Liderança x Assédio

AutorJoão Luís Vieira Teixeira
Ocupação do AutorAdvogado militante na área trabalhista. Especialista em Direito Material e Processual do Trabalho pelo Centro Universitário UniCuritiba
Páginas49-54

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"Liderança é a arte de levar uma pessoa a fazer, pela vontade dela, aquilo que você quer."

Dwight D. Eisenhower

Conforme analisado, o mundo globalizado se parece, às vezes, como uma grande arena romana, em que países disputam (ou duelam) por nichos de mercado ainda não explorados, por mais competitividade e melhores preços em seus produtos, exigindo maior rapidez e fluidez de cargas em seus portos/aeroportos para maximizar as exportações, redução de custos, metas de vendas mais acirradas, etc.

Tudo isso, é claro, gera reflexos (diretos ou indiretos) no mundo empresarial ou corporativo.

Por isso, os líderes (gestores, chefes de departamento, gerentes, diretores, etc.) precisam ser pessoas extremamente dinâmicas, competentes, experientes e, acima de tudo, mostrar resultados.

Logo, eles devem exigir de seus empregados/colaboradores máxima eficiência na produção e na venda, na redução de custos de produção, na captação de novos clientes, novas estratégias de vendas e diversas outras práticas visando a aumentar o lucro (ou diminuir o prejuízo) das empresas em que trabalham.

Para tanto, os líderes também são pressionados e cobrados. Em alguns casos, tanto ou mais que seus subordinados.

No entanto, infelizmente, muitas pessoas não sabem liderar sem assediar. Para elas, o assédio moral é uma das mais eficazes ferramentas para ser um bom líder.

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Mas, antes, vejamos o que fala o monge beneditino alemão Anselm Grün1 acerca do líder:

Aquele que quiser liderar deve primeiro poder liderar a si mesmo. Ele tem de saber lidar com seus pensamentos e sentimentos, com suas necessidades e paixões.

Ainda:

"Nada é mais motivacional do que liderar a partir da linha de frente. Os outros se sentem motivados quando você esta lá com a cara e a coragem e fazendo o que quer que eles façam. Seja inspirador. O seu pessoal prefere ser inspirado a ser corrigido ou consertado; aliás, prefere inspiração a qualquer outra coisa."2

Realmente, ser um líder que age por meio do assédio referido pode até facilitar as coisas em um primeiro momento. Sim, pois ninguém ousará contestar as estratégias e práticas do superior assediador. E quem contestar será sumariamente dispensado.

Entretanto, em um segundo momento, a produtividade desses empregados cai drasticamente. Eles não mais conseguem se integrar como um grupo, uma equipe. Não possuem mais esse espírito de corpo, como diriam na caserna. Não têm mais interesse em "vestir a camisa" da empresa, que não mais os valoriza e, ainda por cima, os assedia.

Logo, será criada uma situação insustentável dentro da empresa.

Observemos o que referido monge alemão3 diz acerca desse maléfico tipo de liderança:

Se alguém que ocupe a liderança dominar os instrumentos de organização e controle, mas for pessoalmente instável e descontrolado, poderá por um curto período de tempo até mesmo economizar os custos de sua empresa; mas, ao final, acabará por contaminar com a sua imaturidade e refreará a motivação dos colaboradores. As necessidades e emoções que não foram conscientizadas serão projetadas nos colaboradores. Será criada uma espécie de ‘turbilhão de emoções’, que atrapalhará o funcionamento da empresa como a areia em uma engrenagem.

E, mais à frente,4 ainda tratando da questão de lideranças negativas, o mesmo autor adverte que:

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"Em muitas empresas os líderes têm medo de cometer um erro. Estão preocupados apenas com o seu próprio cargo e não com o bem da empresa. Se uma empresa é dirigida por pessoas que não assumem o que fazem, que procuram os erros nos outros, que medrosamente se esforçam apenas pela própria carreira, mais cedo ou mais tarde estará em dificuldades."

Por isso, é importante...

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