A etnografia na ciência da informação: um método para espaços virtuais

AutorLuis Carlos Pérez Martínez - Adriana Rosecler Alcará - Silvana Drumond Monteiro
CargoPrograma de Pós-Graduação em Ciência da Informação Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Brasil - Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Brasil - Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Brasil
Páginas1-23
Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, Florianópolis, v. 24, n. 56, p. 01-23, set./dez.,
2019. Universidade Federal de Santa Catarina. ISSN 1518-2924. DOI: https://doi.org/10.5007/1518-2924.2019.e58685
Artigo
Original
A ETNOGRAFIA NA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO: UM
MÉTODO PARA ESPAÇOS VIRTUAIS
The ethnography in library and information science: a method for virtual spaces
Luis Carlos PÉREZ MARTÍNEZ
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informão
Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Brasil
lcarlperez@gmail.com
https://orcid.org/0000-0001-8233-6867
Adriana Rosecler ALCARÁ
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informão
Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Brasil
adrianaalcara@gmail.com
https://orcid.org/0000-0003-4639-0967
Silvana Drumond MONTEIRO
Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informão
Universidade Estadual de Londrina, Londrina, Brasil
silvanadrumond@gmail.com
https://orcid.org/0000-0001-7228-1380
Mais informações da obra no final do artigo
RESUMO
Objetivo: Identificar a relevância e a aplicação da etnografia como abord agem metodológica na Ciência da Informação
(CI) e em particular no ciberespaço.
Método: Utiliza-se a pesquisa bibliográfica e documental para descrever os elementos principais da etnografia.
Adicionalmente, por meio de busca do termo “etnografia” na Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações,
identificou-se a produção de pesquisas da CI que usaram o método.
Resultado: Do número de pesquisas recuperadas, só duas apresentavam uma combinação de métodos, incluindo a
etnografia. A amostra denota uma escassa produção com abordagem etnográfi ca na área, particularmente em estudos
do ciberespaço.
Conclusões: A etnogr afia é um método que pode ser aplicado para diferentes ambientes virtuais e para entend er
processos culturais. Esses espaços são ambientes de interação soc ial, que permitem desenvolver novas pesquisas
para conhecer formas de colaboração e compartilhamento do conhec imento e da informação.
PALAVR AS-CHAVE: Etnografia. Pesquisa Etnográfica. Método Etnográfico. Ciberes paço. Ambientes virtuais.
ABSTRACT
Objective: To identify the relevance and the application of ethnography as metho dology in Library and Information
Science (LIS), and in cyberspace.
Methods: Bibliographical and documentary researc h is used in order to describe the main elements of ethnography. By
searching the term "ethnography" in the Biblioteca Digital Brasile ira de Teses e Dissertações was identified the research
productions in LIS that used the method.
Results: Considering the number of searches retrieved, onl y two presented a combination of methods, including
ethnography. The sample shows a scarce production with ethno graphic approach in the area, particularly in studies of
cyberspace.
Conclusions: The ethnography is a method that can be applied to different virtual environments and b e used to
understand cultural processes. Those spaces are environment s of social interaction, that allow the development of new
research to know forms of collaboration and sharing of knowledge and i nformation.
KEYWORDS: Ethnography. Ethnographic Research. Ethnographic Method. C yberspace. Virtual environments.
Encontros Bibli: revista eletrônica de biblioteconomia e ciência da informação, Florianópolis, v. 24, n. 56, p. 01 -23, set./dez.,
2019. Universidade Federal de Santa Catarina. ISSN 1518-2924. DOI: https://doi.org/10.5007/1518-2924.2019.e58685
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1 INTRODUÇÃO
Investigar alguns objetos nos espaços virtuais tornou-se uma vantagem, mas ao
mesmo tempo um desafio. Não há dúvida de que as novas gerações “habitam” em
mundos ciberespaciais e aí, nesse “não-lugar”1 é onde se realizam trocas e transações e
se geram novos espaços culturais. Até hoje também a ciência constituiu uma série de
passos para a objetividade das hipóteses o que deu um grau de rigorosidade às
pesquisas científicas. O método passou por diferentes estágios e sua aplicação por
diferentes níveis. A dúvida, a verificação e o falseamento foram pensamentos que
obrigaram a comunidade científica a aplicar lógicas metodológicas para alcançar
resultados válidos.
No meio das históricas discussões, entre cientistas a respeito da validade das
pesquisas quantitativas sobre as qualitativas, emerge a etnografia. A compreensão das
ações humanas em um sentido aprofundado é fundamental para o avanço da ciência e as
pesquisas qualitativas (incluindo a etnografia) têm um papel relevante nesse contexto.
Hammersely e Atkinson (1995) indicam que, embora os trabalhos qualitativos fossem
considerados como fracos, na atualidade eles são amplamente aceitos, particularmente
como uma forma de entender o comportamento humano.
Os métodos estatísticos e matemáticos eram considerados, sob a influência da
filosofia positivista, como confiáveis. Karl Popper (1980) argumentava que o critério que
definia uma teoria com “status científico” era sua capacidade de ser refutada ou testada. É
por meio de experimentos físicos, controles estatísticos das variáveis e avaliações
rigorosas (testável) que a ciência tem a capacidade de produzir um corpus de
conhecimento, cuja validade é conclusiva, fora de todo senso comum (HAMMERSLEY,
1989). Dessa forma, os estudos qualitativos não satisfaziam o cânone das correntes
positivistas e, portanto, careciam de rigor científico.
Em reação, alguns pesquisadores desenvolveram uma alternativa da própria
natureza da pesquisa social. Tratava-se do Naturalismo, segundo Hammersely e Atkinson
(1995), que propunham estudar o mundo social em seu estado “natural”, ou em ambientes
como experimentos e entrevistas sociais. O objetivo principal seria descrever os
acontecimentos, quais são as ações das pessoas e como se desenvolvem com outras,
além do contexto do lugar onde se realizam essas ações.
1 Conceito proposto por Marc Augé (2012) para lugares de passagem ou de não permanência, sem
identidade, próprios de alguns ambientes contemporâneos.

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