Utilização de Contratos Futuros do Ibovespa em Carteiras de Fundos de Pensão no Brasil: uma abordagem setorial

AutorThiago de Melo Teixeira da Costa - Maurinho Luiz dos Santos - Suely de Fátima Ramos Silveira
CargoProfessor do Programa de Pós Graduação em Administração. Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, MG. Brasil - Professor do Programa de Pós Graduação em Economia Aplicada. Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, MG. Brasil - Professora do Programa de Pós-Graduação em Administração. Diretora do Instituto de Políticas Públicas e Desenvolvimento ...
Páginas110-125
Artigo recebido em: 08/05/2012
Aceito em: 20/11/2012
Esta obra está sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso.
UTILIZAÇÃO DE CONTRATOS FUTUROS DO IBOVESPA EM
CARTEIRAS DE FUNDOS DE PENSÃO NO BRASIL: UMA
ABORDAGEM SETORIAL
Use of Ibovespa Future Contracts for Pension Funds in Brazil: a
sectorial approach
Thiago de Melo Teixeira da Costa
Professor do Programa de Pós Graduação em Administração. Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, MG. Brasil.
E-mail: thiagocosta@ufv.br
Maurinho Luiz dos Santos
Professor do Programa de Pós Graduação em Economia Aplicada. Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, MG. Brasil.
E-mail: mlsantos@ufv.br
Suely de Fátima Ramos Silveira
Professora do Programa de Pós-Graduação em Administração. Diretora do Instituto de Políticas Públicas e Desenvolvimento
Sustentável. Universidade Federal de Viçosa. Viçosa, MG. Brasil. E-mail: sramos@ufv.br
DOI: http://dx.doi.org/10.5007/2175-8077.2014v16n38p110
Resumo
Os Fundos de Pensão têm buscado melhores estratégias
para gerenciamento de seus ativos. Este trabalho
pretende analisar o risco das carteiras de Fundos de
Pensão com e sem contratos futuros do Ibovespa e
avaliar os ganhos obtidos na relação retorno/risco
por uma abordagem setorial proposta. Os níveis de
utilização de contratos futuros que permitissem o
hedge ótimo foram obtidos a partir dos modelos de
cointegração e o risco, representado pelo Valor em
Risco (VaR), foi obtido via modelos de volatilidade
condicional. Notou-se que o retorno médio diário das
estratégias com hedge cai em relação à estratégia sem
hedge. Entretanto, essa queda é relativamente pequena
diante da queda do risco proporcionada pela utilização
de contratos futuros do Ibovespa. Os resultados
encontrados indicaram que um gerenciamento
dinâmico, a partir de um acompanhamento setorial
dos ativos que compõem determinada carteira de
investimento, torna o desempenho do portfólio melhor,
reduzindo consideravelmente o nível de risco assumido.
Palavras-chave: Fundos de Pensão. Hedge. Risco.
Value-at-risk. Modelos Garch.
Abstract
The Pension Funds must be dealt with better
management strategies. This work aimed to analyze
the risk of Pension Funds with and without Ibovespa
futures contracts and to evaluate the gains obtained
in the return/risk relation using the sectorial approach
proposed. The levels of use of futures contracts that
would allow optimum hedge were obtained using the
co-integration models, and the risk, represented by
the Value-at-risk (VaR) was obtained via conditional
volatility models. The mean daily return of the hedge
strategies drops, compared to the strategy without
hedge. However, this drop is relatively small, compared
to the drop of the risk offered by the use of the Ibovespa
futures contracts. The results found indicated that a
dynamic management, based on a sectorial monitoring
of the assets that compose a particular investment
portfolio improves its performance, considerably
reducing the level of risk attained.
Keywords: Pension Funds. Hedge. Risk. Value-at-risk.
Garch Models.
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Revista de Ciências da Administração • v. 16, n. 38, p. 110-125, abr. 2014
Utilização de Contratos Futuros do Ibovespa em Carteiras de Fundos de Pensão no Brasil: uma abordagem setorial
1 INTRODUÇÃO
As Entidades Fechadas de Previdência Comple-
mentar (EFPC) ou, simplesmente, os Fundos de Pensão
vêm se destacando no cenário nacional e mundial. São
instituições de previdência complementar que acumu-
lam e capitalizam os recursos de seus participantes a
fim de lhes possibilitar melhores condições na época
de sua aposentadoria.
Estas entidades têm relevância no aspecto
econômico por serem fontes de poupança interna e
por direcionarem boa parte destes recursos ao setor
produtivo, via mercado financeiro. Os Fundos de
Pensão brasileiros, por exemplo, possuíam, segundo
a ABRAPP (2010), aproximadamente R$ 470 bilhões
no final de 2009.
Essas instituições possibilitam também, indireta-
mente, o acesso de indivíduos a investimentos que an-
tes eram distantes, especialmente àqueles pertencentes
ao mercado de ações, e outros ativos, normalmente
com elevada rentabilidade, porém que requerem um
mínimo de experiência e conhecimento para serem
adquiridos. Isso se dá pela formação da carteira conso-
lidada do Fundo de Pensão com a utilização de ativos
de diversas origens (Renda Fixa, Renda Variável etc.).
Dados seus fins, para o alcance dos objetivos das
EFPC, um eficaz gerenciamento dos ativos é essencial.
Ferson e Khang (2002) sugerem medidas de avaliação
para Fundos de Pensão baseadas nos pesos dos ativos
na carteira de investimento. Gomides (2004) define
o “problema de um fundo de pensão” como sendo
encontrar a carteira que ofereça a menor volatilidade
do fator de solvência, ou seja, a carteira que reduz a
possibilidade de insolvência do fundo. De acordo com
Rieche (2005), o domínio das melhores técnicas de
gestão de riscos está entre os fatores críticos de sucesso
para garantir um plano de aposentadoria equilibrado.
Fombellida e Zapatero (2008) e Cairns (1995)
afirmam que, nos Fundos de Pensão, as estratégias de
alocação de ativos também podem reduzir a incerteza.
Hest e Waegenaere (2007) buscam, baseados na rela-
ção entre as disponibilidades e obrigações dos fundos,
determinar uma estratégia ótima de alocação de ativos,
e Yu et al. (2007) estudam como a introdução de novos
ativos pode melhorar o desempenho de portfólios. Ou
seja, o processo de diversificação é relevante e obriga-
tório para essas instituições, inclusive em termos legais.
Thomé Neto, Leal e Almeida (2011) mostram, por
exemplo, que uma carteira de mínima variância global
com pesos limitados pode gerar um produto financeiro
atraente. Uma diversificação direcionada pode reduzir
o risco de determinado ativo Oshoa, Ospina e Madrigal
(2001) chegam a resultados que indicam que existe
redução de risco a partir de um processo de diversifi-
cação internacional. Esse é o papel do hedge. Alguns
trabalhos, como Henn (1996), Dunder (1998) e Costa
e Piacenti (2008) analisam a viabilidade da utilização
de contratos futuros para este fim.
A verificação da relação entre os ativos da carteira
com o derivativo utilizado para o hedge é instrumento
importante para a identificação da eficiência do hedge,
entretanto pouco se tem discutido na literatura sobre
este aspecto.
Por outro lado, o mercado de ações no Brasil
é avaliado, normalmente, pela evolução dos índices
de ações, especialmente o Índice da Bolsa de Valores
de São Paulo (Ibovespa). Muitos fundos de pensão
também utilizam este indicador como benchmarking
para seus investimentos em Renda Variável. Carteiras
atreladas ao Ibovespa podem, por exemplo, buscar
proteção com contratos futuros do Ibovespa, derivativo
financeiro ligado ao índice da bolsa.
Neste caso, é importante pesquisar se a utilização
de contratos futuros do Ibovespa pode favorecer a re-
lação retorno e risco das EFPC no Brasil. Além disso,
se um processo direcionado de hedge com Ibovespa
Futuro, atrelado aos setores econômicos que abran-
gem os investimentos destas instituições pode gerar
benefícios ao processo de gerenciamento do portfólio.
Desse modo, o objetivo deste artigo é analisar o
risco das carteiras dos Fundos de Pensão com e sem
contratos futuros do Ibovespa e avaliar os ganhos ou
perdas obtidos na relação retorno/risco pela aborda-
gem setorial.
2 RISCO E TEORIA DO PORTFÓLIO
Dowd (1998) afirma que a grande instabilidade
do ambiente econômico fez crescer o interesse pelo
risco no contexto financeiro. Essa instabilidade é reflexo
de vários fatores, tais como volatilidade do mercado
de ações, volatilidade das taxas de câmbio, volatili-
dade das taxas de juros e volatilidade do mercado de
commotities.

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