Contribuições de Hannah Arendt e Habermas para a teoria democrática contemporânea

AutorMarjorie Corrêa Marona
CargoDoutoranda em Ciência Política pela UFMG
Páginas45-60
RMarjorie C. Marona
CONTRIBUIÇÕES DE HANNAH ARENDT E
HABERMAS PARA A TEORIA
DEMOCRÁTICA CONTEMPORÂNEA
Doutoranda em Ciência Política pela UFMG.
Mestra em Filosofia do Direito Titular da cadeira Teoria do Estado na Escola Superior
Dom Helder Câmara.
Resumo: Considerando que Hannah ARENDT antecipa uma série de con-
cepções que vão aparecer em paradigmas contemporâneos da Ciência Po-
lítica, promove-se um resgate do conceito de poder por ela reconstruído –
em oposição a WEBER – e dos consequentes debates acerca da política e
da distinção entre público e privado, que vão ser recolhidos por HABERMAS
na construção de seu conjunto teórico, a partir do qual é possível repensar
os parâmetros da democracia, seus participantes, instituições processos,
agenda e campo de ação, para além do modelo fornecido pelas tradicionais
teorias agregativas.
Palavras-chave: Democracia. Deliberação. Poder. Arendt. Weber.
Habermas.
CONTRIBUCIONES DE HANNA ARENDT Y HABERMAS PARA LA
TEORÍA DEMOCRÁTICA CONTEMPORÁNEA
Resumen: Considerando que Hanna ARENDT anticipa una serie de
conceptos que van a aparecer en modelos contemporáneos de la Ciencia
Política, se fomenta un rescate del concepto del poder por ella
reconstruído – en oposición a WEBER – y de los consecuentes debates
acerca de la política y de la diferencia entre público y privado, que
van a ser recogidos por HABERMAS en la construcción de su conjun-
to teórico, a partir del cual es posible repensar los parámetros de la
democracia, sus participantes, instituciones, procesos, agenda y cam-
po de acción para mas allá del modelo dado por las tradicionales
conjuntos de teorías.
Palabras-llave: Democracia. Deliberación. Poder. Arendt. Weber.
Habermas.
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Introdução
O presente texto tem por objetivo apresentar os principais desen-
volvimentos da teoria democrática, a partir de HABERMAS, como o título
anuncia. Para tanto, parte-se de uma breve excursão sobre o recente res-
gate do liberalismo e do tratamento dado por RAWLS a questões basilares
dessa matriz teórica, que permitiram um novo conjunto de debates sobre as
principais questões que estruturam a teoria democrática contemporânea.
Em seguida, considerando que ARENDT antecipa uma série de
concepções que vão aparecer em paradigmas contemporâneos da Ciência
Política, promove-se um resgate do conceito de poder por ela reconstruído
– em oposição a WEBER – e dos consequentes debates acerca da política
e da distinção entre público e privado, que vão ser recolhidos por
HABERMAS na construção de seu conjunto teórico.
Trabalhando já, especificamente, com a teoria democrática, apre-
sentam-se, então, as principais correntes associadas à matriz liberal e, em
oposição, a proposta habermasiana, a partir dos pressupostos teóricos
construídos pelo autor a partir de um diálogo com ARENDT.
Por óbvio, o presente texto não tem a pretensão de esgotar o
debate acerca da questão, mas, singelamente, busca, em linhas muito ge-
rais, demonstrar que, a partir da teoria habermasiana, é possível repensar
os parâmetros da democracia, seus participantes, instituições processos,
agenda e campo de ação, para além do modelo fornecido pelas teorias
agregativas, todas fundadas em uma matriz liberal.
1.
Pensar a ciência política – e qualquer tema que à matéria interes-
se – a partir do paradigma liberal se justifica não apenas pelo conjunto de
instituições e direitos que estruturam a teoria democrática a partir daí, mas
também porque os mais recentes paradigmas políticos – Arendt, Habermas
e os debates sobre o reconhecimento – daí partem.
Para os desenvolvimentos propostos neste texto, importa resgatar
principalmente a ideia de liberdade, de matriz liberal, que orienta a atuação
estatal perante uma sociedade tida como plural, a qual, sendo rediscutida por
Arendt, será adotada por Habermas na construção de sua teoria política.
Com efeito, a espécie de resgate do liberalismo que se processou
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