Os homens e as práticas de cuidado em saúde

AutorDaniela Heitzmann Amaral Valentim de Sousa - Michael Augusto Souza de Lima - Kay Francis Leal Vieira - Ana Alayde Werba Saldanha
CargoDoutoranda do Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social da Universidade Federal da Paraíba, UFPB - Graduado em Psicologia - Doutora em Psicologia Social pela Universidade Federal da Paraíba - Doutora e Pós-Doutora em Psicologia pela Universidade de São Paulo (USP)
Páginas397-415
Periódico do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero e Direito
Centro de Ciências Jurídicas - Universidade Federal da Paraíba
Nº 01 - Ano 2015
ISSN | 2179-7137 | http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ged/index
397
DOI: 10.18351/2179-7137/ged.2015n1p397-415
Seção: Saúde, Gênero e Direito
OS HOMENS E AS PRÁTICAS DE CUIDADO EM SAÚDE
1
Daniela Heitzmann Amaral Valentim de Sousa
2Michael Augusto Souza de Lima
3Kay Francis Leal Vieira
4Ana Alayde Werba Saldanha
Resumo: O presente artigo objetivou
realizar uma revisão de produções
acadêmicas sobre os cuidados a saúde dos
homens notadamente na realidade
brasileira. A busca dos trabalhos foi
realizada nas bases de dados Medline e
Scielo. A seleção foi realizada por critérios
de inclusão, sendo estes: artigos originais
publicados em inglês ou português de 2008
a 2013, abordando o tema da prevenção,
busca aos cuidados primários,
comportamentos de cuidados a saúde do
homem adulto na atenção primária.
Trabalhos que avaliaram a condição de
homens já diagnosticados com doenças
crônicas ou que possuíam alguma
síndrome foram excluídos. Os descritores
utilizados na identificação dos artigos
foram: Homens, Atenção Primária a Saúde.
A revisão realizada permitiu analisar 12
artigos. Desta forma, concluiu-se que há
uma reprodução hegemônica da
masculinidade nas práticas à saúde tanto
1
Daniela Heitzmann Amaral Valentim de Sousa,
Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em
Psicologia Social da Universidade Federal da
Paraíba - UFPB, Núcleo d e Pesquisa em
Vulnerabilidades e Promoção da Saúde, Mestre em
Psicologia Clínica pela Unicap, professora do
Centro Universitário de João Pessoa Unipê e da
Faculdade de Medicina Nova Esperança Famene.
danihapsi@yahoo.com.br
2 Michael Augusto Souza de Lima – Graduado em
Psicologia; Mestrando no Programa de Ps -
Graduao em Psicologia Social/UFPB,
especialista em Educaç ão em Direitos
Humanos/UFPB.
nos discursos dos profissionais de saúde,
quanto dos usuários masculinos assim
como na própria estrutura e funcionamento
programático da Atenção à Saúde Primária.
Palavras-chave: Homens. Masculinidade.
Atenção Primária à Saúde. Prevenção.
1
Abstract: This article aimed to conduct a
review of academic papers on the men's
health care, especially in the Brazilian
reality. The research was performed
through Medline and Scielo data. The
selection was implemented by inclusion
criteria, which were: original articles
published in english or portuguese from
2008 to 2013, addressing the issue of
prevention, seeking in primary care, the
health care behaviors of an adult man in
primary care. Studies that assessed the
condition of men already diagnosed with
chronic diseases or who had any syndrome
were excluded. The descriptors used in the
3 Kay Francis Leal Vieira, Doutora em Psicologia
Social pela Universidade Federal da Paraíba, onde
atua como pesquisado ra do Núcleo Aspectos
Psicossociais de Prevenção e Saúde Coletiva.
Atualmente é docente da Faculdade de Enfermagem
Nova Esperança e do Centro Universitário de J oão
Pessoa - Unipê.
4 Ana Alayde Werba Saldanha, Doutora e Pó s-
Doutora em Psicologia pela Universidade de São
Paulo (USP). Atualmente é professora Associada I
da Universidade Federal da Paraíba e coordenadora
do Núcleo de Pesquisa em Vulnerabilidades e
Promoção da Saúde.
Periódico do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Gênero e Direito
Centro de Ciências Jurídicas - Universidade Federal da Paraíba
Nº 01 - Ano 2015
ISSN | 2179-7137 | http://periodicos.ufpb.br/ojs2/index.php/ged/index
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DOI: 10.18351/2179-7137/ged.2015n1p397-415
identification of the articles were: Men's
Health in Primary Care Review allowed the
analysis of 12 articles . Thus, it was
concluded that there is a hegemonic
masculinity in reproduction health
practices both in discourses of health
professionals, as well as the male users
own the programmatic structure and
functioning of Primary Health Care
Keywords : Men. Masculinity. Primary
Care. Prevention.
Introdução
As relações de gênero são uma das
dimensões organizadoras das relações
sociais e elementos intervenientes na forma
e processos de decisão quanto a saúde de
mulheres e de homens. O conceito refere-
se a relações de poder na construção de
diferenças e igualdades entre homens e
mulheres, significações culturais e sociais
a atributos identificados como masculinos
e femininos nas mais diversas esferas de
ação e que informa uma variedade de
relações sociais possíveis (Ayres et al.,
2012).
No Brasil, a Política de Saúde
Pública está consolidada, desde a
Único de Saúde (SUS) que possui como
princípios elementares a universalidade e a
equidade no acesso aos serviços e ações de
saúde e a integralidade da atenção,
operacionalizando-se pelas diretrizes de
descentralização, regionalização e
hierarquização do cuidado e de
participação da comunidade.
Considerando o princípio da
equidade fundamental para a realização
dos demais que regem o sistema e para a
promoção ao cuidado e ao acesso da saúde,
o desafio relaciona-se a questão do gênero,
pois existem diferenças e variedades sobre
o masculino e o feminino que devem ser
consideradas (Ferraz e Kraiczyk, 2010). É
preciso cuidar de forma diferente para se
proporcionar a igualdade, promover
cuidados específicos; a diferença não pode
ser sinônimo de desigualdade.
Gênero é um conceito que perpassa
todas as relações que se constituem nas
sociedades organizada a partir dos
significados que cada sociedade e cultura
atribui à diferença sexual, sendo também a
forma de compreender e viver essas
relações e a sua realidade - não somente
entre os sexos, mas também entre sujeitos
do mesmo sexo (Ferraz e Kraiczyk, 2010;
Umbehaum, 2005). Utiliza-se aqui a
definição de gênero proposta por Scott
(1995), considerando o respeito das
diferenças sexuais histórica, social e
culturalmente construído, sendo dessa
forma, relativo, contextual, variável,
contestável, mutável e transformável.
Segundo Silva et al. (2012) a
maneira pela qual o sistema de atenção
primária está organizado privilegia grupos

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