Orientação empreendedora, autoeficácia dos gestores e satisfação com o desempenho:um estudo em empresas incubadas

AutorElen Sauer Camozzato - Suzete Antonieta Lizote - Miguel Angel Verdinelli - Fernanda Kruger Serafim
CargoUniversidade do Vale do Itajaí, UNIVALI. Sanaduva, RS. Brasil - Universidade do Vale do Itajaí, UNIVALI. Itajaí, RS. Brasil - Universidade do Vale do Itajaí, UNIVALI. Itajaí, RS. Brasil - Universidade do Vale do Itajaí, UNIVALI. Biguaçu, SC. Brasil
Páginas68-83
Artigo recebido em: 01/09/2016
Aceito em: 20/07/2017
http://dx.doi.org/10.5007/2175-8077.2017v19n48p68
Esta obra está sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso.
68 Revista de Ciências da Administração • v. 19, n. 48, p. 68-83, agosto 2017
ORIENTAÇÃO EMPREENDEDORA, AUTOEFICÁCIA
DOS GESTORES E SATISFAÇÃO COM O DESEMPENHO:
UM ESTUDO EM EMPRESAS INCUBADAS
Entrepreneurial orientation, self-efficacy of managers and
satisfaction with performance: a study in incubated companies
Elen Sauer Camozzato
Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. Sanaduva, RS. Brasil. E-mail: elen.adm12@hotmail.com
Miguel Angel Verdinelli
Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. Itajaí, RS. Brasil. E-mail: lizote@univali.br
Suzete Antonieta Lizote
Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. Itajaí, RS. Brasil. E-mail: nupad@univali.br
Fernanda Kruger Serafim
Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. Biguaçu, SC. Brasil. E-mail: fernandakserafim@gmail.com.br
Resumo
O estudo objetivou avaliar as relações da orientação
empreendedora, medida pela assunção de risco e
agressividade competitiva, a formação e conhecimento
dos colaboradores, e a autoeficácia empreendedora
do gestor com a sua satisfação no desempenho
das empresas incubadas. Para tal finalidade fez-se
uma survey que resultou em 97 instrumentos válidos,
provenientes de 11 cidades de Santa Catarina. Usando
a análise fatorial se identificou os itens que refletem
aqueles construtos e, com o modelo de correlação
linear, se confirmou que só a assunção de risco e a
autoeficácia possuem vínculo positivo e significante
com a satisfação no desempenho. Ao empregar o
modelo de regressão, confirmou-se que esses preditores
possibilitam estimar o desempenho, sendo a escala
total da autoeficácia a que tem maior poder preditivo.
Contudo, usando a regressão por passos com as seis
subescalas da autoeficácia, somente duas, “definição
do principal objetivo do negócio” e “construção de um
ambiente de inovação”, foram incluídas e seu potencial
preditor foi semelhante ao da escala total.
Palavras-chave: Empresas incubadas, orientação
empreendedora, autoeficácia, desempenho.
Abstract
The aim of this study was to evaluate the relationship
between entrepreneurial orientation, measured by risk
assumption and competitive aggressiveness, the training
and knowledge of employees, and the entrepreneur ‘s
entrepreneurial self-efficacy with satisfaction with the
performance of incubated companies. For this purpose
a survey was carried out, which resulted in 97 valid
instruments coming from 11 cities of Santa Catarina.
Using factor analysis, we identified the items that
reflect those constructs and with the linear correlation
model it was confirmed that only risk assumption and
self-efficacy have a positive and significant link with
performance satisfaction. By using the regression model
it was confirmed that these predictors make it possible to
estimate the performance. The total scale of self-efficacy
have the highest predictive power. However, using
stepwise regression with the six self-efficacy subscales,
only “definition of the main business objective” and
“construction of an innovation environment” were
included and their predictor potential was similar to
that of the full scale.
Keywords: Incubated companies, entrepreneurial
orientation, self-efficacy, performance.
69
Revista de Ciências da Administração • v. 19, n. 48, p. 68-83, agosto 2017
Orientação empreendedora, autoeficácia dos gestores e satisfação com o desempenho: um estudo em empresas incubadas
1 INTRODUÇÃO
A estratégia empresarial apresenta inúmeros de-
safios devido às frequentes mudanças que ocorrem no
ambiente de negócios. Para as empresas se adaptarem
e prosperarem diante dessa realidade, a formação e
conhecimentos dos administradores e colaboradores
é fundamental. Torna-se necessário que se saiba re-
conhecer, interpretar e implementar estratégias que
garantam a continuidade da organização e possam
fornecer vantagens competitivas. Como assinalaram
Araújo, Cruz, Wolf e Ribeiro (2006), as entidades que
saibam alterar sua base de recursos e capacidades para
se ajustar às alterações no ambiente, serão as que se
sobressairão.
As organizações que se adequam rapidamente
possuem uma capacidade de adaptação que se pode
associar com sua orientação empreendedora que se
expressa pela proatividade, inovatividade e assun-
ção de riscos. Essas características foram associadas
primeiro à figura do empreendedor (CASTANHAR;
DIAS; ESPERANÇA, 2006), mas Miller (1983), com
base nos estudos de Khandwalla (1976), foi quem
propôs que se deslocasse o foco do indivíduo para o
contexto organizacional, destacando que o construto
é unidimensional.
Para Miller (1983), o processo empreendedor e os
organizacionais são mais importantes do que a figura
do empreendedor. No seu trabalho seminal, afirma que
é por meio dos processos que as empresas se renovam
juntamente com os mercados onde atuam. Foi, então,
a partir dessa contribuição que o tema Orientação
Empreendedora ganhou atenção nas pesquisas (WA-
LES; GRUPTA; MOUSA, 2011). Contrastando com a
ideia de unidimensionalidade, Lumpkin e Dess (1996)
acrescentaram mais duas dimensões às propostas por
Miller e, ainda, sugeriram que o construto era multi-
dimensional. Assim, na visão desses autores além de
proatividade, inovatividade e tomada de risco, a orien-
tação empreendedora tem as dimensões autonomia
e agressividade competitiva. Numa publicação mais
recente, Miller (2011) reconhece a importância dos
estudos multidimensionais, incentivando sua realização
para setores específicos que podem esclarecer aspectos
pouco estudados e ampliar a compreensão teórica.
Na literatura, existem diversos estudos com
o propósito de verificar possíveis associações da
orientação empreendedora com o desempenho das
empresas (MELLO et al. 2006; MARTENS; FREITAS,
2008; FERNANDES; SANTOS, 2008; SANTOS; AL-
VES, 2009; PADRÃO; ANDREASSI, 2013; SANTOS;
ALVES; BITENCOURT, 2015; LAZZAROTTI et al.,
2015; OLIVEIRA et al., 2016).
Contudo, embora o espírito empreendedor possa
ser uma característica de uma organização, é na figura
do indivíduo que cria uma empresa que ela é reconhe-
cida inicialmente. Já no início do século XX, Schumpe-
ter (1911), definiu o empreendedorismo como ato de
assumir responsabilidades e riscos no desenho de um
novo negócio e em pô-lo em execução. Ao se referir
aos processos de mudanças que acompanham às ino-
vações radicais, inseriu a ideia de destruição criativa.
Assim, para Schumpeter, o empreendedorismo era a
atividade que mudava o equilíbrio ambiental existente
e a inovação era sua principal característica. Por sua
vez, McClelland (1971) também considera empreende-
dor aquele que melhora uma unidade organizacional
ao introduzir mudanças produtivas, ou seja, melhorias
que decorrem da aplicação do conhecimento.
Existem diversos fatores que podem induzir um
indivíduo a ser empreendedor e, conforme apon-
tam McGee, Peterson, Mueller e Sequeira (2009),
constituem uma combinação de atributos pessoais,
experiências, traços e contexto. Essa ideia de que
o desenvolvimento das intenções empreendedoras
implica nos domínios individuais e nas variáveis
contextuais também era sustentada por Bird (1988).
Quanto aos domínios individuais, segundo Zhao, Sei-
bert e Hills (2005), são as competências e habilidades
desenvolvidas e características, como propensão ao
risco e autoeficácia, as que influenciam as intenções
empreendedoras.
Foi Bandura (1977) quem apresentou a teoria
da autoeficácia como um traço de personalidade que
afeta a motivação para realizar com sucesso as tarefas.
Ou, ainda, como o grau de tolerância para enfrentar
determinadas situações adversas e a percepção indi-
vidual acerca do risco. Indivíduos com maior autoe-
ficácia perseguem com maior intensidade e são mais
persistentes numa tarefa que aqueles que a tem menos
desenvolvida (BANDURA, 1977).
Na concepção de Martinez e Salanova (2006),
as crenças de eficácia se embasam nos juízos pessoais
acerca das capacidades possuídas. Desde essa visão,

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT