A organização política do precariado: similaridades e clivagens entre Brasil e Portugal

AutorHiago Trindade
CargoBacharel em Serviço Social. Doutor em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Lider do Grupo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Trabalho, Lutas Sociais e Serviço Social (GETRALSS) e pesquisador da Rede de Estudos e Monitoramento da Reforma Trabalhista - REMIR-Trabalho (IE/CESIT/Unicamp). - Campus Sousa). Professor do ...
Páginas494-510
A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DO PRECARIADO: similaridades e clivagens entre Brasil e Portugal
Hiago Trindade1
Resumo
Este artigo busca demarcar aspectos da organização política do precariado, demonstrando, sobretudo, algumas
similaridades e clivagens entre Br asil e Portugal. Para tanto, utiliza pesquisa documental e revisão de literatura,
estabelecendo diálogo com autores relevantes ao debate, a exemplo de Soeiro (2015), Braga (2017) e Antunes (2018).
Conclui desvelando características relacionadas à possibilidade de articulação entre o precariado e os sindicatos, às lutas e
demandas reivindicadas pelo segmento, bem como sobre o entendimento da condição de precarização a alastrar-se na
sociedade contemporânea.
Palavras-chave: Precariado. Trabalho. Organização Política. Brasil. Portugal.
THE PRECARIAT POLITICAL ORGANIZATION: similarities and clevages between Brazil and Portugal
Abstract
This article seeks to demarcate aspects of the precariat's political organization, mainly by demonstrating some similarities
and cleavages between Brazil and Portugal. To thi s end, we conducted documentary research and literature review,
establishing dialogue with authors relevant to the debate, such as Soeiro (2015), Braga (2017) and Antunes (2018).
Concludes by unveiling characteristics related to the possibility of articulation between the precariat and the unions, the
struggles and demands demanded by the segment, as well as the understanding of the precarious condition that is
spreading in contemporary society.
Keywords: Precariat. Work. Political Organization. Brazil. Portugal.
Artigo recebido em: 15/04/2020 Aprovado em: 25/10/2020
DOI: http://dx.doi.org/10.18764/2178-2865.v24n2p494-510.
1 Bacharel em Serviço Social. Doutor em Serviço Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Lider do
Grupo de Estudo, Pesquisa e Extensão em Trabalho, Lutas Sociais e Serviço Social (GETRALSS) e pesquisa dor da Rede
de Estudos e Monitoramento da Reforma Trabalhista - REMIR-Trabalho (IE/CESIT/Unicamp). - Campus Sousa). Professor
do Curso de Serviço Social da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG E-mail: hiagolira@hotmail.com
A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DO PRECARIADO: similaridades e clivagens entre Brasil e Portugal
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1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, diante das configurações assumidas pelo modo de produção
capitalista e em meio ao contexto de aprofundamento de sua crise estrutural (MÉSZÁROS, 2011) o
mundo do trabalho vem passando por intensas e significativas transformações. Na realidade brasileira
(mas não apenas) essas transformações provocam alterações substantivas na forma de ser e de existir
da classe trabalhadora. Como já havia indicado Engels (2010), a todo modo de produção corresponde
um modo de vida. Nesse sentido, quando as condições em que o capitalismo se reproduz são
alteradas, também se modificam as condições que a classe trabalhadora encontra para sobreviver.
Isso, como corolário, produz um conjunto de contradições que interferem diretamente nas
formas de luta e resistência estabelecidas por estes sujeitos para superar as adversidades daí
decorrentes. Assim, na atual fase de acumulação capitalista ou, em meio ao que Ruy Braga (2017)
denomina como um modelo de desenvolvimento pós -fordista financeirizado as lutas sociais adquirem
delineamentos particulares.
Em síntese, recuperando a formulação de Ricardo Antunes (2018), se há a existência de
uma nova morfologia da classe trabalhadora no Brasil o que, para nós, pode e deve ser pensado a
partir da emergência do precariado1 há, também, novas formas de articulação de todas as
organizações políticas (partidos, sindicatos, movimentos sociais) empenhadas na defesa dos
interesses dos trabalhadores e, igualmente, muitos desafios a serem enfrentados.
Tendo em vista essas premissas, realizamos uma revisão de literatura que privilegiou o
debate com autores portugueses (SOEIRO, 2015; FONSECA, 2016; ESTANQUE; COSTA, 2014) e
brasileiros (BRAGA, 2015, 2017; ANTUNES, 2018; GALVÃO, 2015) com vistas a demarcar os rumos
da organização política do precariado , sobretudo, demonstrando algumas similaridades e clivagens
entre Brasil e Portugal. Além disso, o artigo também se estrutura a partir da utilização de dados
secundários e de pesquisa documental, consultando matérias de jornais e documentos produzidos
pelas organizações sociais dinamizadas pelo precariado. Comparecem na análise aspectos
relacionados à possibilidade de articulação entre o precariado e os sindicatos, às lutas e demandas
reivindicadas pelo segmento, bem como sobre o entendimento da condição de precarização a alastrar -
se na sociedade contemporânea.
Esperamos que o texto possa alimentar novos debates nesse campo e, igualmente,
contribuir para pensar as especificidades do trabalho e da nova morfologia da classe trabalhadora no
Brasil.

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