Lei de Destruição

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Código de Direito Natural Espírita
CAPÍTULO XI
LEI DE DESTRUIÇÃO
I  DESTRUIÇÃO NECESSÁRIA E ABUSIVA (O Livro dos
Espíritos, itens 728 a 736)
Artigo 177  A destruição é uma lei da Natureza. É necessário que
tudo se destrua, para renascer e se regenerar; porque o que chamamos
destruição não é mais que a transformação, cujo objetivo é a renovação e
o melhoramento dos seres vivos.
Instinto de destruição
Artigo 178  O instinto de destruição foi dado aos seres vivos
com fins providenciais. As criaturas de Deus são os instrumentos de que
ele se serve para atingir os seus fins. Para se nutrirem, os seres vivos se
destroem entre si, e isso com o duplo objetivo de manter o equilíbrio da
reprodução, que poderia tornar-se excessiva, e de utilizar os restos do
invólucro exterior. Mas é apenas o invólucro que é destruído, e esse invólucro
não é mais do que acessório, não a parte essencial do ser pensante, pois
este é o princípio inteligente, indestrutível, que se elabora por meio das
diferentes metamorfoses por que passa.
Lei de Destruição e Lei de Conservação: compatibilidade
Artigo 179  A destruição é necessária para a regeneração dos
seres; entretanto, a Natureza os cerca de meios de preservação e
conservação para evitar a destruição antes do tempo necessário. Toda
destruição antecipada entrava o desenvolvimento do princípio inteligente.
Foi por isso que Deus deu a cada ser a necessidade de viver e de se
reproduzir.
179.1  Destruição ou Renovação?  Explanação de Richard
Simonetti em seu livro já citado A Constituição Divina, págs. 51-53,
sobre a questão 728 de O Livro dos Espíritos:
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José Fleurí Queiroz
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O axioma Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma, de
Laviosier, ajuda-nos a compreender a Lei de Destruição, que não significa,
como sugere o sentido literal, um aniquilamento. Ela impõe uma
renovação, atendendo aos objetivos do Criador; um incessante
transformismo em favor do aperfeiçoamento dos seres vivos; um vir-a-ser,
em diligente e dirigido esforço evolutivo, onde nascimento e morte são
apenas duas faces de uma mesma moeda  a Vida. O dia morre quando
chega a noite que, por sua vez, apenas antecipa novo alvorecer; a primavera
sucede o inverno, que voltará em novo ciclo; o próprio mundo em que
vivemos teve sua origem há perto de cinco bilhões de anos e desaparecerá
passados mais alguns bilhões. Enquanto isso, incontáveis planetas estão
surgindo no Cosmos para cumprir idêntica trajetória... O mesmo ocorre
com os seres vivos, crescem, reproduzem-se e morrem, mas são eternos
em essência espiritual que se aprimora incessantemente, a caminho da
racionalidade que os promoverá a Espíritos, com uma nova meta pela
frente: a angelitude. E na medida em que o Espírito reencarna e desencarna,
sucessivamente, em que o corpo físico de que se utiliza é decomposto pela
morte, e ele se habilita a usar um novo, no renascimento, em futuro
próximo ou remoto (poderá estagiar alguns anos ou muitos séculos na
Espiritualidade), irá desenvolvendo suas potencialidades.
Para os Espíritos que compõem a Humanidade, esse dualismo
marcado por múltiplos mergulhos na carne, se faz imperioso, porquanto
representa, sobretudo, um agitar de consciência, em renovadas
oportunidades de despertamento para as realidades do Universo. Há
indivíduos tão apegados à existência física, às necessidades da carne, aos
vícios e ambições da Terra, que acabam por situar-se no que poderíamos
definir como impasse evolutivo. Em linguagem popular, um atolamento
na lama. Não fora a experiência da morte, projetando-os em regiões
espirituais tenebrosas, compatíveis com seus desvios, para amargas
reflexões, e permaneceriam indefinidamente estacionados em
comprometedores enganos. Por outro lado, há Espíritos desencarnados
infelizes e atormentados, perseguidos pelos fantasmas dos crimes e
desmandos cometidos na Terra para os quais a reencarnação é a
oportunidade abençoada do recomeço. Poucos têm conhecimento desse
processo. Daí muitos temerem a morte, sem entenderem que ela não
existe. O que supomos o fim é apenas o limiar da existência em outro
plano, o virar da moeda para a outra face. Como a lagarta que se transforma
em borboleta, o Espírito deixa o casulo de carne para alçar vôo rumo à
amplidão.
Constrangemo-nos com a morte do familiar, como se o tivéssemos
perdido, chama que se apagou, vida que se extinguiu, sem perceber que
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ele apenas partiu para uma dimensão diferente, onde o reencontraremos
um dia quando, por nossa vez, efetuarmos a grande transição. Qual o
lavrador que muda para novo sítio, transferimos residência para o Plano
Espiritual, onde seremos ricos ou pobres, felizes ou infelizes, de
conformidade com os frutos cultivados, preparando-nos para novas
semeaduras na lavoura da carne, as quais se sucederão, ininterruptamente,
em idas e vindas, até atingirmos plena maturação espiritual, habilitando-
nos a viver em planos mais altos.
As imposições da Lei de Destruição tendem a amenizar-se na
proporção em que o Espírito evolui, integrando-se nos propósitos do
Criador, o que lhe proporcionará a possibilidade de permanecer mais tempo
na Espiritualidade. E um dia, não sabemos quando, dentro de alguns milhões
de anos talvez, ou em tempo menos longo, dependendo de nosso
empenho, seremos anjos. Então não precisaremos mais renascer e
remorrer para aprendermos a viver como filhos de Deus.
179.2  Destruição Recíproca dos Seres Vivos  Explanação de
Allan Kardec na Revista Espírita  Abril de 1865, Edit. EDICEL, SP,
tradução de Júlio Abreu Filho:
A destruição recíproca dos seres vivos é uma lei da natureza
que, à primeira vista, parece conciliar-se menos com a bondade de Deus.
Pergunta-se porque lhes teria feito uma necessidade se entredestruírem
para se alimentarem uns à custa dos outros. Para aquele que não considera
senão a matéria, que limita sua visão à vida presente, isto parece com
efeito, uma imperfeição na obra divina; daí a conclusão que tiram os
incrédulos que, não sendo Deus perfeito, não há Deus. É que julgam a
perfeição de Deus de seu ponto de vista; seu julgamento é a medida de sua
sabedoria e pensam que Deus não poderia fazer melhor o que eles próprios
fariam. Não lhes permitindo sua curta visão julgar o conjunto, não
compreendem que um bem real possa derivar de um mal aparente. O
conhecimento do princípio espiritual, considerado em sua verdadeira
essência, e da grande lei de unidade, que constitui a harmonia da criação,
é o único que pode dar ao homem a chave desse mistério e lhe mostrar a
sabedoria providencial, exatamente onde ele não enxergava senão uma
anomalia e uma contradição. Dá-se com esta verdade o mesmo que com
uma porção de outras; o homem não é apto para sondar certas profundezas
senão quando seu Espírito chega a um suficiente grau de maturidade.
A verdadeira vida está no princípio inteligente - A verdadeira
vida, tanto do animal, quanto do homem, não está mais no envoltório
corporal do que na vestimenta; está no princípio inteligente que preexiste

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