Firmas integradoras de sistemas, suas capacitações e fontes de tecnologia ? O caso da Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer)

AutorMilton de Freitas Chagas Junior - Arnoldo Souza Cabral - Milton de Abreu Campanário
Cargo1Doutor e mestre em Ciências pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica ? ITA. Professor do Programa de Mestrado e Doutorado em Administração da Universidade Nove de Julho ? UNINOVE. End.: Av. Francisco Matarazzo, 612, Água Branca, São Paulo ? SP. Cep 05001-100 ? Brasil - 2Doutor em Ciências pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica ? ITA. ...
Páginas63-87
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Revista de Ciências da Administração • v. 13, n. 29, p. 38-62, jan/abr 2011
Schumpeter e o Desenvolvimento Tecnológico: uma visão aplicada às Pequenas e Médias Empresas (PMEs)
Firmas Integradoras de Sistemas, suas
Capacitações e Fontes de Tecnologia – O Caso da
Empresa Brasileira de Aeronáutica (Embraer)
Milton de Freitas Chagas Junior1
Arnoldo Souza Cabral2
Milton de Abreu Campanário3
Resumo
A dinâmica da inovação dos sistemas complexos tem sido tratada como uma
categoria distinta de análise, uma vez que apresenta características muito diferentes
daquelas dos sistemas de produção em massa e de processo contínuo. Sistemas
complexos são bens de capital de alto valor agregado, geralmente produzidos em
pequenos lotes, através de alianças temporárias entre diversas organizações, porque
uma única firma não consegue desenvolver toda a base de conhecimentos
necessários para sua produção. O uso de fontes externas de conhecimento e
componentes tem aumentado na estratégia competitiva das firmas – por meio da
modularidade –, para fazer frente à crescente complexidade dos produtos, em
termos de número de componentes e especialização de sua base de conhecimento
relevante. A literatura sobre o assunto define firma integradora de sistemas como
a organização que estabelece e lidera uma rede dos pontos de vista organizacional
e tecnológico. Mesclando características positivas dos mercados e das hierarquias,
essas redes ajudam a coordenação das atividades econômicas, especialmente
aqueles com caráter inovador. Utilizando a visão baseada em recursos da firma
como referencial teórico, o objetivo desta pesquisa é analisar, através de um estudo
de caso, as capacitações requeridas para integrar conhecimentos, internos e
externos, visando à coordenação de projetos e programas que atendam à evolução
dos requisitos de seus clientes. O artigo propõe um modelo cognitivo estilizado
que permite compreender o desenvolvimento de capacitações em integração de
sistemas.
Firmas Integradoras de Sistemas, suas Capacitações e Fontes de Tecnologia – O Caso da Empresa Brasileira de ...
1Doutor e mestre em Ciências pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA. Professor do Programa de Mestrado e Doutorado em
Administração da Universidade Nove de Julho – UNINOVE. End.: Av. Francisco Matarazzo, 612, Água Branca, São Paulo – SP.
Cep 05001-100 – Brasil. E-mail: miltonfc@uninove.br.
2Doutor em Ciências pelo Instituto Tecnológico de Aeronáutica – ITA. Atualmente é professor associado do Instituto Tecnológico de Aeronáutica
– ITA. End.: Instituto Tecnológico de Aeronáutica, Divisão de Engenharia Mecânica Aeronáutica, Departamento de Organização.
Vila das Acácias, n. 50 – São José dos Campos – SP. Cep 12228-900 – Brasil. E-mail: cabral@ita.br.
3Doctor of Philosophy – Cornell University. Atua como professor do departamento de Economia da Universidade de São Paulo – USP.
É coordenador do Programa de Mestrado e Doutorado em Administração da Universidade Nove de Julho – UNINOVE. Endereço: Centro
Universitário Nove de Julho. Av. Francisco Matarazzo 612 – Prédio C – Água Branca, São Paulo – SP. Cep 05001-100 – Brasil.
E-mail: miltonac@uninove.br.
Artigo recebido em: 30/08/2010. Aceito em: 12/11/2010. Membro do Corpo Editorial Científico responsável pelo processo editorial: Tho-
mas G. Brashear.
Esta obra está sob a Licença Creative Commons Atribuição-Uso.
Revista de Ciências da Administração • v. 13, n. 29, p. 63-87, jan/abr 2011
DOI: 10.5007/2175-8077.2011v13n29p63
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Milton de Freitas Chagas Junior • Arnoldo Souza Cabral • Milton de Abreu Campanário
Palavras-chave: Capacitações em integração de sistemas. Desenvolvimento
tecnológico. Desenvolvimento de novo produto. Modularidade. Redes
organizacionais.
1. Introdução
Os Sistemas Complexos (SC) têm sido objeto de estudos recentes.
O objetivo principal desses estudos é identificar questões relacionadas com
específicas capacitações tecnológicas e organizacionais que surgem quando
são analisados os processos de criação de produtos sistêmicos, de longo ci-
clo de vida, alto valor agregado, intensivos em capital, projetos de engenha-
ria e tecnologia da informação, envolvendo redes interorganizacionais inter-
nacionais.
Estão inclusos na categoria de SC uma parte significativa da produção
de bens de capital, tais como: edifícios inteligentes, diversos sistemas milita-
res, redes corporativas de informação, sistemas de comunicação móvel, ae-
ronaves, subsistemas de aeronaves, como o de propulsão e aviônica, simula-
dores de voo, sistemas de controle de tráfego aéreo, plataformas de petróleo,
geradoras de energia, pacotes de software desenvolvido ad-hoc, entre outros.
De longa tradição na literatura sobre sistemas militares, há apenas uma
década, autores da corrente evolucionária procuram definir e tratar os pro-
cessos de inovação em SC como uma categoria analítica distinta dos proces-
sos convencionais, como por exemplo, Miller et al. (1995); Hobday (1998);
Dosi et al. (2002); Pavitt (2003) e Prencipe et al. (2003). Muito embora gran-
des diferenças existam entre as indústrias dos SC, importantes características
comuns podem ser notadas. Dentre elas, ressaltamos: (a) a inexistência de
projeto dominante selecionado pelo mercado ex-post; (b) a grande quanti-
dade de disciplinas tecnológicas que devem ser dominadas e integradas se-
guindo a lógica hierárquica do SC; (c) a necessidade de se estabelecer redes
interorganizacionais, com base em um projeto, em que os agentes devem
assumir acordos de participação ex-ante enegociar questões técnicas ao lon-
go das etapas de projeto, desenvolvimento, produção e manutenção; e (d) o
grande envolvimento de clientes ao longo de todo o processo.
Em oposição à dicotomia entre mercados e hierarquias, as redes
interorganizacionais emergiram como uma forma de organização das ativi-

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