Lava Jato e a batalha da comunicação

AutorAndre Mendes
Páginas421-424

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A Parcela expressiva da população conhece ou ao menos ouviu falar da Lava Jato e dos atos de corrupção que ela investiga. Mas essa operação, com todas as suas diversas fases, foi uma dentre 336 delagradas em 2014. Uma entre as 331 desencadeadas em 2015 pela Polícia Federal (PF).

De 2003 a 2015, o número de operações da PF aumentou consideravelmente ao longo dos anos. Saltou gradualmente de 18 em 2003 para 331 em 2015, conforme o gráico abaixo:

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O número de pessoas presas nestas operações também evoluiu sensivelmente de 2003 a 2015. Crescendo de 223 em 2003 para 1.799 em 2015. Em 2011, chegou a um total de 3.293 pessoas presas, como pode-se depreender do gráico a seguir:

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Grupos de extermínio formados por policiais militares, crimes contra o sistema inanceiro nacional, fraudes previdenciárias são exemplos de crimes investigados por operações como Thanatos (2015), Hércules (2009), Bola de Ouro (2012), Ararath (2013), Iceberg (2008) e Capinagem (2015).

Neste cenário, por que ouvimos e lemos tanto sobre a Lava Jato? Em parte, por causa das cifras e personagens políticos e empresariais envolvidos. Também em parte pela decretação de prisões pelo Supremo, como bem indicou a professora Silvana Batini .

Mas, sobretudo, por conta de estratégias de comunicação.

A corrupção no Brasil não começou com a Lava Jato. Nem tampouco o trabalho da PF e do Ministério Público Federal (MPF). Os números acima mostram que há mais de uma década o trabalho da PF tem se intensiicado.

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Paralelamente, as estratégias de comunicação das instituições se desenvolveram. Intensiicaram-se. A Lava Jato tem até site. Mais de 1 milhão de acessos. Polícia, Ministério Público e eventualmente membros do Judiciário recorrem a coletivas de imprensa, palestras, entre-vistas, prestação de informações, como forma de afetar, impactar, moldar a opinião pública e pautas na mídia.

E as outras operações? De 2003 a 2015, a PF delagrou mais de 2.700. Não há sites para estas operações. Deveria haver? É improvável que o cidadão consiga acompanhar 2.700 operações, processos, sentenças, documentos em sites da internet. Mas as informações precisam estar acessíveis a todos. Diversos países têm discutido a relação entre mídia e percepção da criminalidade. É um debate importante para o Brasil também.

A Lava Jato tem enorme visibilidade nos veículos de comunicação em geral. Imprensa escrita, televisiva e redes sociais. Essa visibilidade...

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