Introdução

AutorJosé Guilherme Vasi Werner
Páginas1-10
Os estudos sobre as diversas faces do Poder Judiciário brasilei ro têm sido cada
vez mais frequentes e vêm lançando luzes reveladoras sobre seu funcionamento,
seus recursos e sua estrutura. Boa parte deles, porém, se concentra quer nos as-
pectos normativos de seu funcionamento, quer nos órgãos investidos de função
jurisdicional (tribunais e juízos) e quase sempre a partir da “teoria de sistemas”,
ou seja, um ponto de vista que revela o Judiciário como um conjunto fechado
de órgãos que se ligam por suas atribuições judiciais. Embora esses estudos ve-
nham contribuindo signiicativamente para o esclarecimento de muitas de suas
características, sempre sentimos falta de uma visão mais abrangente, que nos
permitisse identiicar as diversas relações do Judiciário como um todo, de seus
membros, os magistrados, e de todos aqueles que atuam direta ou indiretamente
na função jurisdicional com as diversas dimensões do âmbito social que ele afeta
ou que afetam a ele, de forma a deinir seu posicionamento e o sentido de suas
transformações históricas. Para tanto, buscamos uma abordagem que nos permi-
tisse enxergar as relações entre os agentes e as organizações que nele transitam,
perceber suas estratégias e seus conlitos e divisar a orientação de suas ações.
A teoria dos campos nos pareceu bastante adequada a esse propósito, pois
nos apresenta a uma perspectiva capaz de dar conta de processos, conlitos e
transformações relacionados com os diversos âmbitos da topologia social, sem
desconsiderar as relações entre esses âmbitos (campos) e suas inluências recí-
procas, especialmente aquelas que envolvem o campo do poder e o Estado. Seus
conceitos teóricos essenciais (campo, capital e “habitus”) revelam as relações
entre os agentes que orbitam em torno de um campo especíico, das disputas
por posições e pelo mercado dos bens simbólicos valorizados nesse campo e dos
comportamentos e das disposições que determinam seus movimentos.
A partir desse olhar, podemos acompanhar o processo evolutivo do espaço
social que denominamos “campo judiciário” e divisar os sentidos que percorreu
no curso de nossa história republicana. Nossa preocupação é veriicar a existên-
cia de um movimento anômalo em relação à orientação histórica do processo de
autonomização do “campo judiciário”, um movimento que estaria associado às
ações realizadas no campo político representado no curso da Reforma do Judici-
INTRODUÇ‹O

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