Uma floresta de vestígios: metabolismo social e a atividade de carvoeiros nos séculos XIX e XX no Rio de Raneiro, RJ

AutorRogerio Ribeiro de Oliveira - Joana Stingel Fraga - Dean Eric Berck
Cargo1Doutor em Geografia pela UFRJ. Professor Associado da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), pesquisador do CNPq - Acadêmica do curso de Geografia da PUC-Rio - Mestrando do Curso de Pós-Graduação em Geografia da PUC-Rio
Páginas286-315
DOI:10.5007/1807-1384.2011v8n2p286
UMA FLORESTA DE VESTÍGIOS: METABOLISMO SOCIAL E A ATIVIDADE DE
CARVOEIROS NOS SÉCULOS XIX E XX NO RIO DE JANEIRO, RJ
A FOREST OF VESTIGES: SOCIAL METABOLISM AND CHARCOAL MAKERS
ACTIVITY ON THE XIX AND XX CENTURIES IN RIO DE JANEIRO, RJ
UN BOSQUE DE VESTIGIOS: EL METABOLISMO SOCIAL Y LA ACTIVIDAD DE
CARBONEROS EN LOS SIGLOS XIX Y XX EN RIO DE JANEIRO, RJ
Rogério Ribeiro de Oliveira
1
Joana Stingel Fraga2
Dean Eric Berck3
RESUMO:
Em termos de paisagem, o que temos hoje por "natural" pode se tratar de um
paleoterritório usado por populações passadas. No caso do Maciço da Pedra
Branca, na zona oeste do Rio de Janeiro, apesar de ser revestido por florestas, são
encontrados vestígios de alicerces de casas e de antigas carvoarias no seu interior.
A presente pesquisa constitui um levantamento destes vestígios feito de maneira
aleatória a partir de trilhas existentes e transectos pré-definidos, sendo os mesmos
georeferenciados. Foi encontrado um total de 168 carvoarias e 33 ruínas de
alicerces feitos de rochas. Além dos aspectos “naturais” das mudanças da estrutura
e funcionamento do ecossistema, discute-se o processo de metabolismo social que
interliga,na paisagem, a floresta à cidade.
Palavras-chave: Metabolismo social. Produção de carvão. Paisagem. Florestas
urbanas.
ABSTRACT:
In terms of landscape, what can be considered nowadays as "natural" may be a
paleo-territory used by previous populations.In the Pedra Branca Massive, on the
west side of Rio de Janeiro, despite being covered by forests, there can found
evidences of houses foundations and of historical charcoal kilns. This paper is a
survey of these remains done randomly from existing trails and pre-defined transects
all georeferenced. We found a total of 168 charcoal kilns and 33 ruins of foundations
made with piled irregular rocks. Besides the "natural" aspects of changes in the
structure and functioning of ecosystems, we discuss the process of social
metabolism that links, in the landscape, the forest to the city.
Keywords: Social metabolism. charcoal production. landscape. urban forests
1Doutor em Geografia pela UFRJ. Professor Associado da Pontifícia Universidade Católica do Rio de
Janeiro (PUC-Rio), pesquisador do CNPq. Email: rro@puc-rio.br
2 Acadêmica do curso de Geografia da PUC-Rio. Email: joanastingel@hotmail.com
3 Mestrando do Curso de Pós-Graduação em Geografia da PUC-Rio. Email: ptwobberck@yahoo.com
Esta obra foi licenciada com uma Licença Creative Commons - Atribuição 3.0 Não
Adaptada.
287
R. Inter. Interdisc. INTERthesis, Florianópolis, v.8, n.2, p., Jul./Dez. 2011
RESUMEN:
En términos de paisaje, lo que tenemos hoy por "natural" puede tratarse de un
paleoterritorio usado por poblaciones pasadas. En el caso de Maciço da Pedra
Branca (Macizo de la Piedra Blanca), en la zona oeste de Rio de Janeiro, pese a su
revestimiento por florestas, se encuentran vestigios de cimientos de viviendas y de
antiguas carboneras en su interior. La presente investigación constituye una
recolección de estos vestigios realizada de forma aleatoria a partir de caminos
existentes y trayectos anteriormente definidos, todos georeferenciados. Fue
encontrado un total de 168 carboneras y 33 ruinas de bases hechas de rocas.
Además de los aspectos "naturales" de los cambios de la estructura y
funcionamiento del ecosistema, se discute el proceso de metabolismo social que une
la floresta a la ciudad en el paisaje.
Palabras clave: Metabolismo social. Producción de carbón. Paisaje. Bosques
urbanos.
INTRODUÇÃO
Ou se tem chuva e não se tem sol,
ou se tem sol e não se tem chuva!
Ou se calça a luva e não se põe o anel,
ou se põe o anel e não se calça a luva!
Quem sobe nos ares não fica no chão,
quem fica no chão não sobe nos ares.
É uma grande pena que não se possa
estar ao mesmo tempo nos dois lugares! (...)
Cecília Meireles, Ou isto ou aquilo
A vida social é construída em cima de numerosos contrastes, oposições,
maniqueísmos e simetrias. A visão da sociedade em relação à paisagem também
não escapa destes estigmas. Um bom exemplo é a clássica dicotomia que opõe
natureza à cultura. Poucos ambientes recebem de forma tão intensa o conceito de
“natural” como o que é conferido às florestas. O lado natureza do eixo cultura-
natureza parece estar fortemente apoiado no imaginário humano nas florestas,
idealizadas como uma espécie de espaço sacralizado, como que livres da influência
antrópica. Assim, este estigma considera apenas a floresta-natureza,
desarticulando-a completamente de uma possível floresta-cultura. Este senso
comum encontra-se presente em numerosas questões ambientais da atualidade,
como por exemplo na decretação de unidades de conservação da natureza.

Para continuar a ler

PEÇA SUA AVALIAÇÃO

VLEX uses login cookies to provide you with a better browsing experience. If you click on 'Accept' or continue browsing this site we consider that you accept our cookie policy. ACCEPT