Como se mantém a autoridade soberana

AutorJean-Jacques Rousseau
Páginas151-152

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Não dispondo de outra força a não ser do Poder Legislativo, o soberano só procederá por meio das leis, e sendo estas atos autênticos da vontade geral, não poderá o soberano agir senão quando o povo estiver reunido. O povo reunido, dir-se-á: que quimera! Será hoje uma quimera, mas não o era há dois mil anos. Teriam os homens mudado de natureza?

Os limites do possível nas coisas morais são mais acanhados do que pensamos. São nossas fraquezas, nossos vícios, nossos preconceitos que os estreitam. As almas mesquinhas não acreditam nos grandes homens: os vis escravos sorriem zombeteiramente a esta palavra liberdade.

Pelo que se tem feito, consideremos o que se pode fazer; não falarei das antigas repúblicas da Grécia, mas da república romana que era, ao que me parece, um grande Estado, e a cidade de Roma, uma grande cidade. O último censo dera para Roma quatrocentos mil cidadãos sob armas e o derradeiro recenseamento, mais de quatro milhões

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de cidadãos, sem contar os súditos, os estrangeiros, as mulheres, as crianças, os escravos.

Quanta dificuldade se poderia prever em reunir frequentemente o povo numeroso dessa capital e seus arredores...

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