Novos ecologismos: por uma lógica ambiental contra-hegemônica - tributo a Ordep Serra

AutorJulio Cesar De Sá Da Rocha, Roberta Neri da Silva
Páginas61-82
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Julio Cesar de Sá da Rocha e Roberta Neri da Silva
Resumo
O artigo propõe análise dos novos ecologismos e a construção contra-hegemônica. Foi explici-
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o século XX, o estabelecimento do modelo conservacionista no Brasil. Por sua vez, a implemen-
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ritório de populações tradicionais. De outra forma, existe discurso desenvolvimentista do Esta-
do e atuação massiva do mercado privado. Em contrapartida, é possível apontar movimentos
sociais que propõem outra forma de compreender a relação homem/natureza, superando a
separação consagrada pela perspectiva ambiental dominante ou conectada exclusivamente
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portanto, lutado para provar o valor do lugar, do meio ambiente, da territorialidade contra a
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um ambientalismo insurgente representado pelas comunidades e na academia incorporando
concepções emancipatórias pós-coloniais e decoloniais. O artigo oferece tributo ao intelectual
Ordep Serra por sua concepção emancipatória em defender direitos das comunidades com
valorização do candomblé com seu ambientalismo tradicional de ancestralidade negra.
PalavRas-chave: Ecologismos; lógica ambiental; contra-hegemonia
abstRact
The article proposes an analysis of the new ecologisms and the counter-hegemonic construc-
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text and during the 20th century the establishment of the conservationist model in Brazil. In
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management of the territory of traditional populations. Otherwise, there is a developmentalist
discourse of the State and a massive performance of the private market. On the other hand,
it is possible to point out social movements that propose another way of understanding the
relation man / nature, overcoming the separation consecrated by the dominant environmental

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talist processes. In short, emerges an insurgent environmentalism represented by communities
and academia incorporating postcolonial and decolonial emancipatory conceptions. The arti-
cle offers tribute to the intellectual Ordep Serra for his emancipatory conception emancipatory
Novos ecologismos: por uma lógica ambiental
contra-hegemônica - tributo a ordep serra
New ecologisms for an environmental logic counter-hegemonic: tribute to
Ordep Serra
Julio Cesar de Sá da Rocha
Pós-Doutor em Antropologia pela UFBA. Mestre e Doutor
em Direito pela PUC SP. Professor da Faculdade de Di-
reito da UFBA Diretor da Faculdade de Direito da UFBA.
E-mail: E-mail: juliorochaufba@gmail.com. Lattes: http://
lattes.cnpq.br/7066612031979191
Roberta Neri da Silva
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Bahia. Bacharel em Diteito e em Jornalismo pela UFBA.
E-mail: rbda.ufba@gmail.com. Lattes: http://lattes.cnpq.
br/7428466554823464
Novos ecologismos: por uma lógica ambiental contra-hegemônica - tributo a ordep serra
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conception in defending the rights of the communities with valorization of candomblé with its
traditional environmentalism of black ancestry.
Key-woRd: Ecologism; environmental logic; counter-hegemonic
1 Introdução
Presente no debate mundial desde a segunda metade do séc. XX, a crise ambiental
foi perpassada pela implementação de algumas políticas ambientais calcadas em teorias
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mica e separada do seu entorno. Assim, a concepção de que o meio ambiente natural deve
se manter o menos tocado possível pelo ser humano foi profundamente difundida a partir
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tentável, em sua forma dominante, ocupou as prateleiras do mercado verde e do discurso
estatal como a solução apaziguadora entre a produção, o consumo, o desenvolvimento e o
ambientalismo.
Durante o século XX, o estabelecimento do modelo conservacionista no Brasil foi
utilizado como uma das principais estratégias da proteção ambiental, sendo criados mais de

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estabeleceram-se as chamadas categorias de Proteção Integral, que permitem a criação de
determinadas unidades de conservação sem a presença humana, como parque, reserva bio-
lógica e estação ecológica. Excepcionalmente, permite-se nas unidades de Proteção Integral,
dos tipos, havendo compatibilização entre
os objetivos da unidade, a utilização da terra e dos recursos naturais do local pelos proprie-
tários.
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gestão do território de algumas populações tradicionais ,
que ocorreram de estar situadas em trechos preservados e de biodiversidade.
Ao lado desta forma de implementar políticas ambientais, o desenvolvimento sus-
tentável fez-se presente no discurso desenvolvimentista do Estado, além de massivamente
representado no mercado privado. Programas como o PAC (Programa de Aceleração do
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mento econômico e sustentado, independentemente das comunidades atingidas pelas gran-
des obras viárias e energéticas.
Em contrapartida, é possível apontar movimentos sociais que propõem outra forma
de compreender a relação homem/natureza, superando a separação consagrada pela pers-
-
cias contrapõem os paradigmas ambientalistas hegemônicos citados e demonstram que o
discurso universalista, uníssono, de cima para baixo, tanto é reducionista, quanto silencia-
dor das diferenças. Para expor tal análise, o presente capítulo segue um caminho de revisão

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