A influência crenças masculinas de gênero no cuidado com a saúde

AutorMichael Augusto Souza de Lima - Josevânia da Silva - Francisca Marina de Souza Freire - Karla Carolina Silveira Ribeiro - Ana Alayde Werba Saldanha Pichelli
CargoGraduado em Psicologia; Mestrando no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social/UFPB - Doutora e Mestre em Psicologia Social; Graduada em Psicologia; Professora no Centro Universitário de João Pessoa - Mestre em Psicologia Social; Graduada em Psicologia; Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social/UFPB - Doutora e Mestre em...
Páginas194-210
Periódico do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero e Direito
Centro de Ciências Jurídicas - Universidade Federal da Paraíba
Nº 02 - 2º Semestre de 2014
ISSN | 2179-7131 | http: http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ged/index
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Seção 06: Saúde, Gênero e Direito.
A influência de crenças masculinas de gênero no cuidado com a saúde
Michael Augusto Souza de Lima
Josevânia da Silva
Francisca Marina de Souza Freire
Karla Carolina Silveira Ribeiro
Ana Alayde Werba Saldanha Pichelli
Resumo: O presente trabalho objetivou
analisar a influência de crenças
masculinas frente à procura por
atendimento médico e suas implicações
sobre os cuidados em saúde. Tratou-se
de um estudo quantitativo, com
participação de 400 homens na faixa
etária de 24 a 59 anos (M=36;
DP=9,47), residentes na cidade de João
Pessoa. Foi utilizado um questionário
bio-sócio-demográfico e a Escala de
Crenças Masculinas em Saúde (ECMS).
Na análise comparativa dos grupos
critérios em relação às variáveis bio-
sócio-demográficas verificou-se
diferenças estatisticamente
significativas (p< 0,05) para os itens
idade, nível de religiosidade, renda,
nível de escolaridade e nível de
atividade física. Os itens idade, renda,
grau de escolaridade e nível de
atividade física apresentaram valores
consideráveis tanto para o Fator Procura
por Serviços de Saúde Idade (De 40 a
59 anos [M=3,31; DP=2,71]); Renda
(Até 3 salários mínimos [M=3,15;
DP=2,68]); Gr au de escolaridade
(Menor que 12 anos de escolaridade
[M=3,17; DP=2,69]) e Nível de
Atividade Física (1- Pouca atividade
física [M=3,96; DP=3,09]) quanto no
Fator Gênero Idade (De 40 a 59 anos
[M=4,21; DP=2,21]); Renda (Até 3
salários mínimos [M=3,74; DP=2,22]);
Grau de escolaridade (Menor que 12
anos de escolaridade [M=3,95;
DP=2,21]) e Nível de Atividade Física
(1- Pouca atividade sica [M=4,29;
DP=2,61]). Os dados demonstraram que
os participantes mais velhos, com
menores rendas, menor grau de
escolaridade e com baixa ou nenhuma
prática de atividade física apresentaram
maior média no grau de concordância
com as crenças masculinas. Conclui-se
que a vulnerabilidade ao adoecimento
entre os homens é perpassada por
elementos que caracterizam a
vulnerabilidade social.
Palavras-chave: Crenças.
Vulnerabilidade. Gênero.
Abstract: This study aimed to analyze
the influence of men's beliefs regarding
demand for medical care and its
implications for health care. This was a
quantitative study, with partipation of
400 men aged 24-59 years (M = 36, SD
= 9.47), residents in the city of João
Pessoa. A bio-socio-demographic and
Belief Scale Men's Health (ECMS)
questionnaire was used. In the
comparative analysis of the criteria
groups regarding bio-socio-
demographic variables revealed
statistically significant differences (p
<0.05) for the items age, level of
religiosity, income, education level and
level physical activity. The items age,
income, education level and physical
Periódico do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero e Direito
Centro de Ciências Jurídicas - Universidade Federal da Paraíba
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ISSN | 2179-7131 | http: http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ged/index
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activity level showed significant values
for both Factor Searching for Health
Services - Age (40 to 59 years [M =
3.31, SD = 2.71]); Income (Up to 3
minimum wages [M = 3.15, SD =
2.68]); Education level (less than 12
years of schooling [M = 3.17, SD =
2.69]) and Physical Activity Level (1 -
Little physical activity [M = 3.96, SD =
3.09]) - as Factor in Gender - Age (40 to
59 years [M = 4.21, SD = 2.21]);
Income (Up to 3 minimum wages [M =
3.74, SD = 2.22]); Education level (less
than 12 years of schooling [M = 3.95,
SD = 2.21]) and Physical Activity Level
(1 - Little physical activity [M = 4.29,
SD = 2.61]). The data showed that older
participants, with lower incomes, less
education and low or no physical
activity had the highest average level of
agreement with the masculine beliefs. It
is concluded that the vulnerability to
illness among men is permeated by
elements that characterize the social
vulnerability.
Keywords: Beliefs. Vulnerability.
Genre.
Introdução
Nos últimos anos várias
pesquisas têm demonstrado padrões
elevados nos níveis de adoecimento e
mortalidade relacionados à população
masculina (Figueiredo, 2005; Laurenti
et al., 2005) em praticamente todos os
ciclos de vida. À exceção de meia dúzia
de países, estas pesquisas mostram que
esses atores sociais possuem uma
esperança de vida mais baixa e taxas de
mortalidade mais elevadas, vivendo, em
média, sete anos menos do que se
comparados as mulheres. Em vista a
essa situação, no Brasil, o Ministério da
Saúde no ano de 2008 elaborou a
Política Nacional de Atenção Integral a
Saúde do Homem (PNAISH) com o
intuito de abarcar a saúde masculina de
forma integral (Ministério da Saúde,
2008).
A PNAISH foi desenvolvida
pelo médico sanitarista José Gomes
Temporão em março de 2008, um ano
após assumir o Ministério da Saúde, no
segundo mandato do presidente Luís
Inácio Lula da Silva. Essa política
propõe qualificar a atenção à saúde da
população masculina na perspectiva de
linhas de cuidado que resguardem a
integralidade da atenção, ou seja,
promover, prevenir e assistir os homens
compreendendo suas particularidades.
Os homens que são educados
para acreditar que “os verdadeiros
homens não ficam doentes” podem ver-
se invulneráveis à doença ou ao risco,
considerando que a prevenção ou
promoção da saúde são práticas tidas
como obrigatórias “naturalmente” para
as mulheres (Schraiber et al., 2010).
Sendo assim, tais fatos devem ser
levadas em conta, bem como a forma de
socialização, forma de vida, a

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