Gênero, trajetorias socias e interseccionalidades: debates políticos contemporâneos tecidos na realidade brasileira

AutorGabriela Vieira Rebouas, Ingrid Lorena da Silva Leite, Jessica Monaliza Saraiva Menezes, Jéssica Silva de Sousa, Liniane de Cássia Santos
Páginas349-368
GÊNERO, TRAJETORIAS SOCIAS E INTERSECCIONALIDADES: debates políticos
contemporâneos tecidos na realidade brasileira
Gabriela Vieira Rebouças1
Ingrid Lorena da Silva Leite2
Jessica Monaliza Saraiva Menezes3
Jéssica Silva de Sousa4
Liniane de Cássia Santos5
Resumo
A proposta se constitui em problematizar espaços sociais que encarnam e reproduzem o lugar socialmente construído da
mulher atrelado às concepções de subalternização e subordinação. Diante disso, buscamos compreender como esses
elementos, simultaneamente, tecem práticas e discursos desiguais, opressores e violentos, ao passo que t encionam
multiplas formas de resistências cotidianas. Estes processos entrecruzam eixos estruturantes da sociedade brasileira, a
saber: raça, gênero e classe social. Diante disso, apresentamos pesquisas que visam a reprodução da vida social na
sociabilidade do capitalismo contemporâneo trazendo como ponto de partida produções culturais e políticas na realidade
que atravessam relações de gênero. A partir das análises críticas, debatemos a construção de múltiplas resistências
situadas nas trajetórias sociais de mulheres, pobres, negras e periféricas, inseridas em contextos específicos marcados pela
vulnerabilidade social e diversas desigualdades.
Palavras-chave: Gênero. Trajetórias. Interseccionalidades
GENDER, SOCIAL TRAJECTORIES AND INTERSECTIONALITIES: contemporary political debates woven into Brazilian
reality
Abstract
The proposal is to problematize social spaces that embody and reproduce the socially const ructed place of women linked to
the concepts of subordination and subordination. Therefore, we seek to understand how these elements, simultaneously
weave unequal, oppressive and violent practices and discourses, while they intend multiple forms of daily resistance. These
processes intertwine structuring axes of Brazilian society, namely: race, gender and social class. In view of this, we presen t
research that intends the reproduction of social life in the sociability of contemporary capitalism, bringing as a starting point
cultural and political productions in reality that cross gender relations. Based on critical analyzes, we discussed the
construction of multiple resistances located in the social trajectories of women, poor, black and peripheral women, inserted in
specific contexts marked by social vulnerability and various inequalities.
Keywords: Gender. Trajectories. Intersectionality
Artigo recebido em: 11/11/2019. Aprovado em: 29/01/2020
1 Graduada em Design-Moda. M estra em Sociologia pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Doutoranda do Programa
de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Estadual do Ceará (UECE). E-mail: gabi.v.reboucas@gmail.com
2 Assistente social. Doutoranda em Sociologia pelo Programa de Pós-Graduação da Universidade Federal do Ceará ( UFC).
E-mail: lorenaleitte17@gmail.com
3 Assistente social. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da Universidade Estadual do Ceará
(UECE). E-mail: jessi_monaliza@hotmail.com
4 Bacharel em Serviço Social pela Faculdade Cearense (FAC). E-mail: jessicasousace@hotmail.com
5 Bacharel em Serviço Social pela Universidade Estadual do Ceará (UECE). Mestranda do Mestrado Acadêmico em Serviço
Social, Trabalho e Questão social (UECE). Pesquisadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Afrobrasilidades,
Gênero e Família (NUAFRO). E-mail: liniane.santos@gmail.com
GÊNERO, TRAJETORIAS SOCIAS E INTERSECCIONALIDADES: debates políticos contemporâneos tecidos na
realidade brasileira
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1 INTRODUÇÃO
Este artigo se constitui em problematizar espaços sociais que encarnam e reproduzem o
lugar socialmente construído da mulher atrelado às concepções de subalternização e subordinação.
Diante disso, buscamos compreender como esses elementos, simultaneamente tecem práticas e
discursos desiguais, opressores e violentos, ao passo que aspiram múltiplas formas de resistências
cotidianas. Estes processos entrecruzam eixos estruturantes da sociedade brasileira, a saber: raça,
gênero e classe social. Diante disso, apresentamos pesquisas que tencionam a reprodução da vida
social na sociabilidade do capitalismo contemporâneo trazendo como ponto de partida produções
culturais e políticas na realidade que atravessam relações de gênero. A partir das análises críticas
debatemos a construção de múltiplas resistências situadas em contextos desiguais, onde encontra-se
mulheres, sobretudo, pobres, negras e periféricas, inseridas em realidades específicas marcadas pela
vulnerabilidade social e diversas desigualdades.
Diante do exposto, adotamos metodologicamente a categoria interseccionalidades, pois
Piscitelli (2008) avalia que a análise conjunta de aspectos locais e globais se associa a essa categoria,
vai além das relações entre gênero, raça e classe, incluindo as estratificações baseadas na
nacionalidade e vinculadas aos efeitos dos nacionalismos. Salientamos a relevância dos apontamentos
realizados para a compreensão da tessitura de múltiplos contextos, a categoria gênero, a qual exige
uma abordagem interseccional, tendo em vista que as vidas das mulheres estão imbricadas nos eixos
estruturantes da sociedade: gênero, raça e classe social. Como assinala Piscitelli (2008) , perceber as
articulações entre as diferenciações permite refletir “sobre as margens de agência concedidas aos
sujeitos, isto é, as possibilidades no que se refere à capacidade de agir, medida socialmente” (2008, p.
207). Por fim, as interseccionalidades são formas de capturar as consequências da interação entre
inúmeras formas de subordinação, as quais podem superar a noção de superposição de opressões
(PISCITELLI, 2008). Seguiremos em diálogos e construções teóricas sob diversos olhares e vozes.
2 MULHERES E RESISTÊNCIAS COLETIVAS
Para abordar as resistências coletivas de mulheres negras situadas na cidade de
Fortaleza a partir do Curso de Extensão Universitária Mulheres Negras Resistem, é necessário traçar
um breve resgate sócio-histórico na sociedade brasileira, que informa as dinâmicas do racismo na vida
de mulheres negras. O mito da democracia racial, apesar de intensa e amplamente denunciado pelo
ativismo da população negra organizada, continua presente no imaginário coletivo da população

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