Migalhas de amor

AutorAnita Zippin
CargoAdvogada
Páginas247-247
ALÉM DO DIREITO
247
REVISTA BONIJURIS I ANO 31 I EDIÇÃO 660 I OUT/NOV 2019
o pedido era sine die, expres-
são em latim que se lê como
se escreve.
Para encerrar, em um jui-
zado especial de Curitiba um
procurador requereu busca
pelo RENANjud. Confesso
não conhecer esse tal de Re-
nan, o que lamento. Pois é
sempre bom ter amigos in-
f‌luentes, com poderes até
para informar se há veículos
em nome de pessoas deman-
dadas judicialmente. Se você
advoga, mas não é amigo do
Renan, trate de se conformar
e pedir busca pelo sistema
RenaJud. n
Anita Zippin ADVOGADA
MIGALHAS DE AMOR
Migalhas de aMOr?
Não, hoje não, por favor!
Quero, quem sabe o bolo
Ou uma bela fatia.
Mas, esta sim, todo dia!
E você, leitor?
Já escolheu o sabor?
Gosta de bolo, migalha ou
fatia?
Quem sabe, receba o que
tanto aprecia.
Ou acha que migalhas são
o melhor do dia?
Receba fatia, sim, fatia.
Pode ser do mesmo sabor,
Mas tem de vir com ale-
gria.
Se serve o bolo?
Demais, enjoa.
De menos, a vida não é boa.
Fatia... fatia.
Todo dia, é a mais bela ma-
gia.
Até qualquer dia.
Com bolo, migalhas ou a
minha fatia.
O que vale é a companhia. n
Ernani Buchmann ADVOGADO
O BRAVO E O MANSO
a história me foi contada
por um advogado nordesti-
no, em visita à  Paraná.
Segundo ele, havia um minis-
tro do  conhecido por sua
extrema vagarosidade. Era
lento ao falar e muito mais
lerdo ao julgar. Orgulhava-se
da pachorra. Seu horror aos
processos era um permanen-
te atentado ao princípio da
celeridade processual.
A citada excelência era ca-
sada com uma senhora que
em tudo era o seu oposto.
Dedicada e sempre disposta,
tinha também como caracte-
rística o gênio explosivo.
Eis que do casal nasceram
dois f‌ilhos, ambos também
dedicados ao direito e sócios
do escritório. Por ironia ge-
nética, um puxou o pai, e o
outro, a mãe. Na cidade eram
tidos como o Bravo e o Manso.
O Bravo fazia jus ao nome.
Por qualquer coisa estava en-
volvido em polêmica, com juí-
zes, promotores e colegas. Di-
zia-se que no automóvel levava
uma espingarda, encostada no
assento do acompanhante. O
fato jamais foi comprovado,
embora fosse voz corrente.
Já o Manso, preferido da
mãe, deixava o batente por
conta do irmão. Levava horas
para tirar o cotovelo do balcão
do café, em frente ao fórum.
Se não fosse improvável, era
ainda mais devagar que o pai
ministro. Tinha apenas um
traço em comum com o Bra-
vo: comentava-se às escondi-
das que também levava uma
espingarda no automóvel.
Quando algum forasteiro
curioso perguntava a razão
de um sujeito tão preguiçoso
e pacíf‌ico portar uma arma,
os locais respondiam morren-
do de rir:
— É para matar quem in-
ventou o trabalho! n

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT