A frágil democracia: Simone Weil e o fim dos partidos políticos

Páginas143-150
R. Inter. Interdisc. INTERthesis, Florianópolis, v.16, n.2, p.143-149 Mai-Ago 2019
ISSN 1807-1384 : https://doi.org/10.5007/1807-1384.2019v16n2p143
Resenha recebida em: 02.02.2019 Revisada em 19.03.2019 Aceita em: 04.04.2019
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RESENHA REVIEW RESEÑA
A FRÁGIL DEMOCRACIA: SIMONE WEIL E O FIM DOS PARTIDOS POLÍTICOS
THE FRAGILE DEMOCRACY: SIMONE WEIL AND THE END OF POLITICAL
PARTIES
LA FRÁGIL DEMOCRACIA: SIMONE WEIL Y EL FIN DE LOS PARTIDOS
POLÍTICOS
“Sobre a supressão geral dos partidos políticos”, de Simone Weil, seguido de
“Partido, cultura, futuro”, de Teixeira Coelho (São Paulo, Ed. Iluminuras, 2018, 269
p.)
Se concordarmos com a tese nietzschiana de que o mundo apolíneo1 das
filosofias da história, genericamente falando, aquele da Moral, da Razão e da
Verdade; e, além desse mundo criticado por Nietzsche, também pactuarmos com o
de Jean-François Lyotard (1989), segundo o qual as metanarrativas ruíram (diante
da exuberância caótica de celebração dionisíaca), resta pouco da democracia
representativa. Pelo menos é o que a entender uma espécie de manifesto da
filósofa francesa Simone Weil (1909-1943) em “Sobre a supressão dos partidos
políticos” (2018), livro da editora Iluminuras, com elaboração, tradução e posfácio do
professor, ensaísta, curador e romancista Teixeira Coelho. É mesmo o que parece:
sonhamos com a democracia, mas vivemos no niilismo (de variada conotação).
Esboroaram-se as nossas crenças em uma democracia real, solidária e pacifista.
Assim grita o libelo de Simone Weil.
A democracia - como governo soberano de um povo -, não querendo tomá-la
de um ponto de vista demasiadamente histórico, mal se equilibra entre uma
realidade política empírica e uma realidade “imaginária”. E o pior: não temos,
institucionalmente falando, nada para substituí-la. Daí o niilismo, que não se
configura em regime político, obviamente, mas, por outro lado, permite-nos
interpretar este vazio ou limbo democrático, de várias facetas e configurações. Uma
1 Nietzsche (2002) relacionava o mundo olímpico-apolíneo ao espírito triunfante. Considerava Apolo,
ao contrário de Dionísio (o Deus da embriaguez estética), um Deus Pai, no sentido de Poder, Força e
Conhecimento.

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