Economia feminista: um enquadramento teórico-metodológico voltado para a sustentabilidade da vida e a reprodução social

AutorBrena Paula Magno Fernandez
CargoProfessora Associada II do Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal de Santa Catarina
Páginas1-6
Textos de Economia, Florianópolis, v. 23, n. 1, p. 1-6, jan./jul., 2020. Universidade Federal de Santa Catarina.
ISSN 2175-8085. .
EDITORIAL
Economia Feminista: um enquadramento teórico-metodológico voltado
para a sustentabilidade da vida e a reprodução social
Brena Paula Magno Fernandez
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O objetivo geral dos estudos levados a cabo pelo programa de pesquisa da
Economia Feminista é obter uma compreensão mais profunda acerca da economia como
um todo. Neste sentido, pode-se considerar que a crítica feminista à economia possua uma
natureza dual. Por um lado, é uma crítica ao próprio sistema econômico, à economia na
qual estamos inseridos. De fato, segundo esse olhar, o sistema capitalista conjuga uma
ampla gama de questões e preconceitos correlacionados sendo, além de sexista, também
patriarcal, colonialista, racista e depredador da natureza (MIES, SCHIVA, 1993). Por outro
lado, a crítica feminista dirige-se também às teorias econômicas que o explicam e que, de
certa forma, ao espelhá-lo, acabam contribuindo para reforçar os seus vieses.
No plano teórico-metodológico, os autores alinhados à perspectiva feminista
apontam que a economia tradicional restringe-se à investigação dos problemas que estão
circunscritos ao mercado, à produção para o mercado, ao trabalho que é desempenhado
no mercado e/ou à maneira como os agentes econômicos supostamente se comportam no
mercado. No entanto, não leva em conta tudo o que está sustentando esse mercado, seja
a economia do cuidado, a enorme quantidade de trabalho não remunerado que é realizado
no interior das residências e que serve para reproduzir a vida, seja a natureza, os recursos
naturais, considerados inesgotáveis, podendo ser indefinida e predatoriamente explorados.
Existem portanto duas fontes de tensão a tensão social e a ambiental não
resolvidas pelas teorias econômicas tradicionais, que interessam à perspectiva feminista
investigar no plano teórico e resolver no âmbito político, quer por intermédio de ações
cirúrgicas, de curto prazo, quer por meio de mudanças e transformações estruturais, de
médio e longo prazos. Esquematicamente, podemos representar essa visão alternativa de
enquadramento teórico-conceitual com a figura apresentada abaixo, que exprime aquilo
que seria uma compreensão da “economia como um todo”, à qual fizemos alusão no início.
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Professora Associada II do Departamento de Economia e Relações Internacionais da Universidade Federal
de Santa Catarina. Email de contato: brena.fernandez@ufsc.br.

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