O movimento dos trabalhadores rurais sem terra (mst): emancipação dos sujeitos e transformação social

AutorSimone Silva Pereira - Ana Terra Reis
CargoGraduada em Pedagogia da Terra - Graduada em Agronomia
Páginas1249-1267
Artigo recebido em: 05/04/2018 Aprovado em: 09/05/2018
O MOVIMENTO DOS TRABALHADORES
RURAIS SEM TERRA (MST): emancipação dos
sujeitos e transformação social
Simone Silva Pereira1
Ana Terra Reis2
Resumo
O presente texto trata da construção histórica d o Movimento dos Trabalhado-
res Rurais Sem Terra, sua organização e perspectivas de luta para além da terra,
em uma trajetória engajada na emancipação de fração da classe trabalhadora:
os camponeses organizados. Aborda traços do projeto do MST para o campo
e suas ações de enfrentamento tanto em uma ação internacionalizada, como na
tarefa da formação política, sendo várias suas frentes de atuação, como faces
de um mesmo projeto combativo e revolucionário. São ações que constituem
legado da Revolução Russa, mantendo-se, porém, atuais na construção de ações
combativas de transformações sociais e políticas.
Palavras-chaves: MST, luta de classe, emancipação.
THE MOVEMENT OF RURAL WORKERS WITHOUT EARTH
(MST): emancipation of the subjects and social transformation
Abstract
e present text deals with the historical construction of the Landless Workers
Movement, its organization and perspectives of struggle beyond the land and
1 Graduada em Pedagogia da Terra, Mestre em G eogra a da Faculdade de Ciência e
Tecnologia (FCT) da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP).
E-mail:
siseterra@yahoo.com.br
/ Endereço: Universidade Estadual Paulista Júlio de
Mesquita Filho - UNESP:Rua Roberto Simonsen, 305, Centro Educacional, Presidente
Prudente, SP. CEP: 19060-900.
2 Graduada em Agronomia, Pós-Doutoranda em Geogra a pela UNESP.
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Simone Silva Pereira | Ana Terra Reis
a whole trajectory engaged in t he emancipation of this fraction of the working
class, which are the peasants organized by this. It approaches traces of its project
to the  eld and its actions of confrontation both in an internationalized action,
as in the t ask of the political formation, being several fronts of action, as faces
of the same combative and revolutionary project. In addition, t hey are actions
that constitute the legacy of the Russian Re volution, but are still present in the
construction of combative actions of social and political transformations
Key words: MST, class struggle, emancipation.
1 INTRODUÇÃO
O ano de 2017 nos traz a memória viva do legado histórico
do centenário da Revolução Russa, momento de grande relevância
mundial e de extraordinária importância para o fortalecimento da
ideologia comunista no cenário internacional e de ascensão do so-
cialismo, constituindo a mais importante referência de luta e orga-
nização da classe t rabalhadora. Marco que conclama a mulheres e
homens que sonham por uma sociedade justa a se unirem em tor-
no da causa comum de liberdade. No Brasil, inspirou muitas lutas
e movimentos, e, neste artigo, trataremos do legado histórico desta
Revolução para as lutas sociais, em especial do Movimento dos Tra-
balhadores Rurais Sem Terra, o M ST.
Como herdeiro de muitas lutas e movimentos sociais, t anto
do Brasil quanto do mundo, o MST sempre se pautou nestas expe-
riências, buscando observar em cada um sua forma de organização,
suas bandeiras, estratégias de luta e enfrentamento, seus limites e
equívocos. Nesse sentido, faremos um breve resgate da contribuição
revolucionária do MST no que diz respeito à sua tradição de enfren-
tamento na luta de classes, a partir do internacionalismo e da forma-
ção de quadros políticos no fortalecimento do próprio Movimento,
mas também para a classe trabalhadora organizada do Brasil e de
tantos outros países com os quais têm relação.
O MST tem sua construção iniciada no Brasil no período de
1985 a 1989, territorializando-se, construindo visibilidade social e
materializando sua estrutura organizativa, tornando-se assim um
movimento camponês em luta pela terra, em debate pela reforma
agrária e que, na década de 1990, constrói p ontes entre sujeitos e
coletivos no plano internacional. Em p erspectiva dialética, quando,
em 1984, o MST nascia, a partir de ideais da esquerda mundializada,
embora sua principal bandeira de luta fosse a conquista da terra para
quem nela vive e trabalha, seus ideais de classe foram amalgamados

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