A luta de classes na crise dos tempos pós-modernos

AutorFlávio Bezerra de Farias
Páginas11-33
A LUTA DE CLASSES NA CRISE DOS TEMPOS PÓS-MODERNOS1
Flávio Bezerra de Farias2
Resumo
Uma atualização referenciada em Rosa Luxemburg das questões social, ecológica, nacional e geopolítica como um todo, no
quadro do imperialismo global, cujas abordagens marxista e pós-marxista, identificam o proletariado e a massa popular
como sujeito emancipador, respectivamente.
Palavras-chave: Questões social e ecológica. Luta de classes. Pós-modernidade. Neoliberalismo.
THE CLASS STRUGGLE IN THE CRISIS OF POST-MODERN TIMES
Abstract
An atualization referenced in Rosa Luxemburg, of the social, ecological, national and geopolitical questions as a whole, in
the framework of global imperialism, whose approaches Marxist and post-Marxist, identify the proletariat and the popular
mass as emancipator subject, respectively.
Keywords: Social and Ecological questions. Class struggle. Postmodernity. Neoliberalism.
Artigo recebido em: 11/11/2019. Aprovado em: 06/02/2020
1 Em memória de Marielle Franco e Rosa Luxemburg.
2 Engenheiro Civil (UEMA, 1976) e Economista (UFMA, 1976). Diploma de Estudos Aprofundados em Economia do
Desenvolvimento (Panthéon-Sorbonne, 1978). Doutor de Terceiro Ciclo em Economia e Gestão (Amiens-Picardie, 1981).
Doutor de Estado em Economia (Paris-Nord, 1988). De 1995 a 2015, realizou pós-doutorados (Paris-Nord, Sorbonne
Nouvelle) e estadias de professor visitante (Paris-Nord) e pesquisador visitante (Meddlesex-Londres). Professor Titular
Aposentado da UFMA. E-mail: flaviobezerradefarias@gmail.com
Flávio Bezerra de Farias
12
1 INTRODUÇÃO
A investigação no seu todo, inicialmente, buscou atualizar certos dilemas sociais e históri-
cos que foram explicitados por Rosa Luxemburg (1984; 1971; 1972; 2009) há mais de um século; em
seguida, buscou a superação do dualismo entre questão social, de um lado, e, do outro, questão eco-
lógica, questão geopolítica, questão nacional e questão militar; enfim, buscou sublinhar o antagonismo
entre o proletariado e o imperialismo global, enquanto configuração da pós-modernidade cada vez mais
destrutiva do homem e da natureza1. Por falta de espaço, apenas este terceiro aspecto está exposto no
texto abaixo.
2 A DESTRUIÇÃO IMPERIALISTA DO HOMEM E DA NATUREZA
Na conjuntura atual do imperialismo global, especificamente no consenso neofascista do
novo século americano, sem ilusão democrática burguesa de pax imperialis, cosmopolita liberal ou
social-liberal, sob a liderança republicana realista de Trump e a real colaboração de Bolsonaro, a revi-
ravolta neofascista da forma estatal brasileira oculta o seu entreguismo à potência estadunidense e,
portanto, a sua decadência geopolítica (perdas em termos de relações com economias periféricas, com
a UNASUL e os BRICS), a sua promiscuidade com o grande capital (compradore e estrangeiro), o seu
descompromisso com a ecologia, o seu comprometimento com as desigualdades e as injustiças, etc.,
atrás tanto de ataques societários, ideológico-culturais e político-sociais ao conjunto e aos subconjun-
tos do proletariado (formados ou em formação profissional) e aos seus intelectuais orgânicos, quanto
de fanatismo religioso, de manipulações jurídicas e midiáticas, de apologia da violência armada, do
militarismo e da pax israelensis, sem esquecer de ameaças guerreiras à Venezuela, em apoio à moral,
ao patriotismo e à democracia de Juan Guaidó. Aliás, como ficou claro e evidente há ma is de um sécu-
lo, na grande guerra mundial entre potências imperialistas, “a própria noção desta guerra decente e
virtuosa de defesa patriótica, que nossos parlamentares e redatores colocam agora no primeiro plano,
é pura ficção, que não se importa com a mínima compreensão histórica do conjunto e de suas cone-
xões mundiais.” (LUXEMBURG, 2009, p. 206). Portanto, não são as patriotadas burguesas dos hipócri-
tas e dos políticos menores “que decidem sobre o caráter da guerra, mas a constituição histórica da
sociedade e de suas organizações militares.” (LUXEMBURG, 2009, p. 206). Assim, as milícias bolsona-
rianas estão para as milícias bolivarianas, assim como os militares brasileiros saudosos da ditadura
burguesa de 1964 estão para os militares venezuelanos esperançosos do socialismo do século XXI.
Aliás, para um jovem socialista do século XIX,

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT