Editorial Dossiê
| Autor | Francisco Canella - Carmen Susana Tornquist |
| Cargo | Universidade do Estado de Santa Catarina |
| Páginas | 140-142 |
140
Editorial
Dossiê Ocupações urbanas - Parte II
O segundo número do dossiê sobre ocupações urbanas procura dar sequ-
ência ao esforço já realizado no primeiro número de contemplar a diversidade
regional e de perspectivas de análise sobre o tema. O propósito assumido é
que enfrentar a complexidade do fenômeno passa por considerar a diversidade
de experiências sociais, tornando possível respostas articuladas e uma ree-
xão que elucide os dilemas de nossa sociedade. Assim, se o foco dessa segun-
da coletânea é o das ocupações organizadas- vistas como formas de resistência
a expansão do capital imobiliário e dos processos de produção da segregação
espacial nas cidades brasileiras, também incluímos a reexão acerca de con-
itos que – não obstante envolverem a dimensão fundiária – envolvem tam-
bém aspectos culturais. Não é possível ignorar, mais, a presença de popula-
ções indígenas nas cidades do país: em 2000, mais da metade dos municípios
brasileiros tinha indígenas habitando suas áreas urbanas. Tal número em 2010
atingia a cifra de 72,4%, em uma média nacional que está longe de ser peque-
na. Manaus, Rio de Janeiro, Foz do Iguaçu, Dourados, São Paulo, Chapecó,
Boa Vista, Recife são alguns dentre tantos centros que têm recebido- indíge-
nas de diferentes etnias, que migram (temporária ou denitivamente) para aí
buscarem melhores condições de sobrevivência,em um contexto em que para-
lisaram-se as demarcações de territórios indígenas e os conitos fundiários se
acirram. Nestes espaços, enfrentam entre outros problemas que compartilham
com a classe trabalhadora, a incompreensão linguística e o preconceito étnico.
Neste sentido, abrimos esta seção com o artigo sobre um povo indígena que
vive em Tocantínea versa sobre os fenômenos de contato por meio de uma
etnograa da Comunicação. O autor realizou um diagnóstico dos conitos
relacionados à distribuição dos papéis ou funções sociais da língua xerente e
portuguesa, dos fenômenos oriundos do contato linguístico, tendo por foco os
akwén-xerente que vivem no Tocantins).
O artigo de Denise Nunes De Sordi e Sérgio Paulo Morais analisa as ocu-
pações em Uberlândia no período entre 2000 e 2012. Partindo das trajetórias
dos seus moradores, os autores têm como objetivo compreender os processos
que envolvem estas ocupações: identicação das suas causas articula-se com
a forma como os moradores atribuem signicado ao processo por eles viven-
ciado. O artigo trabalha com fontes orais (as falas dos trabalhadores) e docu-
mentais (matérias de jornais e vídeos documentários, produzidos por apoia-
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