Idealizações utópicas

AutorWladimir Novaes Martinez
Ocupação do AutorAdvogado especialista em Direito Previdenciário
Páginas86-89

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"A utopia parece hoje muito mais realizável que jamais o foi; o pro-blema agora é como nos defendermos de sua realização" declarou Aldous Huxley.

Diversos pensadores, a começar com Platão, tentaram conceber um estado ideal, aquele em que os homens pudessem ser inteiramente felizes, uma espécie de éden na Terra. Isso revela que no passado remoto já existiam grandes problemas de governança.

Trata-se de bela quimera jamais alcançada e possivelmente irrealizável em razão da natureza do homem (que poderia ser explicada em outro momento).

Tal organização social idealizada é bastante conhecida como utopia.

Conceito de utopia

Utopia é uma fantasia, devaneio ou ilusão, um sonho.

Provém do grego ou + topos e signiica "lugar que não existe".

Como se pode perceber, a magníica origem etimológica indica uma sociedade perfeita, idealizada a partir dos princípios dos idealizadores.

Uma doutrina técnica aspira transmutar a ordem social atualmente existente e concordante com os interesses de determinados grupamentos ou classes sociais.

Thomas Morus

A palavra "utopia" é certo vocábulo devido a Thomas Morus (1478-1535), título da principal obra escrita em 1526. Ele icou fascinado e muito apaixonado com as narrativas extraordinárias de Américo Vespúcio sobre uma ilha bem brasileira: Fernando de Noronha, em 1503.

Esse inglês decidiu imaginar o cenário de uma sociedade perfeita. Para melhor resolver os problemas seria preciso um esforço teórico das nacionalidades. Os utopianos praticariam um sistema igualitário de repartir os bens sociais, uma forma de socialismo puro.

A utopia seria uma coletividade organizada de forma racional, as casas e bens pertenceriam a todos, eles teriam o tempo livre para a sua leitura e para a arte; não seriam enviados para a guerra, a não ser em casos extremos.

Os homens viveriam em paz e em uma plena harmonia de interesses.

Pretendia que todos os moradores seriam trabalhadores e, assim, operassem menos. Nesse ideal todos seriam tratados do mesmo modo, os homens, as mulheres e as crianças.

Ninguém passaria necessidades; nem seria considerado superior aos outros, por ter mais coisas que eles. Os mais competentes dirigiriam os negócios públicos.

Ninguém seria obrigado a fazer o que não desejasse, nem o que não pode ou não deve. Toda a moeda corrente desapareceria e a propriedade privada.

Os indivíduos gozariam de ampla liberdade de expressão e opção religiosa e a educação seria acessível a todos. Puxa, que coisa belíssima! Quem poderia icar contra essa construção idealista a ser ediicada por tantos homens de boa vontade? Entretanto, ela jamais aconteceu...

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Ilha utópica

Essa utopia de Morus teria sede em uma ilhota bem afastada da Europa. Ali imperaria o Estado ideal, aquele do bem-estar dos humanos. Abrigaria 54 cidades grandes e magníicas e nelas todos falariam a mesma língua e observariam as mesmas leis, com uma população e uma extensão territoriais iguais, para que a experiência tivesse a maior possibilidade de sucesso.

A experiência corresponderia...

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