Importância do 'upcycling' no desenvolvimento da moda: estudo de caso da marca Recollection Lab

AutorTamires Joaquim Lucietti - Andréa Cristina Trierweiller - Malena de Souza Ramos - Rafaela Bett Soratto
CargoMestranda em Tecnologias da Informação e Comunicação pela Universidade Federal de Santa Catarina - Doutora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina - Graduanda em Tecnologias da Informação e Comunicação na Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC, Brasil - Mestranda em Tecnologias da Informação e ...
Páginas143-159
R. Inter. Interdisc. INTERthesis, Florianópolis, v.15, n.2, p.143-159 Mai.-Ago. 2018
ISSN 1807-1384 DOI: 10.5007/1807-1384.2018v15n2p143
Artigo recebido em: 07/04/2017 Aceito em: 15/05/2018
Esta obra está licenciada com uma Licença Creative Commons
IMPORTÂNCIA DO UPCYCLING NO DESENVOLVIMENTO DA MODA: ESTUDO
DE CASO DA MARCA RECOLLECTION LAB
Tamires Joaquim Lucietti
1
Andréa Cristina Trierweiller
2
Malena de Souza Ramos
3
Rafaela Bett Soratto
4
Resumo
O curto ciclo de vida de um produto da moda tem se mostrado como um grande
problema ambiental. Da matéria-prima até o descarte, diversos impactos ambientais
são gerados e, como alternativa de minimização, surgem marcas com o conceito de
upcycling. Aquilo que teria como destino o lixo, transforma-se em produto com novo
apelo e posicionamento no mercado. Este artigo tem como objetivo investigar como a
marca Recollection Lab., de Criciúma, Santa Catarina, Brasil reutiliza peças que
teriam como fim o descarte, servindo como matéria-prima para o surgimento de um
novo nicho no segmento da moda: o upcycling, dando uma nova vida ao produto.
Palavras-chave: Moda. Sustentabilidade. Upcycling. Consumo Consciente.
1 INTRODUÇÃO
Um dos grandes desafios do segmento de moda é a inserção do negócio nos
preceitos da sustentabilidade, em todos os seus processos produtivos e, além disso,
manter-se no mercado atendendo aos desejos dos consumidores que, mesmo
prezando pela qualidade e preço, estão cada vez mais exigentes procurando
mudanças na vida, optando por modelos produtivos que reduzem os impactos
ambientais.
Krucken (2009) defende a ideia de que as mudanças não devem ser bruscas,
pois é necessário transformar não só a esfera tecnológica, mas principalmente, a
1
Mestranda em Tecnologias da Informação e Comunicação pela Universidade Federal de Santa
Catarina. Vinculada ao grupo de pesquisa Gestão da Inovação e Sustentabilidade junto à esta
instituição, Florianópolis, SC, Brasil. E-mail: taah.aru@gmail.com
2
Doutora em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Santa Catarina. Professora e
Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Tecnologias da Informação e Comunicação e nos
cursos de graduação em Tecnologia da Informação e Comunicação, Engenharia da Computação e
Engenharia de Energia no Cam pus de Araranguá da Universidade Federal de Santa Catarina,
Araranguá, SC, Brasil E-mail: andreatri@gmail.com
3
Graduanda em Tecnologias da Informação e Comunicação na Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, SC, Brasil. E-mail: malenaaramos@gmail.com
4
Mestranda em Tecnologias da Informação e Comunicação na Universidade Federal de Santa
Catarina. Professora dos cursos Tecnologia em Design de Moda e Técnico em Produção de Moda no
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina, Campus Araranguá, SC, Brasil.
E-mail: rafaelasoratto@gmail.com
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social, mais precisamente nos comportamentos, hábitos e modos de viver dos
indivíduos.
Nas últimas décadas do século XX, originou-se uma tendência mundial para o
desenvolvimento de materiais ecológicos, segundo Berlim (2012) além do aspecto
ambiental do produto, questões sociais, econômicas, culturais e políticas são
analisadas desde o seu processo produtivo até o consumo e posterior descarte. A
partir de 1990, tornou-se perceptível a movimentação da indústria da moda em aderir
a sustentabilidade como estratégia de diferenciação. Algumas iniciativas que
buscaram associar moda e sustentabilidade denominam-se como “moda ética”, “moda
consciente”, “moda verde”, ecofashion”, “ecomoda”, green fashion” e ethical
clothing” são expressões comuns no universo da moda que traduzem a relação do
segmento com o conceito de sustentabilidade (GALLELI et al, 2016).
Abordando a questão das tendências, resumidamente, pode-se colocar dois
marcos: as gerações nascidas a partir dos anos 1980, que cresceram consumindo
roupas produzidas, no geral, em condições questionáveis, ou seja, a moda apenas
com considerando tendência de rapidez e consumo, com o estar ou não estar na
moda. Seguindo esta mentalidade, o descarte parece estar desvinculado do consumo
e da moda (BERLIM, 2016). O responsável pelos impactos ambientais é outrem, uma
terceira pessoa ou mesmo, uma entidade, excluindo o comprometimento e o dano que
cada consumidor provoca, em menor ou maior escala. Afinal, como menciona Braga
et al (2003, p. 10): “O responsável pelos problemas ambientais, chamados de
“agressões à natureza”, é sempre o Homem, um ser genérico, sem nome ou
sobrenome, que ninguém conhece e que nunca é punido pelo dano que provoca”. Ou
ainda, conforme Berlim (2016), essa geração parece perceber a moda como luxo,
ligando-a a desfiles, muitas vezes, com coleções desconexas com a realidade, que
servem apenas para as passarelas.
Um segundo marco é a percepção da moda como um fenômeno misterioso e
instigante, que expressa todos os tempos, é esta efemeridade que a faz ser,
atualmente, percebida como uma unidade inseparável de negócio, consumo e mídia,
expressando a complexidade atual, oriunda do fenômeno da globalização e das redes
digitais (BERLIM, 2016).
Neste cenário, o aumento da produção e do consumo vem refletido nas
desigualdades sociais, econômicas e ambientais. A intensidade destas produções,
baseadas no modelo capitalista, além de não contribuir para o crescimento

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