Envelhecimento funcional e seus impactos socioeconômicos

AutorAlexandra Renosto; Paulo Alberto Klafke; Patrícia Biz; Tânia de Castro Klafke
Páginas9-17

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1 Introdução

O interesse em estudar1234 o envelhecimento funcional deve-se às profundas modificações que estão ocorrendo no perfil demográfico da população em geral. Estas modificações têm reflexos nas áreas sociológica e econômica, poisPage 10 não apenas altera-se o perfil etnográfico da população, como se instala um novo tipo de produção e consumo. Estes impactos nas questões econômicas são sobremaneira importantes, pois representam, muitas vezes, uma necessidade de reavaliação do sistema previdenciário vigente.

O declínio da fecundidade constitui a principal causa do envelhecimento populacional, sendo que o aumento da longevidade é fator contribuinte para o mesmo. O processo de envelhecimento iniciou-se no final do século XIX, em alguns países da Europa Ocidental, espalhou-se pelo resto do Primeiro Mundo no século passado, e estendeu-se nas últimas décadas por vários países do Terceiro Mundo, inclusive o Brasil (CARVALHO e GARCIA, 2003).

Nos países desenvolvidos, esse processo ocorreu lentamente diante de uma situação de evolução econômica caracterizada pelo crescimento do nível de bem-estar e redução das desigualdades sociais.

No Brasil esta transição demográfica iniciou-se no final dos anos 60, constituindo um dos mais importantes e agudos processos de envelhecimento populacional entre os países mais populosos. O contexto de importantes desigualdades sociais, precariedade das condições de trabalho e qualidade de vida exerce influência neste de envelhecimento mantendo conseqüentemente as pessoas trabalhando até uma idade mais avançada (GIATTI e BARRETO, 2003).

O objetivo do presente artigo é realizar uma reflexão a respeito do processo de envelhecimento funcional da população brasileira e seus impactos sobre os diversos participantes do sistema produtivo, principalmente os gestores de organizações.

2 Aspectos demográficos da população brasileira

O declínio sustentado de fecundidade é condição necessária para iniciar-se o processo de envelhecimento de uma população. Este rápido e generalizado declínio no Brasil pode ser evidenciado pela queda da taxa de fecundidade total que passa de 5,8 em 1970, para 2,3 filhos por mulher em 2000. Conseqüentemente, inicia-se um processo contínuo de estreitamento da base da pirâmide etária e decorrente envelhecimento da população (CARVALHO e GARCIA, 2003). Em relação à queda da fecundidade, Parahyba e Simões (2006), lembram que, tendo por base as informações das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílio, realizadas no início de Sec. XXI, já se podia afirmar que a taxa de fecundidade total das mulheres encontrava-se em valores próximos aos níveis de reposição. Isto significa patamares de aproximadamente 2,1 filhos por mulher.

Além disso, o aumento da expectativa de vida constitui um fator que contribui para o envelhecimento da população em geral. Nas últimas décadas, a expectativa de vida no Brasil praticamente dobrou com índices de 33,7 em 1900,Page 11 43,2 em 1950 e 68,6 em 2000. A substituição das doenças transmissíveis por doenças crônico-degenerativas é considerada causa do aumento da longevidade (VERAS, 1991; 1994).

Até a década de 60 a população brasileira apresentou-se como quase estável, com distribuição etária praticamente constante. Era uma população extremamente jovem com aproximadamente 52% abaixo dos 20 anos, e menos de 3% acima dos 65 anos (CARVALHO e GARCIA, 2003). Segundo dados do IBGE, na década de 1970, cerca de 4,95 % da população brasileira era de idosos. Este percentual passou para 8,47% na década de 1990, havendo a expectativa de alcançar 9,2% em 2010 (SISIQUEIRA, BOTELHO e COELHO; 2002)

O segmento da população que mais cresceu no período entre 1980 e 1990 foi o de 25 a 49 anos, e entre 2000 e 2020 será o segmento correspondente às pessoas acima dos 50 anos de idade, confirmando a tendência do envelhecimento da população ativa (GIATTI e BARRETO, 2003). De acordo com Parahyba e Simões (2006), se forem mantidas as atuais tendências, é de se esperar, até o ano de 2050, um acréscimo de 44 milhões no grupo de pessoas na faixa etária de 15 a 60 anos. Na mesma data, a estimativa indica, para a faixa etária acima de 60 anos, um total de 64 milhões.

De acordo com KLAFKE e KLAFKE (2008), esta mudança verificada de aumento de idade da faixa etária prevalecente da população é resultado direto do trabalho de vários profissionais, tanto da saúde, como de setores diversos, como a administração e a gestão pública. Mas os pontos mais influentes foram a redução da fecundidade, da mortalidade infantil e a redução da taxa...

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