Leitura cultural na reportagem literária de Nicolau (1987-1996)

AutorScheyla Joanne Horst, Márcio Ronaldo Santos Fernandes
Páginas89-107
|boletim de pesquisa nelic, florianópolis, v. 17, n. 27, p. 89-107, 2017|
doi:10.5007/1984-784X.2017v17n27p89 89
LEITURA CULTURAL NA
REPORTAGEM LITERÁRIA DE NICOLAU
(1987-1996)
Scheyla Joanne Horst
Márcio Fernandes
UNICENTRO / CAPES
RESUMO: O jornal cultural Nicolau circulou no Brasil entre 1987 e 1996, como um projeto viabiliza-
do pela Secretaria de Estado da Cultura do Paraná. Interessa-nos aqui o gênero textual reportagem
inserido no meio de comunicação em sua fase inicial. Como recorte neste estudo, analisamos cinco
textos assinados pela jornalista Adélia Maria Lopes que pretendem, entre outros aspectos, revelar aos
habitantes da capital paranaense, Curitiba, a cultura produzida nos subúrbios da cidade e também
nos municípios longínquos. Nosso objetivo é discutir essas produções entendendo que o Jornalismo
Literário promove uma união entre força comunicativa e qualidade estética em relatos de não ficção, o
que promove uma leitura cultural mais eficiente. Para a análise documental utilizamos autores como
Edvaldo Pereira Lima, Sergio Vilas Boas, Rogério Borges,Marcelo Bulhões e Cremilda Medina.
PALAVRAS-CHAVE: Jornalismo Literário. Jornalismo Cultural. Imprensa Pública.
CULTURAL READING IN NICOLAU’S (1987-1996)
LITERARY NONFICTION
ABSTRACT: The cultural newspaper Nicolau circulated in Brazil between 1987 and 1996 as a project of
the government of the state of Paraná. We are concerned here with the genre news report in the initial
phase of this medium. In this study, we analyzed texts signed by the journalist Adélia Maria Lopes.
Among other things, the text sought to show the capital the culture that was produced in suburbs and
also in other cities in the state. Our goal is to prove that these productions have the essence of literary
journalism, that is, the harmonious union between communicative strength and aesthetic quality in
nonfiction stories, which promotes a more efficient cultural reading. For the analysis, we used authors
like Edvaldo Pereira Lima, Sergio Vilas Boas, Rogério Borges, Marcelo Bulhões and Cremilda Medina.
KEYWORDS: Literary Journalism. Cultural Journalism. Press.
Scheyla Joanne Horst é mestre em Letras pela Universidade Estadual do Centro-Oeste.
Márcio Ronaldo Santos Fernandes é professor no Departamento de Comunicação Social e no Mestrado
em Letras da Universidade Estadual do Centro-Oeste.
|boletim de pesquisa nelic, florianópolis, v. 17, n. 27, p. 89-107, 2017|
doi:10.5007/1984-784X.2017v17n27p89 90
LEITURA CULTURAL NA
REPORTAGEM LITERÁRIA DE NICOLAU
(1987-1996)
Scheyla Joanne Horst
Márcio Fernandes
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O Nicolau (1987-1996) tem lugar marcado na história da imprensa li-
terária paranaense. Frequentemente citado como um projeto ousado e fun-
damental para a divulgação da produção artística e cultural do Estado para
todo o país, e até para o exterior, o jornal contemplava em suas edições uma
diversidade expressiva de conteúdo, como opiniões, polêmicas, entrevistas,
contos, poesias, traduções, críticas, relatos, fotografias, artigos, reportagens,
cartas, quadrinhos, humor, ilustrações. A publicação mensal era viabilizada
pela Secretaria de Estado da Cultura e a equipe, no período que observamos
neste trabalho, teve como editor-chefe o escritor Wilson Bueno. Nos bastido-
res da iniciativa, era perceptível a tentativa de difundir com entusiasmo uma
pluralidade de vozes e abrir espaço para experimentações na linguagem em
um momento de consolidação da abertura política no Brasil.
O nosso foco neste artigo está direcionado ao gênero textual jornalístico re-
portagem, que aparecia em algumas edições e geralmente ganhava interessante
espaço e condições de produção, como percebemos nos assuntos abordados. A
reportagem não apenas anuncia um acontecimento, mas também objetiva reali-
zar um detalhamento dos fatos, situando-os em um determinado espaço, tempo
e contexto. De acordo com Marcelo Bulhões, a reportagem “possui variantes de
formato, ora mais descritivos, narrativos, expositivos, dissertativos; e constrói-se
com a apuração laboriosa das informações, por meio de entrevistas e da consulta a
diferentes versões.1 Em virtude de pressupor a figura de uma testemunha ocular,
que é o repórter que presencia a cena, a reportagem possibilita a existência de mar-
cas de pessoalidade. Ou seja, viabiliza um estilo e se torna o “ambiente mais inventi-
vo da textualidade informativa”. Por tudo isso, segundo o pesquisador, aventa uma
aproximação com produções da prosa de ficção.
1 BULHÕES, Marcelo Magalhães. Jornalismo e literatura em convergência. São Paulo: Ática, 2007,
p. 45.

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