Nota editorial

AutorInez Lopes
CargoEditora-chefe Revista Direito.UnB
Páginas9-10
Revista Direito.UnB | Maio – Agosto, 2020, V. 04, N. 02 | ISSN 2357-8009 | p. 09-10
098
NOTA EDITORIAL
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NOTA EDITORIAL Inez Lopes
Quando o professor cingalês Malik Peiris, da Universidade de Hong Kong, e
seus colegas anunciaram o “novo” coronavírus como possível causa para a Síndrome
Respiratória Aguda Grave (SRAG ou do inglês SARS) em 20031, foi a primeira vez que se
constatou a doença em seres humanos. A epidemia de SARS-CoV matou 774 pessoas
em quatro continentes (Ásia, Europa, América e África) e contaminou 8.096 pessoas,
segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). A maioria dos casos se concentrou no
Leste Asiático.
Considerada até então a principal epidemia do século 21, identificada em 2002,
a SARS-CoV 1 foi controlada em poucos meses em 2003. Muitas cidades afetadas pelo
coronavírus anunciaram o fim da epidemia e que estavam livres da SARS. Em 2012,
David Quammen escreveu que tais declarações expressavam apenas que não havia
contaminações pelo SARS, mas isso não significava que o vírus havia sido erradicado:
“a SARS-CoV não foi embora, estava apenas escondida. Ela poderia retornar”2. Outros
cientistas, como professor Donald S. Burke, da Universidade de Pittsburgh, alertaram
para o surgimento de epidemias ou pandemias causadas pelo coronavírus ou doenças
zoonóticas.
A pandemia que assola o mundo não é uma novidade e importa destacar que
a ameaça de potenciais pandemias deve continuar ao longo da história da civilização
humana. Quammen alerta que “preparar-se para uma pandemia é mais caro, mas não
se preparar custa ainda mais”3. A história revela períodos de epidemias ou pandemias
causadas por micro-organismos. A gripe espanhola (1918-1920), causada pelo vírus
Influenza H1N1, estima-se que tenha infectado ao menos 500 milhões de pessoas e
que tenha causado a morte de 17 a 50 milhões, cem anos atrás4. Em 2009 houve outra
pandemia causada pelo mesmo vírus. A SARS-CoV 1 foi identificada em 2003 e a SARS-
CoV 2, em 2019. Isso revela a importância do diálogo entre ciência e políticas públicas
para manter pesquisas e buscar vacinas.
Os inúmeros micro-organismos compõem o ecossistema do planeta, sendo a
maior parte deles ainda não identificados. Estudos mostram que os micro-organismos
1 PEIRIS, J.S. Malik et al. Coronavirus as a possible cause of severe acute respiratory syndrome. 19,
2003DOI:https://doi.org/10.1016/S0140-6736(03)13077-2
2 QUAMMEN, David. Spillover: Animal Infections and the Next Human Pandemic. New York /London: W. W.
Norton & Company, 2012, p.221-22.
3 EL PAÍS. Autor de ‘Contágio’ avisa: ‘Ameaça da pandemia vai continuar’. Mariana Peixoto.
12/05/2020. Disponível em
https://www.em.com.br/app/noticia/cultura/2020/05/12/interna_cultura,1146352/autor-de-contagio-
avisa-ameaca-da-pandemia-vai-continuar.shtml
4 HISTORY. Why the Second Wave of the 1918 Spanish Flu Was So Deadly. Disponível em
hps://www.history.com/news/spanish-u-second-wave-resurgence .

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