Entrevista com o ministro Rafael Mayer
Autor | Fernando de Castro Fontainha/Rafael Mafei Rabelo Queiroz/Leonardo Seiichi Sasada Sato |
Páginas | 24-79 |
Entrevista
com o ministro Rafael Mayer
PROJETO > História Oral do Supremo
ENTREVISTADO > Luiz Rafael Mayer
LOCAL > Recife, PE (residência do Ministro)
ENTREVISTADORES > Fernando Fontainha, Rafael Mafei,
Leonardo Sato
DEMAIS PRESENTES > Ítalo Vianna (áudio e vídeo), Leidi
Mayer (esposa) e Rafaela Mayer (filha)
TRANSCRIÇÃO > Lia Carneiro da Cunha
DATA DA TRANSCRIÇÃO > 08 de novembro de 2012
CONFERÊNCIA FIDELIDADE > Barbara Pommê Gama
DATA DA CONFERÊNCIA > 03/09/2013
DATA DA ENTREVISTA > 01/10/2012
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25RAFAEL MAYER
Apresentação e origens familiares
Ministro, gostaria de começar
nossa entrevista com o senhor nos dizendo seu nome completo, a
data e local de seu nascimento e o nome dos seus pais.
Meu nome completo é Luiz –
com z – Luiz Rafael Mayer. Nasci na cidade de Monteiro, na Pa-
raíba, nos chamados Cariris Velho, na serra da Borborema, mais
ligada ao estado de Pernambuco, que é como se fosse um enclave,
do que propriamente à Paraíba. Vim logo cedo, eu me desloquei
para estudar em Recife, como fazia o pessoal de lá da minha ci-
dade, vindo para cá. Essa é a minha origem familiar e geográfica.
Seus pais, ministro, qual era o nome do
seu pai, da sua mãe?
O nome de meu pai era Marcolino Mayer de Freitas e
de minha mãe era Lydia Rafael Mayer, que tem até a fotografia
dela ali [ministro aponta para a foto de sua mãe na estante da
sua sala de visitas], bem bonitona.
Qual era o trabalho do seu pai, a ocupação do seu pai?
Meu pai, meu pai era comerciante. Comerciante e agri-
cultor, porque lá no interior, naquela região, não há muita dis-
tinção de atividades.
Ministro, quando o senhor diz que não há muita distin-
ção de atividades, só para ficar muito claro e registrado, exata-
mente, como o senhor descreveria o trabalho de seu pai?
Ele era comerciante. Ele fazia comércio urbano; e ao
mesmo tempo era agricultor, porque ele plantava na roça.
Então, ele comerciava os frutos do que ele plantava.
É. Exatamente.
E a sua mãe, ministro?
26 História Oral dO supremO VOLUME 1
Minha mãe era de origem, mesmo, de Monteiro, da cida-
de de Monteiro, e o pai dele era um abastado comerciante, um
capitalista, ganhador de dinheiro, lá em Monteiro.
O ramo dele era?
Ele era... era comerciante também. Para dizer mais a ver-
dade, era como que um agiota, ele emprestava e entesourava.
O senhor tinha outros parentes em Monteiro, além do seu
pai e da sua mãe, da família da sua mãe? O seu núcleo familiar
estava em Monteiro?
Sim [concorda com a cabeça]. Tudo ali em volta. Era um
conglomerado de parentes, de... O núcleo da minha família era
muito amplo.
Como é que o senhor descreveria o contexto familiar
dentro do qual o senhor viveu sua infância? Com quem mais o
senhor interagia? O senhor tinha irmãos, tios mais próximos?
Sim. Irmãos, tios mais próximos. Tinha tios, sobretu-
do tios, que eram sempre voltados para a agricultura. Eram os
meus tios. Tio Alfredo, tio Tobias... E tinha um que era até meio
filósofo, que a gente chamava tio Bonavie. Porque Bonavie era
nome... O meu avô... ou meu bisavô paterno era... era um judeu
da Alsácia Lorena, na França, que veio para o Brasil e no Bra-
sil ele ficou; se encantou pela minha avó e ficou, ficou aqui, não
voltou mais para a França.
Ministro, o senhor tem irmãos? Quantos são?
Sim, tenho. Tenho vários irmãos. Tenho sete irmãos. Al-
guns, ainda vivos. Sete irmãos eu tive.
Imagino que alguns sobrinhos.
E sobrinhos também. Que, às vezes, aparecem aqui, (ri-
sos) meus sobrinhos.
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