Genealogias

AutorChiara Zamboni
CargoPesquisadora e professora das disciplinas de Filosofia Teórica na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade de Verona, Itália
Páginas92-103
R. Inter. Interdisc. INTERthesis, Florianópolis, v.15, n.2, p.92-103 Mai.-Ago. 2018
ISSN 1807-1384 DOI: 10.5007/1807-1384.2018v15n2p92
Artigo recebido em: 28/02/2017 Aceito em: 19/01/2018
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GENEALOGIAS
Chiara Zamboni
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Resumo:
Com base em uma metodologia filosófico-narrativa, este artigo visa articular em todos
seus aspectos o conceito de genealogia, assim como emergiu no debate feminista
francês e italiano a partir dos anos 80 do 1900. Em particular, temos duas maneiras
de interpretar o termo genealogia: a genealogia familiar e a genealogia histórico-
política. O valor simbólico de qualquer genealogia não depende da dívida que
contraímos com gerações anteriores de mulheres. Se fosse assim, a dívida seria o
equivalente do crédito e estaríamos somente no mundo da troca econômica. Na
realidade, a genealogia nasce de reconhecimento, de algo que talvez possamos
interpretar como "conhecimento renovado", ou seja, uma maneira de reinventar os
saberes que nos transmitiram as mulheres anteriores a nós e torná-los nossos. Nesse
sentido, significa encontrar, no pensamento e na vida daquelas que vieram antes de
nós, algo que de algum modo nos pertence, sem que o soubéssemos, porque não
tínhamos as palavras que nos permitissem reconhecê-lo. Isso cria um círculo
simbólico da genealogia, que não é o resultado de um ato de vontade, que
intencionalmente nos coloca na esfera da genealogia. Mas é a intuição de que há algo
de verdadeiro, que tem a ver conosco, nas mulheres que nos precederam e,
sobretudo, de que entender isso sobre nós mesmas, nos coloca em movimento e
transforma nossas vidas. Isso dá raízes à política feminina.
Palavras-chave: Genealogia. Reconhecimento. Transformação. Feminismo.
Pensamento da Diferença.
Neste texto introduzirei uma formulação particular de genealogia, caracterizada
pelo fato que podemos nos ligar de forma simbólica a mulheres importantes para nós
e que vieram antes de nós. Neste sentido fazemos escolhas seja no contexto da
família seja no histórico-político, criando desta forma um percurso único e orientado
de reconhecimento de valor para quem nos precedeu. No contexto cultural do
feminismo italiano isso é chamado de genealogia simbólica, entendendo como
simbólico o enredo de enunciados linguísticos e ações práticas que criam um tecido
de vida compartilhado e livre. Trata-se de um conceito de genealogia que encontra
1
Pesquisadora e professora das disciplinas de Filosofia Teórica na Faculdade de Filosofia e Letras da
Universidade de Verona, Itália. Formou-se em Filosofia na Faculdade de Ciências Humanas e Filosofia
da Universidade de Bari, Itália. E-mail: chiara.zamboni@univr.it

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