O islã e o direito que nasce e se desenvolve na fé

AutorSérgio Araújo
CargoProfessor Associado da Faculdade de Direito da Universidade Federal de Minas Gerais
Páginas154-209
Revista Acadêmica, Vol. 85, N.1, 2013
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O IS E O DIREITO QUE NASCE E SE
DESENVOLVE NA
Sérgio Luiz Souza Araújo
Professor Associado da Faculdade
de Direito da Universidade
Federal de Minas Gerais
Resumo: Num mundo atual estamos em conexão uns com os
outros. E para que esta aproximação seja autêntica e
verdadeira, é preciso voltar o olhar para o passado, conhecer
o islã, o seu profeta, a lei sagrada, a ética e os valores
superiores do Islã, para que, desprovidos de preconceitos e
visões distorcidas, possamos trilhar numa direção
promissora, sentindo-nos companheiros de jornada, de bom
rosto e em cordial solidariedade.
Palavras Chave: Islã. Diálogo. Civilizações. Processo Penal.
Abstract In our contemporary World we ar e in permanent
connection with each oth er. In order that such approach
could be really authentic and true, one needs to consider the
Past, meet the Islam, its Prophet, the Holy Law, ethics and
higher islamic valu es. So that, in order to be free from
prejudice and distorted visions, we can follow a promising
path, feeling ourselves as journey fellows, with g ood face
and hearty solidarity.
Kwords: Islam. Dialogue. Civilizations. Criminal
Procedural Law.
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Não podemos desconsiderar a religião
como algo irrelevante para os principais
acontecimentos no mundo de hoje. Estamos em
conexão uns com os outros. Como leciona Edgar
Morin:
A consciência e o sentimento de
pertencermos à Terra e de nossa
identidade terrena são vitais
atualmente. A pátria terrena
comporta a salvaguarda das
diversas pátrias. Somos
verdadeiramente cidadãos
quando nos sentimos solidários e
responsáveis. Solidariedade e
responsabilidade não podem
advir de exortações piegas nem
de discursos cívicos, mas de um
profundo sentimento de filiação
que nasce da consciência de
pertencer à Terra-Pátria
(MORIN, 2000, p. 74).
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No entanto, no Brasil praticamente
desconhecemos o Islã e os seus pilares. Estamos
habituados a olhar com receio e desconfiança para
os muçulmanos, geralmente identificados como
terroristas. Todas as imagens que nos chegam,
distorcem o verdadeiro sentido do Islã. No entanto,
durante mais de oito séculos, do Sec. VII até o
século XV, os muçulmanos estiveram presentes na
península ibérica, Espanha e Portugal, vivenciando
seus valores, sua fé, praticando seus ritos nas
mesquitas, partilhando conosco alimentos e
palavras, arte, música, arquitetura e filosofia,
deixando na nossa personalidade e civilização a
forte marca da cultura islâmica. Marcel Proust
dizia: “Uma verdadeira viagem de descobrimento
não é encontrar novas terras, mas ter um olhar
novo.” (
Apud
MORIN, 2000, p. 107).
Quando os judeus falam de sua
religião, eles a chamam de judaísmo
ou de tradição judaica; quando os
cristãos falam de sua confissão
religiosa, frequentemente se referem
a uma tradição judaico-cristã, pois
o cristianismo é uma extensão

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