Os juros sob uma perspectiva econômica

AutorGlauber Moreno Talavera
Ocupação do AutorExecutivo corporativo em São Paulo; Doutor e Mestre em Direito Civil pela PUC-SP
Páginas109-114

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Ordinariamente empregado no plural, o vocábulo “juro” exprime o preço que haverá de ser pago pelo devedor ao credor como remuneração ou indenização pela utilização do capital que lhe fora disponibilizado durante lapso temporal determinado. Para o mate-mático José Dutra Vieira Sobrinho: “Juro é a remuneração do capital emprestado, podendo ser entendido, de forma simplificada, como sendo o aluguel pago pelo uso do dinheiro”,1compreendendo, sob a ótica da matemática financeira, que entende-se por capital qualquer valor expresso em moeda e disponível em determinada época. Juro é, na ciência econômica e, mais especificamente, na matemática financeira, expressão de volume de renda devida em razão de mútuo financeiro, proporcional ao decurso do tempo do empréstimo havido. Em outras palavras, caracteriza a remuneração obtida face a uma transitória transferência de valores.

John Maynard Keynes, o pai da macroeconomia, sistematizou a análise dos juros a partir da simbiose entre os fatores objetivo, que entrevê os juros como sub-produto da escassez de capital, e subjetivo, que apreende o sentido da renúncia momentânea à liquidez monetária, aliada à oferta e a procura da moeda em investimentos. O conceito keynesiano de juros foi o que deflagrou sua instrumentalização política para fomento do desenvolvimento econômico a partir do grau de disponibilidade da moeda. Para Keynes, as forças de oferta e de

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procura provocariam processos de ajustes para o equilíbrio em todos os preços e valores, compreendendo os juros como uma medida da relutância daqueles que possuem dinheiro em desfazer-se do seu controle líquido sobre ele. Em outras palavras, os juros seriam um prêmio que um agente econômico recebe ao privar-se de sua liquidez.

A perspectiva econômica dos juros está indissociavelmente relacionada ao conceito de “custo de oportunidade”, que significa a obtenção do melhor benefício possível após equacionamento das várias opções para utilização de recursos financeiros que, como contraponto aos ilimitados anseios de consumo, são finitos e, para a grande maioria das pessoas, constituem ativo bastante escasso. Em outras palavras, o custo de oportunidade está relacionado com os ônus das escolhas que fazemos, tanto no plano financeiro como em todos os demais. As escolhas entre mudar de cidade no afã de realização profissional em detrimento do convívio com a família e com os amigos, entre adquirir um livro importante para a formação escolar ou uma roupa que lhe pareça conveniente para seguir as tendências da moda, entre comprar algo ou poupar – na eterna tensão entre presente e futuro – entre poupar investindo em ações, títulos de renda fixa, títulos cambiais, derivativos ou commodities. Exempli gratia, ao comprar o livro, o custo de oportunidade significa ter declinado de todas as demais possibilidades de utilização dos recursos financeiros usados...

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