Entrevista com o ministro Moreira Alves

AutorFernando de Castro Fontainha/Christiane Jalles de Paula/Fábio Ferraz de Almeida
Páginas26-116
26 HISTÓRIA ORAL DO SUPREMO [VOLUME 13]
Apresentação; origem familiar
[FERNANDO FOINTAINHA > FF] — Ministro, eu gostaria de co-
meçar nossa entrevista pedindo para o senhor nos dizer o seu
nome completo, a data e o local do seu nascimento e o nome dos
seus pais.
[MOREIRA ALVES > MA] — Pois não. Meu nome completo é José
Carlos Moreira Alves. Eu nasci em Taubaté, em 19 de abril de
1933. E meus pais..., o nome dele era Luiz de Oliveira Alves, e
minha mãe, Maria Ismênia Moreira Alves.
[FF] — Ministro, o senhor tem parentesco com o ex-presidente
Rodrigues Alves?
[MA] — Eu sou sobrinho-bisneto dele.
[FF] — Então, ministro, o senhor poderia nos falar um pouco
como foi a sua primeira infância... Quem eram as guras com
quem o senhor mais interagiu, como era a sua casa?
[MA] — Eu até...
[NELSON JOBIM > NJ ] — [...] Atividade dos pais.
[MA] — No início da minha vida, morei em Taubaté. Meu pai
era do Banco do Brasil e lotado na cidade de Taubaté. Mas
ainda bastante criança, por volta de uns quatro ou cinco anos,
nos mudamos para Santos. Posteriormente, mudamos para o
Rio de Janeiro, voltamos para São Paulo. Por volta de 1940,
camos no Rio de Janeiro. Por isso minha formação toda foi
no Rio de Janeiro, uma vez que, até 1968, eu morava no Rio de
Janeiro. Em 68, quando ganhei uma cátedra de direito civil, da
Universidade de São Paulo, me transferi para lá, onde passei
muito pouco tempo. Passei, aproximadamente, quatro anos,
posteriormente, fui nomeado procurador-geral da República
e, em seguida, ministro do Supremo Tribunal Federal.
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MOREIRA ALVES
[CHRISTIANE JALLES > CJ] — Seu pai também seguiu carreira
jurídica?
[MA] — Não. Meu pai era bancário. Minha mãe era formada
professora. De modo que, na família, parente próximo, eu não
tenho nenhum que tenha sido da área do direito. Talvez dos
mais próximos seja, hoje, já falecido há tempos, o professor
Carvalho Pinto; e, consequentemente, primo meu.
[FF] — O professor Carvalho Pinto tinha cátedra onde?
[MA] — Ele era professor na Faculdade... se não me engano, na
Faculdade, na Pontifícia Universidade Católica.
[FF] — Do Rio de Janeiro.
[MA] — De São Paulo.
A escolha pelo Direito; os colegas de classe no colégio;
os contemporâneos na Faculdade Nacional de Direito; a
futura esposa
[FF] — Ministro, o senhor saberia nos dizer quando foi que o
senhor decidiu fazer direito? Como é que o senhor vai parar
na FND?
[MA] — Pois não. A grande parte do meu curso primário, secun-
dário e... Eu z cientíco ao invés de fazer clássico, porque a
minha vocação inicial, pelo menos o que eu pretendia como
vocação, seria tornar-me médico. Por isso é que z o cientíco,
não o clássico. Mas no terceiro ano cientíco, cheguei à con-
clusão de que tenho horror a sangue. [risos] De modo que com
isso, evidentemente, desisti de fazer vestibular para faculdade
de medicina. E me lembro de um ex-colega, que ainda hoje está
vivo e que foi catedrático de cirurgia geral, no Rio de Janeiro,
na Universidade Federal, que há temposdizia, para mim, que a
gente se acostuma a tudo. De modo que, também, iria me acos-
28 HISTÓRIA ORAL DO SUPREMO [VOLUME 13]
tumar a isso, e não sei por que não teria seguido a carreira. E
eu respondi a ele: eu não segui a carreira por uma razão. Não ia
passar vinte anos sofrendo para depois me acostumar. [risos]
[CJ] — O senhor estudou no Instituto Lafayette?
[MA] — Estudei no Instituto Lafayette.
[CJ] — Que era uma escola bastante importante no Rio de Janei-
ro, nesse momento.
[MA] — É. Era um bom colégio, no Rio de Janeiro.
[CJ] — Quem eram seus colegas de classe? Alguns nomes.
[MA] — Meus colegas de classe, como eu disse, esse que foi pro-
fessor de cirurgia geral, Orlando Marques Vieira. E outros co-
legas... Agora nenhum deles, que eu saiba, teve maior projeção
na vida pública. Tive colegas como Hélio Viana, como...
[CJ] — [...] O Hélio Viana, historiador?
[MA] — Não, absolutamente, ligação nenhuma. Tive colegas
como... Faz tanto tempo, que a gente vai se esquecendo. [risos]
[CJ] — Nós temos... Encontramos numa fonte...
[MA] — Pois não.
[CJ] — [...] uma informação de que o senhor teria sido, nesse mo-
mento, colega do ministro Gallotti e do Célio Borja.
[MA] — Não. Do ministro Gallotti e do Célio Borja, nós fomos
contemporâneos da faculdade de direito.
[CJ] — Ah! Não no Lafayette.
[MA] — Não no Lafayette. Embora o Gallotti tenha estudado no
Lafayette também. Nós fomos contemporâneos. O Gallotti es-
tava dois anos na minha frente.
[CJ] — Ah! Que ótimo.

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