Governança Corporativa e Internacionalização: Uma análise dos efeitos nas empresas brasileiras

AutorLuzélia Calegari Santos Moizinho - Rogério Borges Borsato - Fernanda Maciel Peixoto - Vinícius Silva Pereira
CargoAluna Bolsista do Programa de Pós-graduação em Administração. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG. Brasil - Aluno do Programa de Pós-graduação em Administração. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG. Brasil - Professora Adjunta de Finanças. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG. Brasil - Professor ...
Páginas104-122
Artigo recebido em: 27/12/2013
Aceito em: 14/8/2014
Esta obra está sob uma Licença Creative Commons Atribuição-Uso.
GOVERNANÇA CORPORATIVA E INTERNACIONALIZAÇÃO: UMA
ANÁLISE DOS EFEITOS NAS EMPRESAS BRASILEIRAS
Corporate Governance and Internationalization: a review of
effects on Brazilian companies
Luzélia Calegari Santos Moizinho
Aluna Bolsista do Programa de Pós-graduação em Administração. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG. Brasil.
E-mail: luzeliacalegari@hotmail.com
Rogério Borges Borsato
Aluno do Programa de Pós-graduação em Administração. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG. Brasil. E-mail:
rogerioborsato@uol.com.br
Fernanda Maciel Peixoto
Professora Adjunta de Finanças. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG. Brasil. E-mail: fmacielpeixoto@gmail.com
Vinícius Silva Pereira
Professor Adjunto de Finanças. Universidade Federal de Uberlândia. Uberlândia, MG. Brasil. E-mail: vinicius@fagen.ufu.br
DOI: http://dx.doi.org/10.5007/2175-8077.2014v16n40p104
Resumo
Este trabalho tem por objetivo analisar os efeitos da
internacionalização sobre a qualidade da governança
corporativa, bem como o efeito da governança
corporativa na internacionalização. Como objeto de
estudo considerou-se as empresas brasileiras não
financeiras de capital aberto, no período de 2005 a
2010, e para o tratamento dos dados utilizou-se do
modelo de regressão com dados em painel. Como
variáveis de internacionalização das empresas, utilizou-
se a exportação sobre a receita total e a comercialização
de ADRs. Já para a governança corporativa, criou-
se um índice pelo método da Análise Fatorial. Os
resultados evidenciaram que as exportações tiveram
relação positiva com a qualidade da governança,
enquanto a comercialização de ADRs apresentou
relação negativa. Como contribuição os resultados
apontaram que empresas com níveis de governança
mais elevados apresentam possibilidades de incrementar
suas receitas pelas exportações, em contrapartida,
empresas com baixos índices de governança tendem
a buscar financiamentos no exterior como forma de
mitigar os problemas de gestão. Sugerem-se como
futuras pesquisas a inclusão de outros indicadores de
internacionalização.
Palavras-chave: Internacionalização. Governança
Corporativa. Exportação. ADRs. Empresas Brasileiras.
Abstract
This work aims to analyze the effects on the
internationalization quality of corporate governance,
as well as the effect of corporate governance on
internationalization. As an object of study we have
considered the Brazilian non – financial listed companies
in the period 2005-2010, and for the treatment of the
data it was used the regression model with panel data.
As variables of internationalization of companies it
was used the exportation level on sales and trading
of ADRs. For corporate governance, we created an
index using the Factor Analysis method. The results
showed that exports had a positive relationship with
the quality of governance, while the trading of ADRs
showed a negative relationship. As contribution
these results indicates that firms with higher levels of
governance have opportunities to increase their sales
from exports, on the other hand, companies with low
levels of governance tend to seek financing abroad
as a way to mitigate the problems of managing. It is
suggested as future research to include other indicators
of internationalization as a percentage of foreign assets
and percentage of foreign employees.
Keywords: Internationalization. Corporate
Governance. Exports. ADRs. Brazilian Companies.
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1 INTRODUÇÃO
A partir da década de 1990, com a abertura
da economia brasileira, intensificou-se o processo
de globalização da economia nacional e houve um
consequente aumento das exportações das empresas
brasileiras. A série histórica da balança comercial
revela que o crescimento das exportações anuais foi
de 330% nos últimos dez anos. Em 2003, o volume
de exportações totalizou 73,2 bilhões de dólares. Em
2011, o Brasil apresentou o seu volume recorde de
exportação atingindo 256,04 bilhões de dólares e em
2012 manteve os mesmos patamares totalizando 242,6
bilhões de dólares. (UNCTAD, 2013)
As exportações consistem em uma das formas
de entrada das empresas no mercado internacional.
Empresas procuram promover o crescimento de seus
resultados, diluir o risco de suas operações locais e
obter vantagem competitiva em relação aos seus con-
correntes. (JOHANSSON, 1994)
No processo de internacionalização das empre-
sas, destaca-se o papel da governança corporativa.
As empresas que adotam mecanismos para melhorar
o seu gerenciamento, conforme os princípios da go-
vernança corporativa, tendem a agregar mais valor
às suas ações. Esses mecanismos objetivam reduzir a
assimetria de informações entre os agentes, proteger
os acionistas minoritários e manter conselhos mais efi-
cientes e produtivos. (RAPPAPORT, 1998; ANDRADE;
ROSSETTI, 2004)
Dessa forma, a aderência aos padrões de go-
vernança corporativa recomendada pelos agentes de
mercado possibilita uma melhor avaliação de suas
ações (SILVEIRA, 2005) e, consequentemente, opor-
tunidades de captação de recursos a custos mais baixos
(ROGERS, 2006). Sabe-se que uma das formas de se
captar recursos no mercado de capitais é por meio de
emissão dos American Depositary Receipts (ADRs).
Estudos evidenciam que empresas que emitem ADRs
tendem a possuir um maior nível de governança,
consequentemente um menor risco e captações de
recursos próprios a custos menores. (IQUIAPAZA;
LAMOUNIER; AMARAL, 2008; LAMEIRA, 2012)
Por outro lado, estudos recentes questionam
uma possível relação contrária, como a pesquisa de
Andrade e Galina (2013) comprovando que o grau de
internacionalização tem efeito inverso no desempenho
das firmas e ocorre em países com fraca governança
corporativa e baixa competitividade empresarial.
Quanto à forma de captação de recursos, tam-
bém há outros entendimentos de internacionalização
de empresas. Pereira e Sheng (2013), por exemplo,
utilizam o indicador Degree of Internationalization
(DOI) da UNCTAD (2013), que leva em consideração
as vendas, ativos e pessoas no exterior. Os autores
alertam para o fato de que algumas empresas optam
pelo financiamento local, via endividamentos com
bancos, mesmo a custos mais altos, para não alterarem
o nível de concentração da propriedade. Por sua vez, a
concentração de propriedade é uma das variáveis estu-
dadas dentro da temática de governança corporativa,
como ressaltam os estudos de Morck, Shleifer, Vishny
(1988), Claessens et al. (2002), Pereira e Sheng (2013).
Assim, apesar de algumas evidências empíricas terem
tangenciado possíveis efeitos entre internacionalização
e as variáveis de governança corporativa, pouco se
conhece da relação entre estas duas variáveis.
Nesse contexto, este estudo se propõe a analisar
os efeitos da internacionalização sobre a qualidade da
governança corporativa, bem como o efeito da gover-
nança corporativa na internacionalização. Como objeto
de estudo será considerado as empresas brasileiras
não financeiras de capital aberto, no período de 2005
a 2010 e o tratamento dos dados será feito por meio
da modelagem de dados em painel.
O estudo se justifica pela relevância dos dois te-
mas apresentados – internacionalização e governança
corporativa – no atual cenário, pela busca do melhor
entendimento entre a relação dos dois temas e pelo re-
conhecimento de que empresas com melhores práticas
de governança possuem mais oportunidades em reali-
zar investimentos externos (PEREIRA, 2013). Do ponto
de vista do ineditismo, este trabalho analisa governança
corporativa e o processo de internacionalização, tema
ainda pouco explorado na literatura. A escolha pelas
empresas de capital aberto na BM&FBOVESPA se deve
a disponibilidade dos dados.
Além desta introdução, o artigo está estruturado
com uma revisão teórica das literaturas de governança
corporativa e internacionalização na segunda seção.
A terceira seção apresenta a metodologia de pesqui-
sa do estudo. A quarta seção descreve os resultados
obtidos. A quinta seção apresenta as considerações
finais da pesquisa.

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