O efeito-fronteira: uma análise do comércio catarinense

AutorVanessa Grüdtner - Beatriz Scheerman dos Santos Gonçalves
CargoGraduada em Ciências Econômicas pela Universidade do Estado de Santa Catarina - Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade do Estado de Santa Catarina
Páginas67-84
O EFEITO-FRONTEIRA: UMA ANÁLISE DO COMÉRCIO
CATARINENSE
Vanessa Grüdtner1
Beatriz Scheerman dos Santos Gonçalves2
Resumo
O presente artigo analisa o efeito-fronteira do Estado de Santa Catarina para
o ano de 2010. A estimação foi realizada através do modelo gravitacional
para Santa Catarina, com os demais 25 estados brasileiros, o Distrito
Federal e 120 países. É possível concluir que o comércio interestadual
é mais significativo para o Estado de Santa Catarina do que o comércio
internacional. Os resultados econométricos indicam que Santa Catarina
transaciona aproximadamente 32 vezes mais com os demais entes federativos
brasileiros do que com outros países.
Palavras-chave: efeito-fronteira, modelo gravitacional, comércio
internacional, comércio intranacional, Santa Catarina.
Classificação JEL: C2; F1.
1. INTRODUÇÃO
O comércio internacional tem cada vez maior importância no cenário
mundial globalizado e o Brasil vem, desde a abertura comercial, procurando
se inserir nessa dinâmica. Com a repercussão destes fatos, tanto no Brasil
como no mundo, emergiram estudos, a partir da década de 90, com vistas
a explicar e mensurar em que proporção o comércio interno era mais for-
1 Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade do Estado de Santa Catarina. E-mail: vgrudtner@gmail.com
2 Graduada em Ciências Econômicas pela Universidade do Estado de Santa Catarina. E-mail: beascheerman@gmail.
com
68
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Textos de Economia, Florianópolis, v.15, n.2, p.67-84, jul./dez.2012
talecido e vantajoso para um país do que seu fluxo com outros países. Este
fenômeno foi, no contexto, denominado efeito-fronteira.
Ao longo dos anos surgiram distintas tentativas de formulação de
modelos que pudessem explicar a dinâmica do comércio internacional
através do efeito-fronteira. O primeiro trabalho foi realizado por estudiosos
canadenses, MacCallum, 1995 e Helliwell, 1998, onde se incluiu, partindo
do modelo gravitacional de Newton adaptado para as teorias do comércio,
incluindo, com o intuito de observar as discrepâncias entre o comércio no
âmbito interno dos países (entre estados ou províncias) e o comércio reali-
zado com outros países, uma variável binária.
O que se pretende, com este estudo, é analisar o efeito-fronteira do
estado de Santa Catarina com os 25 estados e distrito federal do Brasil e
com outros países. Para tanto, foram utilizados dados dos fluxos comer-
ciais de 2010 e foi elaborado um modelo de estimação do efeito baseado
no PIB das localidades, na distância entre elas e no fato de serem Estados
brasileiros ou países.
Este artigo é dividido em quatro seções além desta introdução. A seção
2 apresenta uma revisão teórica sobre o modelo. A seção 3 descreve a meto-
dologia utilizada para a estimação dos parâmetros do modelo. Em seguida,
a seção 4 delineia os resultados alcançados e a seção 5 conclui o estudo.
2. O MODELO GRAVITACIONAL E O EFEITO-FRONTEIRA:
UMA REVISÃO
O Modelo Gravitacional
A Lei da Gravidade Universal, postulada por Newton, afirma que en-
tre dois corpos existe uma força de atração que é uma relação diretamente
proporcional entre o produto da massa dos corpos e inversamente propor-
cional ao quadrado da distância entre eles. Tal relação pode ser expressa
pela seguinte equação, na qual FG é a força de gravitacional, m1 e m2 são
as massas dos corpos, G é a Constante Gravitacional e d é a distância:
FG = G(m1 · m2)
d2
(1)

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