Experiências nas escolas étnicas rurais no Sul de Santa Catarina no contexto do processo de nacionalização do ensino

AutorGiani Rabelo - Marli de Oliveira Costa
CargoProfessora no Programa de Pós-Graduação em Educação e do Curso de Pedagogia da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC) - Professora no Programa de Pós-Graduação em Educação e nos cursos de Pedagogia e História da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC)
Páginas160-176
DOI: http://dx.doi.org/10.5007/2175-7976.2013v20n29p160
EXPERIÊNCIAS NAS ESCOLAS ÉTNICAS RURAIS
NO SUL DE SANTA CATARINA NO CONTEXTO DO
PROCESSO DE NACIONALIZAÇÃO DO ENSINO
EXPERIENCES IN RURAL ETHNIC SCHOOLS IN THE
SOUTH OF SANTA CATARINA WITHIN THE CONTEXT OF
EDUCATION AND ITS NATIONALIZATION
Giani Rabelo*
Marli de Oliveira Costa**
Resumo: Abordaremos alguns aspectos da cultura escolar de duas escolas
instaladas por imigrantes europeus, no início do século XX, em localidades rurais
do Sul de Santa Catarina. Trata-se das escolas “Núcleo Hercílio Luz” e “Casemiro
Stachurski”, mantidas, inicialmente, por núcleos de imigrantes italianos e poloneses,
respectivamente. Nos anos de 1930 estes estabelecimentos foram assumidos pelo
poder público estadual e, mais tarde, nos anos de 1990, pelo poder municipal.
Ao mergulharmos nas histórias destas duas instituições escolares, buscamos,
principalmente, compreender as experiências vivenciadas pelos sujeitos - alunos e
alunas - no processo de nacionalização do ensino, a partir das práticas pedagógicas que
ali foram instituídas e articuladas. A pesquisa ocorreu a partir de fontes documentais
e fontes orais. Os documentos orais, produzidos a partir de entrevistas com antigos/
as alunos e alunas, foram construídos a partir da metodologia da história oral.
No princípio, as aulas aconteciam nas casas ou em locais cedidos pelos próprios
moradores. O quadro docente era formado por aqueles/as que dominavam a leitura e
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de nacionalização do ensino, principalmente no Estado Novo do Governo Vargas,
os docentes foram afastados e substituídos por outros que falavam e ensinavam em
língua portuguesa. Essas escolas abrigaram diferentes experiências, marcadas pelas
culturas dos distintos grupos de imigrantes, mas, além disso, reconstruíram culturas
dentro e fora do ambiente escolar.
Palavras-chave: Escola Rural. Escola Étnica. Nacionalização do Ensino.
* Professora no Programa de Pós-Graduação em Educação e do Curso de Pedagogia da
Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). E-mail: gra@unesc.net
** Professora no Programa de Pós-Graduação em Educação e nos cursos de Pedagogia e
História da Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC). E-mail: moc@unesc.net
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Revista Esboços, Florianópolis, v. 20, n. 29, p. 160-176, ago. 2013.
Abstract: It is the schools “Núcleo Hercílio Luz” and “Casimir Stachurski” maintained
initially by nuclei of Italian and Polish immigrants, respectively. In the 1930s these
institutions were made by state government and, later, in the 1990s, the municipal
government. When studying the histories of these two schools, we seek primarily to
understand the experiences of the subjects - male and female students - in the process
of nationalization of education, from teaching practices that have been established there
and articulated. The research occurred from documentary sources and oral sources.
The oral documents, produced from interviews with former students, were constructed
using the methodology of oral history. In principle, the classes took place in homes or
places assigned by the residents themselves. The teaching staff consisted of teachers,
ie those that dominated the reading and writing in the language of immigrants and
taught their sons and daughters. With the nationalization process of teaching, mainly in
the New State Government Vargas, teachers were dismissed and replaced by teachers
who spoke and taught in Portuguese. These schools harbored different experiences,
marked by the cultures of the different groups of immigrants, but also rebuilt cultures
within and outside the school environment.
Keywords: Rural School. Ethnic School. Nationalization of Education.
INTRODUÇÃO
Este artigo é resultado do trabalho efetuado pelo Grupo de Pesquisa em
História e Memória da Educação (Grupehme), vinculado à Universidade do
Extremo Sul Catarinense (Unesc) desde 2001. Dentre as atividades do grupo
de pesquisa destacam-se a construção de um banco de dados sobre o processo
de educação em Santa Catarina ao longo do século XX, e a publicação da Série
Cadernos da História da Educação em Criciúma, que registra a história das
escolas mais antigas da rede municipal de educação de Criciúma1, bem como
a implantação do Centro de Memória da Educação do Sul de Santa Catarina
– CEMESSC (virtual).2
Criciúma se apresenta como cidade referência no cenário sul-
catarinense. Isso se dá em virtude das relações econômicas e sociais que vêm
se desenvolvendo ao longo de sua história. A região onde, atualmente, está
circunscrita foi colonizada por imigrantes italianos, poloneses e alemães, a partir
de 1880. A partir desta época até a implantação do Estado Novo de Getúlio
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era garantida por uma organização comunitária, dando início as primeiras
experiências escolares. As próprias comunidades mantinham as escolas e
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os governos ou instituições dos países de origem subsidiavam estas iniciativas.
Estas duas modalidades de escolas comunitárias foram apontadas em alguns
registros. Mário Belolli, memorialista criciumense, escreveu em um artigo
para o jornal Tribuna Criciumense, em abril de 1972, que os moradores de

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