Estudo de casos

AutorSimone Feigelson Deutsch
Ocupação do AutorArquiteta e Urbanista, Pós Graduada em Avaliações e Perícias de Engenharia e em Auditoria e Perícia Ambiental
Páginas169-212

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6. 1 Apresentação

Para ilustrar o conjunto de informações apresentados nos capítulos anteriores foram selecionados três casos práticos que abordam diferentes situações, usualmente encontradas nas edificações, que servirão para mostrar os procedimentos a serem adotados quando o profissional se deparar com situações correlatas:

Caso 1 – Inspeção em edificação residencial multifamiliar 1. Caso 2 – Inspeção em edificação residencial multifamiliar 2. Caso 3 – Muro de divisa entre edificações.

6. 2 Caso 1 Edificação residencial multifamiliar 1

Este caso visa apresentar o trabalho de inspeção na edificação, listando os problemas patológicos identificados e as soluções a serem adotadas para sua recuperação.

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6.2. 1 Descrição da edificação

O prédio em análise localiza-se num terreno em aclive acentuado em região próxima à orla do Rio de Janeiro. O terreno tem frente para duas ruas, sendo a entrada de automóveis realizada pela rua que se localiza a 35,00 m em relação ao nível do mar.

Trata-se de edifício residencial multifamiliar afastado das di-visas, com idade aparente de cerca de 25 anos. O embasamento é formado pelo pavimento de acesso, três pavimentos de garagem e pavimento de uso comum, ocupando todo o terreno. A lâmina, afastada das divisas, tem nove pavimentos-tipo, sendo oito apartamentos por andar, totalizando 72 unidades habitacionais. Tem ainda pavimento de cobertura, onde se localizam as casas de máquinas dos elevadores e o barrilete.

6.2. 2 Histórico

• O prédio tem “habite-se” há aproximadamente 25 anos.

• Nenhuma inspeção predial ou manutenção foi realizada até a data da vistoria.

• Os moradores começaram a identificar uma série de problemas, tais como: fissuras, principalmente na área do telhado, pontos de carbonatação no teto das garagens, com armaduras expostas, vários pontos com pastilhas soltas, além de paredes com infiltrações, e acordaram iniciar a manutenção na edificação, contratando um parecer técnico de identificação e mapeamento dos problemas.

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6.2. 3 Vistoria

Efetuada a vistoria, foram constatados diversos problemas patológicos, listados a seguir.

A – Fachada

Na fachada principal, na altura do embasamento, verificam-se algumas pastilhas soltas, necessitando uma revisão geral.

Nas fachadas laterais da lâmina da edificação verificam-se algumas fissuras, principalmente na altura do 2º pavimento, na fachada esquerda. Observa-se nesse local que tal fissuração e algum desplacamento existem ao longo de toda a altura da fachada.

b – Cobertura e telhado

O telhado tem uma laje de cobrimento sobre alguns compartimentos, tais como casa de máquinas e barrilete. Nessas lajes foram verificadas fissuras na argamassa de proteção do sistema de impermeabilização, denotando a existência de pequenas falhas. Em algumas fissuras verifica-se a presença de musgo e vegetação, o que indica a presença de umidade. Tanto as falhas de impermeabilização como a argamassa de proteção devem ser corrigidas.

Os quatro prismas de ventilação existentes necessitam revisão e apresentam ferragem exposta e em processo avançado de corrosão.

Algumas pastilhas na região de acabamento junto à borda da cobertura encontram-se soltas. As demais necessitam de rejunte e revisão geral.

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Figura 6.1 – Esboço do pavimento de cobertura.

Foto 6.1 – Cobertura do telhado com fissuras e impermeabilização deficiente.

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Foto 6.2 – Cobertura do telhado apresentando regiões com fissuras no piso e deficiência do sistema de impermeabilização.

Foto 6.3 – revestimento de pastilhas mostrando a falta de algumas peças, necessitando reparos.

As casas de máquinas dos elevadores da edificação apresentam nos tetos alguns pontos já sob efeitos intensos da carbonatação. O

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cobrimento das armaduras da laje do teto está sendo fendilhado por variação volumétrica das barras afetadas em vários pontos.

Nas vigas sobre as paredes das casas de máquinas, em seu entorno, verificam-se diversos pontos de concreto carbonatado, acima das janelas, com fendilhamento do concreto de cobrimento da armadura.

Em todo o entorno do telhado observa-se o desprendimento de diversas pastilhas. Na parte frontal junto ao rufo tem-se uma armadura exposta, com variação volumétrica, ocasionando o fendilhamento da argamassa de revestimento e das pastilhas de acabamento.

No compartimento onde se localiza o barrilete e no que se encontram os exaustores, identificam-se problemas similares e de mesma monta, com carbonatação do concreto e exposição parcial de armaduras já comprometidas pela corrosão.

Foto 6.4 – teto da casa de máquinas com pontos de infiltração, armadura exposta e segregação dos materiais com formação de estalactites.

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Foto 6.5 – detalhe do rufo com armadura exposta, fendilhamento da argamassa de recobrimento e desprendimento das pastilhas.

Foto 6.6 – Acabamento no rufo com armadura exposta, fendilhamento da argamassa de recobrimento e desprendimento das pastilhas.

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Foto 6.7 – Laje de cobertura do prisma de ventilação exibindo armadura exposta e deteriorada.

C – Escadas internas

As escadas internas têm piso cimentado, paredes e teto pintados. Na vistoria foram identificadas fissuras verticais em dois pontos frontais entre o 9º pavimento e o telhado, e uma pequena fissura entre o 8º e o 9º pavimento, no restante da caixa de escada, do 8º pavimento para baixo não se verificam quaisquer outras fissuras. As quinas dos degraus estão protegidas por cantoneiras metálicas de abas iguais de ½”. Abaixo do primeiro andar não existe tal proteção.

Toda pintura necessita ser refeita tanto de piso, paredes e corrimões.

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Foto 6.8 – Fissura vertical existente na caixa da escada entre o 9º pavimento e o telhado.

d – Pavimentos-tipo

Foram vistoriadas as áreas comuns dos nove pavimentos-tipo, compostas pela circulação social, de serviço, quatro elevadores sociais, um de serviço, escada e três compartimentos de lixo.

O piso da circulação de serviço é revestido em pedra ardósia, paredes e tetos pintados. O piso da circulação social é revestido em cerâmica com tabeira de madeira, as paredes são revestidas em papel decorado e teto pintado.

Em cada pavimento-tipo existem três compartimentos de lixo, todos com piso revestido em ardósia, paredes azulejadas e teto pintado.

Durante a vistoria verificou-se que as portas, em sua maioria, necessitam revisão de pintura, principalmente as portas dos elevadores, que já apresentam pontos sem pintura e alguns apresentando oxidação.

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O papel de parede de revestimento das áreas sociais encontra-se com manchas antigas de cola, amarelado e soltando em alguns pontos. Não se trata de serviço emergencial, mas deve ser considerada uma substituição dos mesmos.

As paredes das áreas de circulação de serviço necessitam de pintura geral; a quina das paredes junto à escada, em praticamente todos os pavimentos, apresenta pontos desgastados, necessitando de reparos.

Foto 6.9 – Porta dos elevadores sociais com pontos oxidados necessitando pintura.

E – Pavimento de uso comum

O pavimento de uso comum ocupa todo o embasamento, ou seja, todo o terreno. Existe uma área coberta sob pilotis imediatamente abaixo da lâmina da edificação ocupada pelos pavimentos de uso comum, e existe uma área externa aberta em todo o entorno.

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A rampa de descida para as garagens é cimentada, e apresenta uma fissura no revestimento, oriunda da oxidação do eletroduto de alimentação da iluminação lateral, junto à divisa com o prédio vizinho. Na parte mais baixa da rampa de acesso identifica-se uma fissura no peitoril lateral.

Na área coberta do pavimento de uso comum existem: hall social, salão de festas, casa do porteiro, banheiros e vestiário dos funcionários, compartimento de lixo, dois PIs (compartimento para medidores de gás), dois PCs (compartimento para medidores de luz).

Na área externa há jardineiras em todo o entorno, com alguns bancos e mesinhas em concreto armado (área de lazer). Alguns bancos apresentam ferragem exposta em processo avançado de deterioração, necessitando de restauração.

Ao lado da rampa de descida para as garagens existem três prismas de ventilação e iluminação para as garagens inferiores. Os mesmos são vedados por gradis de ferro que se encontram muito oxidados, necessitando de reparos. As paredes no entorno desses prismas apresentam alguns pontos com fissuração superficial, necessitando de pintura geral.

As muretas das jardineiras que contornam os prismas de ventilação e iluminação encontram-se com armaduras em processo de corrosão e consequente fendilhamento da massa de rejunte, apresentando, dessa forma, fissuras que devem ser colmatadas e o acabamento restaurado.

quase todos os pilares localizados na área externa apresentam problemas de desprendimento de pastilhas na base; esse fato ocorre provavelmente pela oxidação das barras de aço do pilar, com consequente expansão e fendilhamento do material de recobrimento. Esse ponto precisa ser verificado durante a execução dos serviços.

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Figura 6.2 – Planta baixa do pavimento de uso comum.

Foto 6.10 – Prisma de ventilação e iluminação – fechamento com gradil de ferro, pontos de oxidação e fissuras.

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Foto 6.11 – Muretas no entorno do prisma...

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