Fotografia forense

AutorJeidson Antonio Morais Marques
Páginas421-439

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A fotografia tem grande importância na Odontologia Forense e diversas técnicas periciais utilizam as fotografias como elemento essencial para o sucesso da investigação.

A fotografia surgiu a partir das tentativas de aperfeiçoamento dos métodos de impressão sobre papel, dominados pelos chineses no século VI e difundidos na Europa seiscentos anos depois.

Mas a primeira imagem foi obtida pelo Francês Niépce, que cobriu uma placa de estanho com betume branco (asfalto natural, semelhante ao asfalto que vem da destilação do petróleo bruto), deixando-a exposta à luz cerca de 9 horas dentro de uma câmera escura. Esse processo foi chamado por Niépce de helio grafia1.

Após a morte de Niépce, o pintor Louis Daguerre, com o aperfeiçoamento das suas descobertas e de Niépce, impressionou a todos com a sua nova técnica chamada de Daguerreotipia. Ele utilizava chapas de cobre que eram cobertas por uma fina camada de prata, revelando a imagem latente com vapor de mercúrio.

Várias inovações foram feitas para melhorar este método, pois era necessário preparar as chapas uma a uma logo após a foto. As chapas secas apareceram em 1871 e já eram preparadas antes.

Foi então que George Eastman decidiu tornar acessível a fotografia ao mundo, desenvolvendo em quantidades as chapas secas e, logo depois, filmes em rolo com base de celulóide. Em 1888, Eastman inventou a primeira Kodak, que já era vendida carregada e quando terminava os filmes, as fotos eram reveladas e a câmera era devolvida carregada novamente. Com o tempo, a fotografia se popularizou e novas marcas foram surgindo, como a Leica, Hasselblad, Rolleyflex e Nikon.

Atualmente, com a evolução do processo fotográfico, principalmente com o surgimento da fotografia digital, tornou-se cada vez mais fácil o manuseio e

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a aquisição das imagens por meio das câmeras digitais. Mas é imprescindível o conhecimento de elementos e dispositivos fotográficos convencionais para a realização de fotografias que reproduzam com fidelidade o assunto em questão e desta forma auxilie na investigação odontológica.

A luz

A luz representa o fator principal a ser considerado antes de uma tomada fotográfica. Independente da sua fonte, natural ou artificial, os ajustes iniciais das câmeras (abertura do diafragma, velocidade do obturador, sensibilidade do filme, potencia do flash) devem ser realizados de acordo com a sua intensidade.

Na natureza, todos os objetos absorvem e refletem apenas ondas de determinados comprimentos, em virtude de suas características físico-químicas. O objeto que parece preto absorve todos os raios de luz e nada reflete, já o objeto branco reflete toda a luz, sem nada absorver, enquanto o amarelo reflete apenas a luz amarela.

Em fotografia forense utilizam-se diversos tipos de luzes: visíveis, ultravioleta e infravermelho. As luzes visíveis são as mais comuns, por meio de flashs e lâmpadas e luz natural. Para fotografia com luzes especiais utilizam-se luzes e filtros de cores diferentes que permitem visualizar amostras biológicas e camadas mais profundas da pele.

Filme fotográfico

Os filmes são constituídos por uma base, formada por acetato transparente, e a emulsão, formada por uma ou mais camadas de grãos de haletos de prata, que quando expostos à luz sofrem uma alteração em sua estrutura.

Durante o processo de revelação os haletos de prata são transformados em prata metálica, produzindo uma imagem negativa do objeto fotografado. Na fixação haverá a dissolução dos haletos de prata não revelados, que dissiparão durante a lavagem, permanecendo somente a imagem em positivo da prata sensibilizada pela luz.

Os filmes preto e branco possuem apenas uma camada de emulsão sensível à luz, enquanto os filmes coloridos possuem três camadas, cada uma delas sensíveis às cores azul, verde e vermelho, e a combinação entre essas cores primárias produzirão as demais tonalidades.

TAMANHO E TIPO DOS FILMES

Os filmes fotográficos apresentam tamanhos variados, os mais comuns e populares são os filmes de 35mm (135). Já os filmes 120 e 220mm são utilizados

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em câmeras profissionais de formato médio, e os filmes em folha (não são vendidos em rolo) utilizados em câmeras profissionais de formato grande.

Quanto ao tipo de filmes, eles podem ser negativos e positivos. Nos filmes negativos as imagens produzidas são invertidas e necessitam ser copiadas ou ampliadas em papel, eles podem ser preto e branco ou coloridos. Já os filmes positivos a imagem produzida na película após a revelação é a imagem final, não necessitando de ampliação. Os cromos são os filmes que apresentam as melhores respostas a nível de qualidade de imagem, definição e fidelidade de cores e são utilizados em "slide" ou diapositivo. Esses tipos de filmes têm a terminação "CHROME" e os filmes que produzem negativos têm o sufixo "COLOR".

SENSIBILIDADE DOS FILMES

A sensibilidade do filme em captar a luz é denominada de ISO (anteriormente conhecida como ASA) e está diretamente relacionada com a dimensão dos haletos de prata na emulsão. Os filmes lentos (ISO 25 a 64) são filmes de baixa sensibilidade e necessitam de grande quantidade de luz para serem sensibilizados, filmes médios (ISO 100 a 200) são filmes de sensibilidade média e necessitam de uma boa quantidade de luz para serem sensibilizados e os filmes rápidos (ISO 400 a 3200) são filmes de sensibilidade alta e necessitam de pouca quantidade de luz para serem sensibilizados.

Nas câmeras digitais, o sensor digital (CCD — Charge-Coupled Device ou Dispositivo com Acoplamento de Carga) substitui os convencionais filmes fotográficos, este dispositivo apresenta um controle de sensibilidade, também determinado pelo ISO, variando nas câmeras mais sofisticadas de 100 a 3200.

Tipos de câmeras

O corpo da câmera fotográfica é a evolução da caixa de madeira (câmera escura) utilizada no passado. Sua estrutura é hermeticamente vedada à luz, de modo que o filme fotográfico ou o sensor digital presente no seu interior seja exposto apenas no momento da tomada fotográfica. As câmeras fotográficas podem ser do tipo:

Câmeras reflex de lente simples (SLR): o termo reflex indica que a imagem vista no visor é aquela refletida por um espelho no interior da câmera. A imagem que vemos no visor é a mesma que irá impressionar o filme fotográfico. As câmeras reflex também podem ser do tipo reflex com dupla objetiva (TRL).

Câmeras de visor direto: nestes modelos a imagem vista no visor vem de outra lente posicionada no corpo da câmera. A maioria das câmeras amadoras mais simples é deste tipo.

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Médio formato: usam filmes de formato 120 ou 220 (6x6, 6x7cm) e são muito usadas por fotógrafos profissionais de estúdio.

Grande formato: usam filmes em folhas, no tamanho 12x18cm, por exemplo. São equipamentos pesados, usados basicamente em estúdios para trabalhos de altíssima resolução e qualidade, como campanhas publicitárias, imagens para outdoors etc.

Câmeras digitais: Não usam filme fotográfico e produzem as imagens através de sensores eletrônicos (CCD) que transformam a luz em impulsos elétricos e armazena em formato digital.

Câmeras polaroid: apresentam o processo de revelação e fixação em conjunto com o filme fotográfico, o que permite a obtenção de fotografias coloridas em 1 minuto ou em branco e preto em poucos segundos.

Obturador e velocidade

O obturador é a estrutura responsável pelo controle do tempo em que a luz incide sobre o filme fotográfico ou o sensor digital, ou seja, quando o obturador está fechado, a luz não incide sobre o filme ou o sensor digital. Quando ele se abre, a luz impressiona o filme ou o sensor digital, formando a imagem. Quanto mais tempo o obturador estiver aberto, mais luz incide e vice-versa.

O obturador está localizado na parte de trás do corpo da câmera e é formado por duas cortinas de tecido especial negro e opaco nas câmeras mais antigas, ou por um conjunto de lâminas metálicas nas câmeras mais modernas.

A velocidade refere-se ao tempo em que o obturador permanece aberto, é medida em frações de segundo e apresenta uma sequência semelhante em todas as câmeras.

1 | 2 | 4 | 8 |15|30|60|125|250|500|1000|2000|4000

Figura 1. Tempo de abertura do obturador em fração 1/4000.

Por exemplo: o número 250 significa que o obturador permanecerá aberto na fração de 1/250 segundo, ou seja, uma velocidade rápida ou alta do obturador. Já o número 1 indica que o obturador permanecerá aberto na fração 1/1 que equivale a 1 segundo, ou seja, uma velocidade lenta ou baixa do...

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