Mecanismos de Coordenação na Formação de Redes de Cooperação: Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos

AutorClaudio Zancan - Paulo da Cruz Freire dos Santos - Nicholas Joseph Tavares da Cruz
CargoProfessor da Faculdade de Ecomomia, Administração e Contabilidade na Universidade Federal de Alagoas, Maceió, AL, Brasil - Professor na Universidade Federal de Alagoas, Maceió, AL, Brasil - Professor na Universidade Federal de Alagoas, Maceió, AL, Brasil
Páginas193-209
Artigo recebido em: 07/07/2012
Aceito em: 19/03/2013
Esta obra está sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso.
DOI: http://dx.doi.org/10.5007/2175-8077.2013v15n36p193
MECANISMOS DE COORDENAÇÃO NA FORMAÇÃO DE REDES
DE COOPERAÇÃO: ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE VINHOS
FINOS DO VALE DOS VINHEDOS (APROVALE)
Coordination Mechanisms on Formation of Cooperation
Networks: Vale dos Vinhedos Wine Producers Association
Claudio Zancan
Professor da Faculdade de Ecomomia, Administração e Contabilidade na Universidade Federal de Alagoas – Maceió – AL – Brasil.
E-mail: claudiozancan@gmail.com
Paulo da Cruz Freire dos Santos
Professor na Universidade Federal de Alagoas – Maceió – AL – Brasil. E-mail: paulodacruzfreire@gmail.com
Nicholas Joseph Tavares da Cruz
Professor na Universidade Federal de Alagoas – Maceió – AL – Brasil. E-mail: admnicholas@gmail.com
Resumo
Neste texto são apresentadas e analisadas as características
estruturais e os mecanismos de coordenação envolvidos
na formação da rede de cooperação Associação dos
Produtores de Vinhos Finos do Vale dos Vinhedos. O
quadro teórico apresenta abordagens econômicas e
organizacionais. O método compreendeu dois estudos:
pesquisa documental e entrevistas. A rede foi formada
por sete vinícolas similares e adotou quatro tipos de
relacionamentos de alta densidade. Seus mecanismos
de coordenação, gerenciamento da mobilidade do
conhecimento e estabilidade foram importantes no
processo de formação da rede, resultando na criação de
uma estrutura organizacional inédita para os associados.
Conclui-se sobre a importância da consideração de
mecanismos de coordenação de recursos no processo
estratégico de formação de redes via atores centrais,
englobando relacionamentos interorganizacionais
relacionados à transferência de conhecimentos e a
criação de inovações. Estudos futuros abordando análise
de outros momentos evolutivos desta rede, bem como
de relacionamentos presentes em diferentes contextos,
são recomendados.
Palavras-chave: Mecanismos de Coordenação. Redes
de Cooperação. Inovação.
ABSTRACT
This study aimed to identify and analyze structural
features and coordination mechanisms involved
on formation of Vale dos Vinhedos Wine Producers
Association (APROVALE). The literature review adressed
organizational and economic approaches. The research
methodology used two studies: document analysis
and interviews. The structural results show that the
APROVALE was formed by seven like wineries through
four type high density relationships. Coordination
mechanisms, mobility management and of knowledge
had importance for the success of the network formation
resulting in the creation of a new organizational structure
for its members. The conclusion is: the resources
mechanisms coordination was important in strategic
process of networking via central actors. This process
involved inter-organizational relationships related to
knowledge transfer and the creation of innovations.
Further studies are recommended addressing other
phases of the lifecycle of the network and external action
of these relationships in different contexts.
Key words: Coordination Mechanisms. Cooperation
Network. Innovation.
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1 INTRODUÇÃO
Com base em intensas transformações nos
sistemas econômico e social, especialmente aquelas
envolvendo estruturas produtivas regionais, para que
organizações atuantes nestes contextos atinjam maior
competitividade, verifica-se a necessidade contínua de
adaptações nos relacionamentos interorganizacionais.
Nesse processo, cada vez mais o desafio aos gestores
parece ser a busca por diferenciação nas atividades
estabelecidas, o que remete à consideração de novas
formas relacionais capazes de desenvolver uma maior
agregação de valor para os consumidores, organizações
e mercados. (BRASS et al., 2004)
Nessa linha, estudos internacionais como os de
Jarillo (1988), Ring e Van de Ven (1994), Human
e Provan (1997), Oliver e Ebers (1998), Thompson
(2003), entre outros, e nacionais, entre eles: Balestrin,
Verschoore e Reyes Jr. (2010), Magalhães, Daut e
Phonlor (2009), Hoffman, Molina-Morales e Martínez-
-Fernandez (2007), demonstram a importância das re-
des de cooperação como estratégias relacionais capazes
de propiciar a geração de resultados que transcendem a
simples soma dos recursos organizacionais individuais.
Além disso, o compartilhamento de recursos e riscos,
a sinergia resultante da interação organizacional e a
estrutura de relacionamentos produzida, proporcionam
uma configuração de elementos que poderá resultar
em aumento de competitividade para organizações que
estabelecem redes de cooperação como alternativa de
desenvolvimento. (POWELL, 1998)
Contudo, para alguns estudiosos, entre eles,
Knoke (1994), Hacki e Lighton (2001), o sucesso da
formação das redes de cooperação de forma coorde-
nada está relacionado com o papel desempenhado
por meio de atores centrais envolvidos na gestão dos
relacionamentos interorganizacionais desenvolvidos na
rede. Na visão desses autores, as organizações centrais,
denominadas hub firms, obtêm sucesso na orientação
das trajetórias de desenvolvimento das redes com uso
da autoridade e do poder hierárquico, possibilitando
com isso, a consecução de objetivos comuns que visam
evolução das redes de cooperação a partir da expansão
coordenada de sua estrutura física.
No entanto, apesar dos aspectos práticos que
envolvem o uso da autoridade e do poder hierárqui-
co na coordenação dos recursos que possibilitam a
formação das redes de cooperação, Grandori (1997)
alerta sobre a importância da consideração de outros
elementos que vão além da ênfase dada na expansão
da estrutura física das redes como elementos de sucesso
de seu processo criativo. De acordo com esses autores,
o pressuposto básico da cooperação é a existência de
equilíbrio entre as partes, portanto, o nascimento das
redes engloba, sobretudo, características mais sistê-
micas, como aquelas que envolvem a capacidade de
superação de limitações internas de seus componentes
(tamanho das organizações, disponibilidade de recur-
sos, tempo de existência, estratégias utilizadas, modelos
de gestão) e externas, encontradas nos seus ambientes
de atuação (cultura, setor de atividade, nível concor-
rencial, comportamento dos mercados consumidores).
Por essa razão, outra perspectiva sobre a coor-
denação de recursos capaz de expandir com a visão
que enfatiza somente a criação de uma estrutura física
como elemento de sucesso se verifica no modelo apre-
sentado por Dhanaraj e Parkhe (2006). Esses autores
propuseram um modelo de coordenação de recursos
para a formação de redes, no qual, a autoridade e o
poder hierárquico não são os únicos elementos capa-
zes de propiciar sucesso durante a criação delas. Para
Dhanaraj e Parkhe (2006), além do gerenciamento
da estrutura da rede, mecanismos que coordenam a
mobilidade do conhecimento e a apropriabilidade da
inovação precisam ser considerados. A gestão efetiva
e coordenada da ação desses três mecanismos de
coordenação, para esses autores, amplia o acesso das
organizações centrais sobre a gestão de recursos e
riscos das organizações cooperantes. Tal fato propicia,
condições favoráveis para que o processo de formação
das redes obtenha êxito.
Com base neste modelo de coordenação de re-
cursos para a criação de redes de cooperação proposto
por Dhanaraj e Parkhe (2006), tem-se a definição do
objetivo geral deste trabalho que é: identificar e analisar
características estruturais e mecanismos de coordena-
ção envolvidos na formação da rede de cooperação
Associação dos Produtores de Vinhos Finos do Vale
dos Vinhedos (APROVALE). É importante destacar que
para a verificação dos fatores contidos no modelo de
coordenação analisado, torna-se vital para a consecu-
ção do estudo, a escolha de uma rede de cooperação
que possibilite contemplar características de uma
trajetória de evolução coordenada durante seu ciclo

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