o par-
ticionamento espacial da área de estudo em 55 unidades geográficas e o
processamento para estimativa de domicílio presumido. A seção 3 descreve
o algoritmo de estimativa da matriz Origem – Destino (OD). A seção 5
apresenta os resultados obtidos e a seção 6 as conclusões do trabalho.
DESCRIÇÃO E MODELAGEM DO PROBLEMA
A adoção da tecnologia de telefonia móvel no Brasil segue a tendência
mundial. A Tabela 1 mostra o percentual da população com telefone ce-
lular, por regiões no Brasil. Em 2005 o percentual da população brasileira
que possuía acesso ao telefone celular era de 36,6% chegando a 78,3% em
2015. Em nível regional, a utilização de telefone celular chega a 82,6% nas
regiões Sul e Sudeste e 86,9 % na região Centro-Oeste. Em grandes centros
urbanos, este percentual atinge mais de 90%. Segundo o site Teleco,1 em
2016 havia no Brasil 1,18 aparelhos de celular por habitante.
1 Cf.: TELECO. Estatísticas do Brasil - Geral. Disponível em: .teleco.
com.br/estatis.asp>. Acesso em: 9 ago. 2017.

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