Etnociência da ciência: a busca por simetria na pesquisa científica

AutorRaphael Jonas Cypriano - Reinaldo Duque Brasil Landulfo Teixeira
Cargo1Mestre em Ecologia pela Universidade Federal de Viçosa - Doutor em Botânica pela Universidade Federal de Viçosa
Páginas1-13
10.5007/1807-1384.2017v14n3p1
R. Inter. Interdisc. INTERthesis, Florianópolis, v.14, n.3, p. 01-13 Set.-Dez. 2017
ETNOCIÊNCIA DA CIÊNCIA: A BUSCA POR SIMETRIA NA PESQUISA
CIENTÍFICA
Raphael Jonas Cypriano
1
Reinaldo Duque Brasil Landulfo Teixeira2
Resumo:
A ciência tem por objetivo estudar todos os fenômenos de nosso planeta, auxiliando-
nos na compreensão da realidade. Do ponto de vista institucional, a ciência é uma
organização coletiva constituída por objetos de pesquisa e sujeitos pesquisadores
que exibem um sistema de crenças (kosmos), saberes (corpus) e práticas (práxis)
fortemente influenciado pelos conhecimentos produzidos dentro da própria
comunidade científica. Essa conjuntura humana é pouco compreendida, apesar de
exercer forte influência na visão de mundo transmitida pela ciência para toda a
sociedade. Nesse contexto, o presente artigo defende a necessidade de se fazer
uma ‘Etnociência da Ciência’, a qual garanta a possibilidade da comunidade
científica ser estudada cientificamente.
Palavras-chave: Método Científico. Domínio Cognitivo. Epistemologia. Simetria.
Estudo da Natureza.
1 CIÊNCIA: UMA CONSTRUÇÃO HUMANA DA REALIDADE
A ciência moderna surgiu na Europa, nos séculos XVI e XVII, emergindo da
efervescência provocada pela Renascença na organização econômica, política e
social da época. As raízes dessa ciência têm como alguns de seus grandes ícones
René Descartes, Francis Bacon e Isaac Newton. O primeiro destacou-se por sua
ideia racionalista e metodológica para se conhecer a realidade; o segundo, pela
elaboração de um método experimental objetivo para pesquisar os fenômenos
naturais; e o último, pela capacidade de unir, na prática, estas duas ideias num
método racionalista e experimentalista aplicável para estudar o mundo natural
(KUHN, 1998; MORAIS, 2007).
Essa matriz epistêmica conduziu àquilo que hoje conhecemos como o ‘mito
da razão absoluta'. Este se refere à crença na infinita capacidade racional do ser
humano, além de realçar a experimentação como único meio válido de descobrir a
1Mestre em Ecologia pela Universidade Federal de Viçosa. Assessor Técnico da ONG Articulação no
Semiárido (ASA), Viçosa, MG, Brasil E-mail: raphael.cypriano@yahoo.com.br
2 Doutor em Botânica pela Universidade Federal de Viçosa. Professor Adjunto do Instituto de Ciências
da Vida, Universidade Federal de Juiz de Fora, Governador Valadares, MG, Brasil E-mail:
rduquebrasil@yahoo.com.br

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